Zé Ricardo considera trabalho no Vasco em 2022 como a ‘maior missão da carreira’

Técnico do Vasco da Gama comenta preparação para o Carioca e para a temporada, com o retorno à Série A como o maior objetivo do ano.

Zé Ricardo durante entrevista coletiva no CT Moacyr Barbosa
Zé Ricardo durante entrevista coletiva no CT Moacyr Barbosa (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco.com.br)

O trabalho de Zé Ricardo não é dos mais fáceis, mas o técnico volta ao Vasco com a missão de resgatar o time, que ele quer ver de novo na Série A do Campeonato Brasileiro. Para isso, faz questão de participar do processo de contratações em busca de jogadores que queiram estar no clube e que entendam a importância da camisa vascaína.

Na linguagem popular, atletas que tenham fome para aproveitar as oportunidades – algo que faltou na fracassada tentativa de sair da Série B no ano passado. A partir da próxima quarta-feira, o treinador começa a colocar em prova o trabalho feito na pré-temporada.

– Para mim é muito gratificante voltar a disputar o Carioca. Por ser carioca, por estar em um grande clube como o Vasco. Pode parecer clichê, mas recebi o convite do presidente com uma alegria, que minha esposa na hora viu que tinha algo diferente. Avisei que a gente voltaria. Sei que é uma missão muito dura e árdua, mas volto com brilho nos olhos, e é isso que quero dos nossos atletas. Falo com emoção. Se a gente conseguir isso, vai ser a minha maior meta e missão no futebol profissional. Então encaro com responsabilidade – disse Zé em papo com o ge.

Saudoso dos tempos de criança, em que ”fugia” de casa para assistir a praticamente todos os jogos no Maracanã, Zé encontra no Vasco um ambiente diferente daquela época, mas está preparado para a pressão. Com a reformulação quase total do elenco e uma comissão técnica escolhida a dedo pelo treinador, o clube viveu uma ruptura com a temporada passada e quer deixar 2021 para trás.

Perfil dos reforços

De cara, é possível afirmar que o Vasco mudou o perfil dos reforços. Dos jogadores que chegaram até o momento, alguns tiveram destaque na Série B e a maioria ainda busca se firmar em um grande clube do futebol brasileiro. A realidade financeira foi levada em conta nas contratações, o que dificultou o mapeamento no mercado.

– Quem vem sabe das dificuldades e venho para tentar dar a minha parcela de contribuição para solucionar. Quando falei que não tomava tanto “não” desde a minha época de matinê, quis tirar um pouco do foco dos problemas do clube. Buscamos atletas que estejam com fome, convictos daquilo que o Vasco pode representar para a carreira deles, que queiram aproveitar a oportunidade em um time grande. No futebol são vários fatores. É claro que ter dinheiro para fazer investimento talvez seja o principal. Mas não temos essa condição. Estamos montando um time de operários, com a nossa ideia – explicou o técnico.

O Vasco continua no mercado em busca de boas oportunidades. A prioridade do clube hoje é contratar mais um zagueiro e outro centroavante. Mas Zé está satisfeito com o que viu nas primeiras semanas de preparação:

– Série B é jogo para ganhar. Então, o perfil do grupo que estamos montando é com atletas com muita saúde, histórico mínimo de lesões, nível de competitividade alto e atletas que sentimos que queriam vir quando ligamos. Liguei para alguns atletas e não senti isso. Respeitamos todos os casos, mas preferimos não avançar.

Se teve influência em praticamente todas as contratações, Zé Ricardo não interviu na saída de alguns atletas dispensados pelo clube. O treinador até pensou em contar com um ou outro da temporada 2021, mas entendeu a necessidade de ruptura do Vasco.

– A saída da maioria dos jogadores era uma coisa institucional e bateram muito na questão da campanha do Vasco. E nesse momento decidi não me intrometer naquilo que a instituição queria.

Dificuldades da pré-temporada

Os planos de Zé Ricardo para a pré-temporada foram alterados já na reapresentação do elenco. Se esperava ter 20 atletas à disposição, precisou se contentar com 12. Alguns testaram positivo para Covid, e os reforços atrasaram mais que o esperado. A solução foi completar o grupo com quatro jogadores da base que não tinham ido disputar a Copa São Paulo de Futebol Junior.

– Acredito que a gente precisava ter um tempo maior de pré-temporada e esse tempo maior coincide lá pela quarta rodada do Carioca. Ali acho que teríamos um tempo hábil. Mas com jogos no meio, temos que diminuir a carga e isso mexe com o planejamento – analisou.

O técnico usou as últimas três semanas para fazer testes e montar um time praticamente do zero. As dificuldades eram naturais, até por isso a derrota no jogo-treino contra o Audax Rio não é considerada anormal. Zé ganhou peças ao longo das semanas, nem todas no mesmo nível físico, e conseguiu evoluir o grupo às vésperas da estreia no Estadual.

