Virada sobre o Flamengo deu moral ao Vasco
O elenco do Vasco ganha bem, na medida certa, sem excêntricos, e faz um dever de casa exímio.
Sai da frente! Teu nome é Vasco, tua alcunha é trem bala, tua verve é 100%!
A sobriedade vascaína vem fazendo a diferença a 100%. Num jogo emocionante que os maus dirigentes e a televisão relegaram às cinzas de um carnaval, Vasco e Flamengo duelaram para justificar o clássico dos milhões. E o Vasco, na técnica, na raça, de virada, despachou a flamengada da Taça Guanabara, confirmando o renascer de Alecsandro como grande jogador que o Vasco vislumbrava ao contratar, a classe sem par do Rei Juninho Pernambucano, a exuberância do homem-elástico Dedé (cujas pernas esticam para todos os desarmes) e a vocação para dormir e acordar pra decidir do nosso Dieguito Souza!
O Vasco tem um elenco primoroso mesmo! Primoroso num artigo que hoje falta em nosso futebol e em nosso país: moralidade! A faxina ética que vem norteando o clube desde a reformulação do elenco, ainda no Carioca do ano passado, está aí: reparem, nos VTs, a diferença gritante do lider Juninho, exemplo de doação e esforço de um assalariado em campo, para a displicência insone e preguiçosa de Ronaldinho Gaúcho, um milionário que se arrasta em campo. No Vasco não cabem regalias, desmandos: o elenco é maduro, consciente, íntegro.
No Vasco, o elenco se supera. É uma das equipes mais maduras que já vi em todos esses anos de futebol. Incrivel senso de responsabilidade. Me aponte aí, na história do futebol, um time que perdeu treinador, ficou sem salário, fez greve, teve jogador acionando o clube na justiça…e se doou em campo dessa forma? Não procura porque não vai achar: nossa geração não viu!
Os elencos milionários do futebol pisam em ovos por qualquer coisa. O elenco do Vasco ganha bem, na medida certa, sem excêntricos, e faz um dever de casa exímio.
Se me permitem, de fato, opinar, não sou um admirador do trabalho de Cristóvão. Até o considero bastante limitado. Como não restrinjo minhas análises tão somente a estatísticas e resultados, vejo que, taticamente e em termos de visão de jogo, ele é até confuso. O que sobra no treinador vascaíno é postura. Ele combina com a serenidade do elenco.
O Vasco tem, a meu ver, três “treinadores” em campo: Dedé liderando a zaga, Juninho inspirando respeito e Felipe como lider cerebral. É nesse pilar estrutural que as engrenagens do Trem Bala engatam e aceleram, é a partir dessas três referências que o Vasco ganha corpo e personalidade.
Resta confirmar seu favoritismo, seguir brilhando e conquistar a taça para entrar com força na Libertadores.
E ainda vêm aí Tenório, Abelaíras, Éder Luís…imaginem como será?
Pois é. Esse Vasco que quebra escritas, vence todos os jogos, elimina desafetos e ofusca os astros vendilhões. E quanto ao gol mais perdido da história do futebol carioca, gozações à parte com o pobre do Deivid, para mim aquilo foi uma grande metáfora.
É para desmentir um pouquinho esse jargão já cansativo que um monte de papagaios de plantão vive repetindo de que “a bola pune”.
Pune nada! A única função da bola é rolar. Quem se pune, se condena ou se consagra, é aquele que a conduz.
Esse Vasco com a alma moral de seu elenco, classificado para a final da Taça Guanabara, tem cara de Unidos da Tijuca: vai coroar Juninho o Rei do Sertão!
Coluna de Hélio Ricardo – SRZD
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