Zé Ricardo sai em defesa de Roger Machado e aposta em jogo duro contra o Grêmio

O técnico do Vasco da Gama, Zé Ricardo, disse que, talvez, seja o pior momento possível para enfrentar o Grêmio.

Zé Ricardo durante coletiva nesta quarta-feira.
Zé Ricardo durante coletiva nesta quarta-feira (Foto: Tébaro Schimdt).

Zé Ricardo ganhou uma trégua da torcida por conta dos bons resultados recentes, mas sabe como é estar pressionado. Nesta quinta, contra o Grêmio, às 20 horas, em São Januário, ele vai enfrentar Roger Machado, treinador que vive momento delicado e pode ser demitido em caso de tropeço.

Em coletiva de imprensa nesta quarta, véspera do jogo, no CT Moacyr Barbosa, Zé Ricardo defendeu a classe, pediu uma mudança de mentalidade no futebol brasileiro e previu um jogo muito difícil contra Grêmio, até pela situação do adversário. O clube gaúcho está em quinto na Série B, a quatro pontos do Vasco, mas não vence há quatro rodadas.

– Precisamos realmente, como comunidade de futebol, mudar a chave e a mentalidade. Precisamos entender que todo trabalho precisa de um tempo para madurar. Invariavelmente os trabalhos com tempo acabam colhendo os melhores frutos. Temos uma realidade diferente da do Grêmio, diferente de outras equipes. Lógico que estamos buscando diariamente evoluir e crescer.

– O momento de pegar o Grêmio talvez seja o pior possível. Sabemos a camisa pesada que eles têm, querem mudar essa situação. O Vasco até pouco tempo atrás passava por esse mesmo momento. Hoje estamos buscando uma posição que buscamos estar na competição, principalmente no final. Máximo respeito ao adversário, máximo respeito ao jogo. Uma grande partida, grande desafio. Espero que possamos ter um bom desempenho em casa – disse Zé.

O treinador recordou o momento de pressão que o grupo viveu no início da Série B, especialmente em São Januário. Para Zé Ricardo, o elenco está mais maduro e hoje encara com maior naturalidade jogos em casa com estádio lotado.

– Já foi um momento de pressão, principalmente na estreia contra o Vila Nova. E foi a mensagem que levei para o segundo jogo, contra a Ponte Preta. Estamos cascudos, agora ninguém pode mais se incomodar com isso. Temos que criar uma barreira para aproveitar energia, que vai vir certamente se a gente jogar bem, que é o que está acontecendo agora. Todas as equipes levam um tempo para amadurecer, algumas dão química mais cedo, outras levam um pouco mais. O tempo para o trabalho é o que favorece para encontrar as melhores opções. Temos um grupo jovem, menor média de idade da Série B. Tudo isso influencia. Lógico que cada um reage de uma forma a uma crítica, a um elogio. Não podemos nos empolgar na vitória nem nos depreciar num resultado negativo. Esse grupo certamente está sendo criado numa situação especial, é um privilégio estar vivendo isso aqui no Vasco.

Getúlio titular?

Na questão do Getúlio, é difícil dizer em palavras simples. Getúlio e o Raniel são pessoas tão simples e sensacionais nessas questões de entender o momento um e momento do outro. Às vezes tenho cuidado para falar com eles, e eles agem com uma naturalidade incrível. “Professor, se precisar dar uma oportunidade para o Getúlio, está tranquilo”. Raniel passou por muitos problemas no ano passado e fez sete jogos apenas. Ele já está com mais de 20 jogos, artilheiro da equipe. Tenho certeza que o sucesso do Vasco vai passar pelos pés do Raniel também. Ele entende de forma tão natural, se o Getúlio começa jogando, se o Zé Santos começa, se o Figueiredo começa, isso acontece de forma tão natural. Não tem esse tipo de cobrança, de cara feia. Eu bato muito com eles que o objetivo coletivo é o objetivo coletivo. Se conseguirmos isso, a vitória vem à reboque.

Matemático para o acesso

– Isso é estatístico, matemático. Dizem que a cada dois jogos, tem que ter uma média de quatro pontos. A gente vem comentando isso no início do ano, comentando com direção, entendemos que a cada bloco de quatro jogos, temos que ter entre sete ou oito pontos. Assim estaremos credenciados a uma das quatro vagas.

– Mas sinceramente, falando como Zé Ricardo, não penso muito nisso, não fico fazendo essas contas. Fico preocupado com o jogo que vem depois, a sequência é difícil. Pontuar amanhã contra o Grêmio seria bom para se manter nessas estatísticas, mas também na questão da confiança e continuar no crescimento. Procuramos evoluir sempre possível. Mas tem um adversário forte do outro lado, jogadores muito experientes. Ponteiros do Grêmio têm um contra um bem decisivos. A gente precisa se preparar nesse treino que falta para tentar vencê-los. Sabemos que a partida muito provavelmente vai ser decidida nos detalhes.

