Atlético-MG ou Vasco? Éder Luís revela torcida na Copa do Brasil
O ex-atacante Éder Luís comentou sua passagem pelo Atlético-MG e afirmou que é mais ídolo no Vasco da Gama.
Quatro anos depois de se aposentar, Eder Luis leva uma vida pacata no interior de Minas Gerais, estado onde começou a jogar futebol profissionalmente e ganhou projeção nacional com a camisa do Atlético-MG. Mas foi no Rio de Janeiro onde o ex-atacante foi mais feliz na carreira, ao conquistar a Copa do Brasil com o Vasco em 2011, título mais importante do clube no século 21.
Nesta quarta-feira, às 19h15, os dois ex-times de Eder Luis começam a disputar vaga na final da Copa do Brasil de 2024. O primeiro jogo da semifinal será na Arena MRV. Apesar de se identificar tanto com o Galo quanto com o Vasco, o coração pesa mais para um lado.
– Por ter jogado sete anos no Vasco, o Atlético que me perdoe, hoje minha torcida é mais para o Vasco. Não diminui meu carinho pelo Atlético. Mas, se pesar, o Atlético teve muitos ídolos depois que eu saí. No Vasco não, eu marquei com um título que a torcida tanto esperava. Acredito que sou mais ídolo no Vasco, então minha torcida é para eles – disse Eder, em papo com o ge.
Eder Luis vingou no Atlético-MG com o título da Série B de 2006, foi campeão brasileiro com o São Paulo em 2008, autor de um dos gols do Vasco na final da Copa do Brasil de 2011, além de conquistar Taça da Liga e Campeonato Português pelo Benfica.
Ao parar de jogar futebol em 2020, quando atuou pelo Uberlândia no Campeonato Mineiro, o ex-atacante voltou para as origens e é agricultor na cidade do Triângulo Mineiro. Ele divide os dias entre a cidade e a roça, onde trabalha com plantação de soja. Apesar de gostar do sossego, Eder Luis sente falta de momentos como o que os jogadores de Atlético-MG e Vasco vão vivenciar nesta noite.
– Independentemente da pressão que tem, é uma profissão privilegiada. Eu sinto falta. Está aí o Vasco, vivendo esse ano com uma pressão danada, quem não queria estar agora participando dessa semifinal? Tenho certeza que os jogadores não veem a hora de estar em campo jogando.
Início marcante em BH
Eder começou a jogar futebol na base do Comercial-SP aos 14 anos. Foi captado pelo Galo depois de se destacar em um clássico local, contra o Botafogo de Ribeirão Preto. Os olheiros do clube mineiro estavam atrás do goleiro Diego Alves, mas levaram também o atacante que marcou dois gols no jogo.
A estreia no profissional aconteceu em 2005. No ano seguinte, Eder Luis foi integrado de vez ao elenco e se destacou na conquista da Série B, momento que o torcedor atleticano pode não gostar de reviver, mas que foi fundamental para a carreira do jogador decolar.
– O Atlético-MG abriu as portas para mim, foi onde eu tive a oportunidade de desenvolver meu sonho. Dou graças ao Atlético por estar onde estou. Não tem como não falar da Série B de 2006, é algo pequeno para a história do Galo, mas eu e muitos jogadores que subiram ali pegamos um clube num momento financeiro muito difícil. Ninguém esperava estar naquela Série B, mas o Atlético apostou na gente e conseguimos não só subir, mas ser campeões com autoridade. Para olharmos para o Atlético hoje, a gente tem que lembrar lá atrás. Mas não começamos bem – recordou ele.
– Teve uma parada para a Copa do Mundo, e nós não tivemos férias. O time estava muito mal, o Levir Culpi chegou, e nossa equipe trabalhou muito. A gente treinou muito em Atibaia, foram dias intensos e a partir dali a gente entrou no campeonato. Começamos a ganhar, ganhar, ganhar. Foi um momento decisivo para a gente chegar ao título – completou.
Em 157 jogos com a camisa do Atlético-MG, Eder marcou 42 gols. A temporada mais artilheira foi em 2009, com 21 gols em 56 partidas no ano em que o clube brigou pelo título em boa parte do Brasileirão. O jogador deixou Belo Horizonte no ano seguinte para o Benfica e, em seguida, retornou ao Brasil para defender o Vasco.
Protagonismo no Rio de Janeiro
Depois de uma passagem curta por Portugal, Eder Luis foi emprestado ao Vasco. O destaque no Rio fez o clube carioca comprá-lo do Benfica. Foram sete temporadas defendendo a camisa vascaína, com 29 gols em 207 jogos.
– Por ser protagonista, no Vasco foi totalmente diferente. Também estava mais maduro, um jogador diferente. Foi um momento muito bom, o Vasco não chegava há um longo período em campeonatos de peso, foi um feito bom, e até hoje vejo os vascaínos muito gratos. Agora nessa decisão fica essa lembrança do que fizemos – destacou Eder, que acrescentou:
– Foi um ano em que a gente não começou muito bem, muitos problemas financeiros, o time não engrenava. O momento decisivo foi quando chegou o Ricardo Gomes, um treinador que era para aquele momento. O time estava mal, e ele só falou: “Calma que as coisas vão se ajeitar”. Treinamos na semana e ganhamos do Comercial-MS por 6 a 1. Aí o time parece que ficou tranquilo. Outro momento foi na final. Fomos para o vestiário perdendo por 2 a 1, com a torcida inflamada com o segundo gol do Coritiba, e ele falou a mesma coisa: “Calma que as coisas vão se ajeitar, a gente sabe o que precisa ser feito”. Não falou mais nada, e a gente retomou o controle do jogo. Ele trazia muita calma.
Lembrado com carinho pelos vascaínos, Eder Luis retribui o reconhecimento com a torcida pelo Vasco. Ele tem acompanhado a campanha do time na temporada e vê semelhanças com o caminho que traçou em 2011. A diferença em 2024, na visão dele, é que o clube está mais organizado.
– Todo mundo vai falar que o Atlético é favorito, se for pensar nas contratações, é um clube mais estabilizado. O Vasco melhorou com o Pedrinho, é uma pessoa muito séria, coerente com o que tem que ser feito, conhece bem o futebol, não está ali só por ser ídolo. Torço para que ele ganhe esse campeonato para que as coisas fluam mais facilmente. E o Vasco tem me surpreendido porque tem valorizado até as derrotas, é um time que não entrega fácil, luta muito, ganhar do Vasco é muito difícil. Por isso não acho que o favoritismo do Atlético é tanto – afirmou Eder.
– O segundo jogo é em casa, então se o Atlético não tiver uma vantagem grande a volta vai ser bonita de ver. São Januário é um caldeirão e, nesses momentos decisivos, favorece demais. Tivemos momentos difíceis na Copa do Brasil de 2011, como eu vejo o Vasco de hoje. As mesmas dificuldades que a gente tinha lá atrás, o Vasco tem hoje, da forma como está classificando – concluiu o ex-atacante.
Fonte: Globo Esporte