Saiba como vai funcionar a parceria entre Vasco e Mercado Bitcoin

Conheça mais detalhes da parceria fechada entre o Vasco da Gama e a e a MBDA, empresa que atua do Mercado Bitcoin.

Vasco acerta parceria com a empresa Mercado Bitcoin
Vasco acerta parceria com a empresa Mercado Bitcoin (Foto: Reprodução)

Apaixonados por criptomoedas e por futebol, preparem o bolso: a partir do mês que vem, será possível investir em direitos econômicos de jogadores de futebol por meio de um token, como são chamados os criptoativos que representam frações digitais de ativos reais.

A iniciativa é do Club de Regatas Vasco da Gama e da exchange Mercado Bitcoin em seu braço de criptoativos, o Mercado Bitcoin Digital Assets (MBDA), e foi anunciada nesta quinta-feira (5) à noite.

“Hoje é um dia muito feliz para todos os vascaínos, porque estamos mais uma vez na vanguarda e inovando para trazer recursos para o Vasco da Gama”, comentou há pouco o presidente do clube, Alexandre Campello, em uma “live”. O nome do token deverá ser escolhido pela torcida em uma enquete nas redes sociais, e a data do lançamento ainda será definida, mas deve ser ainda neste ano, segundo clube e empresa.

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O novo criptoativo vai representar recebíveis futuros do Vasco da Gama referentes ao mecanismo de solidariedade da Fifa, que remunera os clubes pela formação dos atletas com um percentual sobre os valores das transações – compras ou empréstimos – ao longo de suas carreiras.

Esse percentual varia de 0,25% a 5%, a depender do tempo que o jogador passou na base do clube (0,5% a cada ano entre o 12º e o 15º aniversário do atleta, depois 0,5% a cada ano entre o 16º e o 23º aniversário).

Foram tokenizados os direitos econômicos que o cruz-maltino tem sobre 12 atletas formados nas suas categorias de base. A lista contempla jovens e nomes consagrados que, em sua maioria, já trilham caminho na Europa. Os destaques são o meia Philippe Coutinho, titular da seleção brasileira e do Barcelona, e o atacante Marrony, do Atlético Mineiro.

Veja a lista de jogadores:

Cada token corresponderá a uma fração (digital) de 1 por 500 mil (1/500.000) dos direitos econômicos dos jogadores. No total, serão 500 mil tokens emitidos na blockchain da Ethereum e vendidos a R$ 100 cada um, totalizando R$ 50 milhões – a conta é baseada no valor dos passes desses atletas, nas proporções de direitos que o clube tem sobre eles e na cotação atual do euro.

A projeção de valor dos passes é baseada em estimativas do site Transfermarket, referência no mercado da bola para saber quanto vale ou poderá vir a valer cada jogador, considerando a idade e as transferências que ele já fez.

A ideia é que o clube receba adiantado parte desse valor e, em troca, ceda os direitos aos compradores, que passariam a ser remunerados a cada vez que ocorrer uma transação envolvendo um ou mais desses jogadores.

A estrutura da empreitada vascaína no mundo das criptomoedas inclui alguns detalhes pensados para tornar a emissão mais atrativa. Houve pareceres de advogados especialistas em esporte e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que, segundo a exchange, manifestou entendimento de que esse token não seria um valor mobiliário – caso contrário, só poderia ser emitido em bolsa de valores.

O próprio Mercado Bitcoin Digital Assets pré-adquiriu 20% dos tokens pelo valor de R$ 10 milhões, que já adiantou ao clube. A empresa receberá ainda 5% dos tokens pela operacionalização da estrutura, emissão e monitoramento, e terá de manter sempre uma participação mínima de 2,5%. E a marca da exchange vai estampar a camisa do time em alguns jogos do Campeonato Brasileiro.

Já o clube será o detentor dos demais 75% dos tokens, que poderá colocar à venda depois que forem vendidos os 20% do MBDA. E, em qualquer cenário, permanecerá sempre com participação mínima de 25%.

Clube, emissor e torcedores-investidores unidos pela blockchain

Para o clube, a vantagem é antecipar recursos. “A ideia é usar para pagar dívidas e salários”, explicou Campello ao Valor Investe sobre os R$ 10 milhões adiantados pelo MBDA ao caixa de São Januário.

Com a operação, o Vasco da Gama também mitiga os riscos que pairam sobre as estimativas de recebimento, como eventuais desvalorizações dos passes dos atletas decorrentes de desempenhos em campo e fora dele.

Já sob a ótica do investidor, os atrativos são a chance de ser remunerado mais de uma vez (o mecanismo de solidariedade incide a cada venda ou empréstimo do jogador) e o potencial de valorização dos atletas mais jovens incluídos na operação. Outro elemento para avaliação de risco é o fato de que é comum que jogadores sejam negociados a valores maiores – ou menores – que os referenciais do site que deram o preço original do token.

Por outro lado, a cada negociação que esses atletas tenham na carreira, e conforme suas idades avancem (e, consequentemente, seus valores de mercado caiam), o token deverá progressivamente perder valor.

No lançamento, haverá apenas a possibilidade “primária” de investir – isso é, comprar o token e aguardar as remunerações –, mas os planos incluem disponibilizar o criptoativo também no mercado secundário, como acontece com os tokens de precatórios e de consórcios já lançados pelo MBDA.

“Esse é o produto mais importante e com maior abrangência que já lançamos. É algo muito inovador e que tem um apelo completamente diferente dos produtos tradicionais de mercado financeiro; imagino outros clubes, até de fora do Brasil, se inspirando”, ele afirma.

Campello, o presidente do Vasco da Gama – que tenta a reeleição em pleito nas próximas semanas –, não era conhecedor das criptomoedas até 2018, quando a tabelinha com a exchange começou a dar liga. Ele está confiante de que a iniciativa deverá ser abraçada pela “enorme e muito engajada comunidade vascaína”.

Fonte: Valor Investe

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