Mudanças no time

O Raniel na semana retrasada perdeu uns dias de treinamento, teve que demorar um pouco mais. Na semana passada também ficou fora uma ou duas sessões de trabalho. Vem de um ano que jogou pouco e está sendo muito exigido aqui com a gente. Como a gente tinha o Weverton, na ausência do Gabriel Dias, ele passa mais no corredor lateral. A gente teve a ideia de colocar o Palacios, que tem um entendimento melhor. A ideia era juntar esses três jogadores (Palacios, Nenê e Raniel) no jogo anterior com a ultrapassagem do Weverton, com coberturas do Yuri e do Andrey. Isso acabou acontecendo em alguns momentos, mas é uma amostra muito pequena, ainda jogaram pouco. Estamos buscando o melhor entrosamento, não abandonei a ideia de usá-los mais vezes juntos. Mais importante do que os jogadores é saber a maneira como vamos jogar. As formas e os comportamentos estão se unificando, isso que é o mais importante nesse momento.

Diego Souza

Se você contrata o Diego Souza vai conseguir com regularidade 15, 20 gols. Os números mostram isso. É um jogador que tem que ter cuidado o tempo todo, sabe o caminho do gol. O que chama atenção no Diego é que a bola vem ali no meio de todo mundo, e ele domina na maior tranquilidade, como se não tivesse ninguém. Temos que ter todos os olhos nele, toda a atenção. Certamente é uma das forças que a equipe do Roger tem.

Fase de Thiago Rodrigues

Thiago, desde o momento chegou a São Januário, mostra uma energia muito grande no dia a dia. As falas dele sempre têm ecoado no vestiário, sempre colocando a equipe para cima. É um jogador que sabe muito bem o que é brigar, no CSA quase subiu por dois anos seguidos. Apesar disso, não tenho um contato com ele tão grande no dia a dia, ele fica com os preparadores. O contato é um pouco menor. Mas ele entende o momento,a dificuldade que tivemos para montar o elenco. É um jogador que realmente vestiu a camisa, caiu nas graças da torcida com boas atuações, atuações decisivas. Como foi no último jogo.

Sequência difícil

A gente encara esses três jogos que falou como encaramos todos os outros jogos, claro que queremos vencer os clássicos principais, contra as favoritas para subir. Entendemos que os três pontos dessa partida contra o Grêmio vão ser disputados da mesma maneira que foi contra o Brusque. As dificuldades serão enormes, temos que estar concentrados do início até o final. O grupo é muito trabalhador, operário realmente. E que gosta de estar junto, de vibrar um pelo outro. Quando sai o gol, todo mundo vibra, todo junto se abraça. No dia seguinte está todo mundo aqui treinando.

Declaração de Danilo Fernandes (Bahia)

Conheço o Danilo, foi meu atleta no Inter. É um atleta sensacional, sofreu aquele problema um tempo atrás, fiz questão de falar com ele. Ele apenas desconhece o que é o Vasco. Se ele tiver esse privilégio, e eu abro aqui com vocês que fiz esse convite (no início do ano), ele vai entender o que é o Vasco. As pessoas são assim no Vasco, são diferentes nesse sentido. Eles vêm de maneira mais à vontade, fazem uma festa incrível e carregam o clube nas costas. Eu entendi a festa da torcida naquela vitória mais como uma manifestação de carinho, e não depreciar o Bahia no sentido de já ser campeão.

Acho que jogar contra equipes de camisa, seja o momento que for, é sempre muito motivante para treinadores e jogadores. Tem respeito ali de todos os lados. Nesse ponto o futebol brasileiro está evoluindo. Não só as equipes históricas, de camisa, têm trabalho. Vemos ótimos trabalhos nas Séries C e D. O clube que não avançar na questão administrativa e financeira vai ter dificuldade.

Vitórias magras

Resposta difícil, é insensato achar que vai fazer 1 a 0 e depois sofrer lá no banco como a gente sofre. Diferente disso. Existem jogos e jogos, momentos e momentos que a gente faz 1 a 0. Logicamente que a gente gostaria de vencer todas com tranquilidade, mas às vezes não é possível porque tem um adversário do outro lado. Mas tem um elenco que foi formado do zero. 22 jogadores novos, às vezes demora um pouco mais. Mas certamente nenhum treinador em sã consciência diz que vai ganhar de 1 a 0 e depois sofrer no final.

Apesar que em 2020, a Chape foi campeã da Série B com 16 ou 17 vitórias por 1 a 0. São comparações que não são necessárias, mas que por coincidência acabam acontecendo. Temos que buscar o equilíbrio, sem abrir mão da parte defensiva. Se tivesse um 4 a 0, 5 a 3, eu estaria satisfeito da mesma maneira. O equilíbrio tem marcado esse início, não consigo te dar uma resposta final para isso, o importante é pontuar sempre e nos aproximar daquilo que é o ideal.

Fonte: Globo Esporte

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