Zé Ricardo comenta bastidores do seu retorno ao Vasco e cita Juscelino Kubitschek

Técnico do Vasco da Gama, Zé Ricardo falou sobre seu retorno ao Clube e revelou inspiração em Juscelino Kubitschek.

Zé Ricardo durante o jogo contra o Nova Iguaçu
Zé Ricardo durante o jogo contra o Nova Iguaçu (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Tem dois meses que Zé Ricardo assinou o contrato para voltar ao Vasco. E faz pouco mais de 30 dias que os trabalhos com um elenco reformulado começaram. Neste contexto, o treinador recebeu o LANCE! para uma entrevista franca, na última sexta-feira, no CT Moacyr Barbosa. Nesta primeira parte, ele trata sobre os bastidores do retorno ao Brasil após período no Qatar. Ele havia comandado um time da capital até setembro do ano passado, mas o distrato ainda não havia sido concluído.

– Eu estava em Doha quando tocou meu telefone. Era o presidente (Jorge) Salgado, que havia mandado uma mensagem antes e estava fazendo uma chamada de vídeo. Ligaram ele e o Ricardo Gomes, que na época estava tratando e talvez acertasse. Ele (Ricardo) falou que estava negociando, mas disse: “O nome é você. A gente quer saber se há interesse de voltar ao Brasil, porque, se houver, a gente dá o próximo passo.” – lembrou Zé Ricardo, emendando sobre sua sensação ao ouvir o convite:

– Fiquei feliz, pois é uma missão difícil, uma caminhada dura, mas entendia que, profissionalmente, seria bom voltar ao Brasil para uma equipe grande do tamanho do Vasco. Retornar para a minha cidade… a transição internacional seria facilitada. Uma responsabilidade grande, mas, para mim, é o desafio. É a chance para todos nós. Eu me senti honrado por ter sido o escolhido para ser o âncora dessa transformação – descreveu o treinador.

Mas uma mudança dessas nunca é só profissional. A família precisava entrar na história. E entrou imediatamente.

– Quando desliguei meu telefone, olhei para minha esposa e disse que nós iríamos voltar. Resolvi os problemas com o clube. Meu filho já estava estudando no colégio internacional e tivemos que desfazer tudo isso. O contato foi num dos primeiros dias de dezembro. E tivemos esse tempo de cancelar a locação, entregar carro… todos esses trâmites burocráticos e o distrato em si, que era o mais importante. Deu tudo certo e conseguimos chegar antes do Natal aqui (no Rio) – relatou.

E o recomeço de Zé Ricardo no Cruz-Maltino começou logo depois daquela primeira conversa. O planejamento para a temporada 2022 teve construção hierárquica diferente do convencional: uma conversa com Ricardo Gomes, que quase virou dirigente, e a contratação do gerente de futebol, cargo acima do treinador, posterior à do técnico.

– O presidente Salgado foi muito claro em sua primeira conversa comigo: ele queria o Vasco com uma cara nova. A gente entendia que o trabalho deveria começar no mesmo dia. O início foi um pouco complicado porque demorou um pouco para definir o gerente. As conversas acabavam mais na parte estrutural, na definição da comissão técnica. Felizmente veio o (Carlos) Brazil, que conhece bem o clube – explicou, acrescentando sobre a montagem da equipe técnica.

– Os primeiros papos foram basicamente com o Fabiano (Lunz, gerente administrativo) e com o Rodrigo (Dias, gerente da base) para a fecharmos os detalhes da comissão técnica. A partir da escolha do Brazil facilitou porque ele conhece o clube, a base, e a mim. Já tivemos contato profissional no Flamengo, participamos de alguns cursos juntos e dei algumas palestras nos cursos que ele promovia. A gente se entende muito, nossa linguagem é bem direta e fácil. Temos um entendimento de futebol semelhante. Começamos a trabalhar bastante, porque era madrugada ainda. Quatro da manhã lá no Qatar e dez da manhã aqui. Nas primeiras três ou quatro semanas troquei um pouco a madrugada e descansava quando voltava da escola com meu filho. Porque era a hora que dava – lembrou.

– A rotina foi desgastante, mas a montagem de uma equipe de apoio ao treinador recompensa. É um recomeço para o treinador e a segunda reconstrução para a tentativa de voltar à primeira divisão.

– Será um trabalho duro, muito difícil. A gente normalmente quer iniciar um trabalho do zero, a gente leva em consideração. Mas esse tem um trabalho do zero com uma reestruturação total do elenco e do departamento de futebol, do qual mudou muita gente. O clube tinha muita expectativa de subir já no ano passado. Teve três treinadores que respeito muito, todos os três, cada um com sua história. Para fazer alguma coisa diferente, era realmente necessário fazer algo diferente. Pela primeira vez montei minha comissão técnica, algo que todo treinador busca. Foram as coisas que me fizeram aceitar o Vasco. Além da identificação que tenho com o clube, apesar de ter tido na minha formação muito tempo na base e na transição do Flamengo. Eu já tinha trabalhado aqui no futsal, lá atrás, e em uma outra oportunidade na qual conseguimos uma campanha bem legal. Essa identificação existe e iremos tentar manter a chama lá em cima, trazer a torcida de volta rodada após rodada – projetou.

Zé Ricardo divide a caminhada na temporada recém-iniciada em etapas. Porém, todas elas exigem resultados.

– Sabemos que é uma missão difícil, mas é um desafio para eles (jogadores). A gente está encarando o desafio de trazer o nosso torcedor de volta e sabemos que a torcida do Vasco é muito engajada. Acredito que dará tudo certo. No trabalho, criatividade nas contratações para a montagem da equipe que a gente precisa, e detectar o mais rápido possível correções a serem feitas. Mas sabemos que futebol é resultado, e esse é o nosso primeiro objetivo a curto-prazo. Precisamos de resultados no Carioca. E mais do que resultado, mostrar evolução e performance que nos dê segurança – avaliou, antes de concluir:

– Na Copa do Brasil, em que o clube também quer tentar avançar ao máximo, pois dá um respiro financeiro; pegamos uma chave difícil contra a Ferroviária, em Araraquara (SP), e sabemos que é complicado jogar lá. E depois o Brasileiro. Estamos formando uma equipe, no processo de testagem, para ver quem rende melhor em uma situação ou na outra. Ficou claro no último jogo (contra o Nova Iguaçu). Estamos neste processo, correndo os riscos, pois no futebol também tem riscos, como na vida também. Dessa forma a gente tenta o modelo JK: 50 anos em cinco – afirmou, rindo, mas com natural fundo de seriedade.

JK é Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961. O modelo de 50 anos em cinco foi o plano de metas daquele governo para desenvolvimento da infraestrutura do país. O mandatário da república daquele período foi um político de popularidade relevante. Se a temporada do Vasco for bem sucedida, Zé Ricardo também não será esquecido.

Fonte: Lance!

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