Clima esquentou nas arquibancadas do Maracanã durante clássico; veja bastidores
O dirigente do Vasco da Gama, Alexandre Pássaro, chamou a atenção com suas reações durante o jogo contra o Flamengo, no Maracanã.
O primeiro clássico da nova gestão vascaína terminou como nos tempos de Alexandre Campello. A festa foi do Flamengo do presidente Rodolfo Landim e dos seus numerosos pares nas arquibancadas quase vazias do Maracanã, com vitória tranquila sobre o Vasco do presidente Jorge Salgado.
Em recuperação de Covid-19, o mandatário vascaíno não foi ao estádio na derrota para o Flamengo, nessa noite de quinta-feira – gols de Gabigol, de pênalti, e Bruno Henrique, em bonita cabeçada. Ele foi representado por seus dois vice-presidentes diretos no comando do clube, Carlos Osório e Roberto Duque Estrada.
O clima ameno da cartolagem – Osório foi colega de missão no Comitê Olímpico Brasileiro de Rodrigo Tostes, vice de finanças do Flamengo, e Salgado foi vizinho de escritório no Leblon de antiga empresa de consultoria de Landim – se dissipou quando a bola rolou, com cobranças ao árbitro e muitas reclamações em meio a um duelo desigual em campo.
A vitória deixou o Rubro-Negro na luta por mais um Brasileiro – a dois pontos do Internacional – e afundou o Vasco na inglória batalha contra o rebaixamento. O tabu atual, que já é o segundo maior da história do clássico (17 jogos de invencibilidade rubro-negra), se aproxima do recorde do Expresso da Vitória vascaíno nos anos 1940/1950 – de 20 partidas de invencibilidade.
CBF aumenta cota de dirigentes
Na escalada final para o título, o Flamengo foi reforçado para as arquibancadas, como tem sido hábito desde o afrouxamento da CBF nas diretrizes de retorno das competições – se antes as delegações seriam de até 42 pessoas, agora cada clube pode levar 50 pessoas.
De três dirigentes, agora são permitidos 11 no estádio – no clássico, um dos filhos de Landim, que não tem cargo no clube, entrou nessa cota do Rubro-Negro. Ficou ao lado de vice-presidentes como Rodrigo Dunshee, Gustavo Oliveira, Marcos Braz, e diretores Bruno Spindel, Cacau Cotta, o supervisor Gabriel Skinner, além de membros do chamado “conselhinho” do futebol.
O aumento da cota de dirigentes se deu após solicitação dos clubes.
Entre os vascaínos, além de Osório e Duque Estrada – que viviam o primeiro jogo no Maracanã (tiraram fotos à beira do campo e ficaram no banco de reservas antes da bola rolar) -, estavam José Luis Moreira, vice de futebol nos últimos dias em seu cargo, Luis Mello, novo diretor geral do clube, entre outros membros do departamento. Incluindo o capitão Leandro Castan, suspenso.
Novato no clássico carioca, o ex-diretor executivo do São Paulo Alexandre Pássaro era o mais exaltado na primeira etapa. Reclamou bastante das marcações de Raphael Claus e de seus auxiliares. Pediu faltas, cartões e “revisou” lances no celular antes de reclamar e ironizar:
– Está cego, c….?! Não tem VAR nessa p… não? Não tem falta, Claus? A gente está vendo daqui – berrou ao bandeira, verificando as imagens da partida em tempo real.
Do lado rubro-negro, com domínio no primeiro tempo, Landim se levantou pouco antes de comemorar o primeiro gol do Flamengo – no pênalti, pediu segundo amarelo para Léo Matos, que seria expulso. Fora este momento, os dirigentes e também os jogadores que ali assistiram à partida – casos de Diego Alves e Rodrigo Caio – só aplaudiram as ações do time e tentaram controlar Gabigol.
Marcos Braz quase pulou da primeira fileira ao ver Gabriel Barbosa se posicionar em frente à barreira antes de boa defesa de Hugo Souza. “Sai daí, Gabriel”, gritou repetidamente. O atacante está pendurado com dois cartões amarelos e saiu de campo ainda nesta condição.
A única reclamação mais acintosa foi de Diego, em disputa de bola de cabeça com Benítez, no qual o vascaíno levou a pior e ficou no chão. Com terceiro amarelo, está suspenso contra o Bragantino.
Foi cabeça com cabeça, Claus. Foi cabeça com cabeça. Eu fui disputar a bola. Olha depois! Eu estou com dois cartões amarelos. Olha depois a injustiça que você fez. Ridículo!
— Diego, meia do Flamengo
Gabigol não curtiu. Nem Luxa
Depois do jogo, o técnico do Flamengo, Rogério Ceni, foi questionado sobre a reação de Gabigol, mais uma vez substituído. O atacante chutou copo d”água, não olhou para Ceni e esbravejou acintosamente, novamente. Diego se meteu na frente, aplaudindo o jogador, mas Ceni disse, ao ver a reação do atacante:
– É criancice, é criancice – comentou o treinador, sem olhar para o camisa 9.
Gabigol gesticulou e questionou mais uma saída de campo antes do fim do jogo, mas se aquietou. No fim da partida, desceu ao vestiário antes dos companheiros, enquanto Ceni cumprimentava todos.
– Nenhum jogador gosta de ser substituído. Eu vejo por outro lado. Esses dias me perguntaram o número de gols que o Flamengo perdeu, eu vi o número de chances que o Flamengo teve. Sem problema nenhum, conheço bem o jeito do Gabriel, não há problema – apaziguou Ceni.
No lado perdedor, Vanderlei Luxemburgo parece cada dia com menos paciência para Talles Magno. O atacante, que perdeu a vaga no clássico para Gabriel Pec, entrou durante o segundo tempo e tentou, sem sucesso, jogadas pela esquerda. Num dos lances, Luxa não quis nem saber:
– Foi falta, p…. nenhuma. Toca a p…. da bola! – gritou o treinador vascaíno, que antes já reclamara também com o ex-goleiro Carlos Germano, hoje preparador, no gol de Bruno Henrique:
– Essa bola é dele, c….!
Fonte: Globo Esporte