Zé Ricardo compara momentos do Vasco e diz que não teria pedido demissão em 2018

O técnico do Vasco da Gama, Zé Ricardo, ainda rasgou elogios à estrutura atual do Clube, citando a funcionalidade do CT Moacyr Barbosa.

Zé Ricardo durante treino no CT Moacyr Barbosa
Zé Ricardo durante treino no CT Moacyr Barbosa (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)

Zé Ricardo acertou o retorno ao Vasco no início de dezembro do ano passado. Contrato até o fim deste 2022. Mas a primeira passagem, de nove meses entre 2017 e 2018, foi um raro momento de felicidade nos últimos anos do torcedor cruz-maltino. O treinador recebeu o LANCE! para uma entrevista franca, na última sexta-feira, no CT Moacyr Barbosa. E nesta segunda parte, ele lembra o período em que foi “vidraça” antes de ter pedido demissão, três anos e meio atrás, e observa um clube, hoje, melhor estruturado.

– Já havia começado o Brasileiro, se não me engano era a sétima rodada (na verdade, nona). Mas o meu nível de estresse e estafa estava muito grande pelas dificuldades de comunicação no clube, que eram muito grandes. E o meu estafe, que hoje está ao meu lado, eu não tinha. De uma maneira de amadurecimento que eu tive naquele ano, eu tinha o hábito de trazer todos os problemas para mim e me consumiu muito. Depois de mais dois jogos do Brasileiro eu me sentia cansado, e vinha de uma sequência de juniores do Flamengo, no qual praticamente não tinha férias, tive um ano e oito meses de Flamengo e emendei no Vasco – recordou o treinador, antes de acrescentar:

– Eu me sentia muito cansado, precisava parar e tomei a decisão de pedir pra sair. Não me arrependo porque, no momento, tinha justificativa, mas, hoje, eu não faria. Porque um clube como o Vasco eu vejo que não se deve fazer (pedir demissão). E, hoje, distribuo mais as funções. O vídeo do pré-jogo está feito por profissionais que eu confio, o treino vai ser montado por quem eu confio, quem está decidindo as contratações é quem eu confio. E, naquela época, eu tinha e queria resolver tudo. É um aprendizado que a vida só nos dá nessas situações – acredita.

A política do Vasco reserva tantos momentos minimamente curiosos que é necessário voltar no tempo. Em 2017, a eleição e a polêmica em torno da “Urna 7” tornaram a virada de ano problemática. O clube chegou a ter um trio de presidentes: Eurico Miranda, Julio Brant e Fernando Horta. Uma confusão que prejudicava o planejamento justamente para o ano em que o time voltava à Copa Libertadores. A vaga fora conquistada pelo time comandado por Zé Ricardo.

– A situação de 2018 era uma troca de presidentes na época, quando a gente se preparava para a Pré-Libertadores. O Vasco tinha três presidentes, já que a justiça tinha dado condição para que os três governassem. Os três não governaram e, em dez ou sete dias, nós ficamos sem presidente e em uma formatação de elenco para jogar. Não sabia com quem iria contar para jogar o mata-mata em Concepción (CHI), num jogo de Pré-Libertadores. Os jogadores que estavam não sabiam se iriam renovar e foi uma situação muito complicada – lamenta, citando os objetivos para aquela conjuntura:

– Nós conseguimos o objetivo naquele momento. Traçamos o objetivo de chegar à final do Carioca, e chegamos. De passar para a fase de grupos, e passamos. E, caso na fase de grupos não desse para passar porque tinha Cruzeiro, Racing (ARG) e Universidad do Chile – era considerado por todos como o grupo da morte -, pelo menos que tivéssemos a classificação para a Sul-Americana. Em um jogo fantástico nosso no Chile, conseguimos também vencer a Universidad de Chile por dois gols e conseguimos, com gols de Bruno Silva e Pikachu. Eu me senti muito recompensado profissionalmente – valorizou, citando o jogo pela última rodada da fase de grupos.

A política fez de Zé Ricardo uma vidraça solitária naquele período de triunvirato e início de mandato de Alexandre Campello. Mas o treinador pondera. Separa os problemas e as questões inerentes aos debates.

– A questão política envolve qualquer clube de futebol – uns mais, outros menos – e sempre esteve muito presente no Vasco. E eu não vejo mal nenhum que a política esteja dentro de casa. Mas o que falo é que essa política tem que ser no sentido de que o Vasco seja o mais favorecido. Quando a situação, seja ela qual for, está tentando governar um clube como o Vasco, e a oposição, seja ela qual for também, trabalha contra, na verdade, não está trabalhando contra a situação, mas, sim, contra o clube. Fazer futebol hoje é tão difícil, com todos os problemas externos que se tem… se, além disso, tem os problemas internos, certamente vai ficar muito difícil – avaliou, num contexto amplo.

O tempo passou, Zé Ricardo passou por outros quatro clubes e voltou a São Januário. Ou melhor, passou a comandar um time noutro lugar. O treinador vê um Vasco melhor do que na primeira passagem.

– Felicidade de ver um CT extremamente funcional. Lógico que um clube como o Vasco merece mais, mas está caminhando. O projeto estrutural do CT é muito legal. No dia em que ficar pronto, vai atender muito bem ao profissional do Vasco e, quem sabe, à base. Seria um desejo meu de ver o sub-20 treinando próximo da gente. Facilita muito. Um CT funcional, uma comissão técnica – tanto quem trouxemos quanto quem já estava aqui -, mesmo com todas as dificuldades, tenho certeza que é uma das melhores comissões que um clube pode ter – exaltou, para depois emendar:

– Todo mundo muito à vontade, um ambiente sensacional, próprio para o crescimento. Amadurecimento nosso como profissional, como os atletas que nós estamos trazendo com o perfil de querer evoluir, crescer, com fome, querendo buscar seu lugar ao sol – ressaltou.

Além dos jogadores mais experientes, Zé Ricardo entende que tem por missão fazer os jogadores mais jovens do elenco voltarem a jogar o que sabem ou que se espera que saibam. E não mede as palavras sobre isso tampouco sobre o tamanho da montanha que o Vasco terá na Série B do Campeonato Brasileiro.

– Com os jovens meninos, temos a obrigação de tentar recuperá-los depois de um ano que terminou daquela forma. Recolocá-los de forma confiante, porque é o principal aspecto que se perde quando você tem um ano como terminou o passado. Estamos construindo uma equipe. Uma identidade demanda tempo, mas o comportamento deles (atletas) é o que tem me deixado animado para acordar no dia seguinte para treinar. O que estamos pedindo eles estão querendo cumprir com seriedade e comprometimento. Que isso se perpetue durante o ano – desejou, antes de finalizar:

– Eu tenho a certeza de que esse é o caminho para chegarmos (bem na Série B). Se iremos chegar (ao final, com a vaga) é difícil cravar. Temos uma Série B extremamente competitiva e com seis campeões nacionais. Muito disputada e bem trabalhada pelas mídias sociais e TV. É um produto extremamente atrativo com os clubes que tem. Não tenho dúvida nenhuma de que muitos jogos da Série B terão mais público que muitos da Série A. Temos que fazer nosso dever de casa, mas partindo desse princípio que com bom ambiente, trabalho e criatividade, esperamos chegar ao grande objetivo do ano – concluiu.

Fonte: Lance!

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