– O ano vai ser todo desafiador, então, vamos começar logo desafiando o grupo. Isso é um risco até para mim. Nas contratações eu tento ajudar o Vasco e não fazer loucuras. Não gosto de clichês, mas pressão é um privilégio. Um grande clube como o Vasco tem pressão – destacou, para completar:

– Tiramos coisas positivas do jogo-treino. Ninguém se sentiu cansado, era uma preocupação. Até pelas possibilidades do Vasco, boa parte do nosso elenco não teve uma minutagem alta no ano passado. Fizemos tudo muito bem controlado. No dia anterior treinamos em dois períodos.

Com a desconfiança remanescente da temporada passada, o treinador quer ir com calma para reaproximar a torcida do time. Entende as críticas, mas quer provar que a chave virou:

– Mais do que ninguém, sei que a torcida está chateada. Temos que tentar desvincular da temporada passada. Tenho falado isso para os jogadores. Olha o tamanho do Vasco, o tamanho da nossa torcida. Ainda não me sinto à vontade para chamar a torcida para o estádio. Temos que fazer o inverso. Entrar em campo, conseguir os resultados e, tenho certeza absoluta, que a torcida do Vasco não vai abandonar o time.

Preocupação com a base

O clube também olha para a base e integrou jogadores que estavam disputando a Copinha. Depois de colocar os garotos no ”fogo” na temporada passada, a intenção agora é amadurecê-los com mais calma. Mas o Vasco também não tem muito tempo. A missão de Zé é parecida com a do ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, evoluir 50 em 5, mas trocando os anos pelos meses.

– A base do Vasco é muito rica, sempre tem bons jogadores, profissionais de excelência. Treinadores jovens que buscam jogo associativo, de combinação, e esses meninos saíram de um jogo construtivo para uma Segunda Divisão, não conseguiram reagir a tempo, essa foi minha avaliação de longe. Estamos tentando recuperar esses meninos. Mas não é porque subiu que estão à frente, têm que ralar para conquistar o espaço.

Juninho é um dos garotos que agradam ao treinador. Nas primeiras semanas de treinos, com as brechas no elenco, o jovem meia ganhou oportunidades e larga na frente para ser titular na estreia do Campeonato Carioca.

– O Júnior falou pra todo mundo que esse era o ano dele. No dia a dia, com as brechas, ele começou a treinar bem. Tem potencial para manter, estou tentando amadurecer ele no dia a dia. Nossa meta é igual a do JK: 50 em 5. É muita informação pros meninos. Juninho está aproveitando, sofreu ano passado também.

– Ele me deu a brecha, criamos um vínculo, se pisar na bola eu falo com ele. Hoje, com três semanas, eu confio de ter o Juninho em campo. Se vai continuar vai depender dele.

Importância dos veteranos

Nem tudo foi ruptura. Nenê, que chegou ao Vasco no segundo semestre de 2021, é exemplo dentro do clube. Referência para os mais jovens, o meia-atacante mostra com atitudes a vontade de fazer parte do grupo. É peça importante no amadurecimento dos garotos da base.

– Fizemos o jogo contra a Saferj, e Nenê entrou no finalzinho. Falei que ele jogaria os 15 minutos finais. Os 15 minutos se passaram e o jogo não acabava. Fui falar com o árbitro. Ele falou que o Nenê o perturbou, e ele teve que dar mais cinco minutos (risos). Contra o Audax, quando botei os meninos, percebi que estávamos com um a mais em campo, e era o Nenê que não tinha saído. Ele pode não conseguir jogar os 60 jogos da temporada, mas é uma referência.

– O perfil do elenco esse ano é diferente. É o perfil do jogador que quer vencer e encher sua geladeira, que ainda não está cheia. E aquele que já está com a geladeira cheia, quer algo a mais. Caso do Nenê – afirmou o treinador.

O mesmo acontece com Vanderlei, reintegrado ao elenco nesta segunda-feira depois de passar as últimas semanas treinando separadamente. Zé destacou:

– Muitas vezes, o G4 (grupo de jogadores que treinam separados) treinava ao meio-dia, entre um treino do e outro grupo principal, com um sol muito forte. Às vezes a comissão técnica os colocava para treinar lá dentro, e o Vanderlei pedia para treinar em campo. Enquanto muitos não querem vir para o Vasco, ele quis estar aqui.

– Toda vez que eu enfrentava o Vanderlei, ele falava comigo. Eu guardo essas coisas. Eu sei que ele vai nos ajudar. Todo mundo fala que ele é um puta cara de vestiário, tem caráter, treina para caramba. Por que não? Temos muitos jogos. Ele quer ficar e quer vencer esse desafio. Estou feliz que deu certo e falei isso para ele. Assim como Nenê, o Vanderlei é referência para os meninos.

A estreia do Vasco no Campeonato Carioca será na próxima quarta-feira, às 19h, contra o Volta Redonda, no Estádio Raulino de Oliveira. O time viaja na tarde desta terça, após o treino.

Fonte: Globo Esporte

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