Veja o que sócio do Vasco deve saber antes da votação da SAF
Vasco da Gama e 777 Partners entram na reta final de negociação e as próximas semanas serão decisivas para o futuro do Clube.
O Vasco planeja ciclos para gradativamente levar o contrato assinado com a 777 Partners para os sócios do clube. A comissão do Conselho Deliberativo, que iniciou os trabalhos de análise do contrato na manhã de segunda-feira, é a primeira leva de sócios estatutários a ter acesso ao documento, mas não será a única.
Nos planos da diretoria administrativa, os pormenores do acerto com a 777 Partners para a venda da sociedade anônima de futebol serão levados para cada um dos poderes do clube — Conselho Deliberativo, Conselho de Beneméritos e Conselho Fiscal. As primeiras rodas de apresentação deverão acontecer ainda nesta semana.
O cruz-maltino ainda estuda como fará a comunicação a respeito do contrato com os sócios estatutários em geral, os responsáveis pela confirmação ou não da validade do contrato, em sessão da Assembleia Geral que será convocada provavelmente no fim de julho.
Haverá sessões do Conselho Deliberativo, onde os conselheiros poderão discutir os pormenores do contrato assinado. Desde a assinatura da minuta de entendimento entre Vasco e 777 Partners, no fim de fevereiro, o clube trouxe a público apenas linhas gerais das conversas com a empresa.
Existe um acerto para o investimento de R$ 700 milhões na SAF, além de a empresa herdar dívida do clube associativo de até R$ 700 milhões. No contrato, constam informações a respeito desse montante de investimento que deverão ser analisadas pelos sócios — como o valor será aplicado (investimento em infraestrutura, compra de direitos de jogadores, no pagamento de salários), enquanto tempo esse valor deverá ser investido, em que proporção. Na proposta não vinculante, o prazo era até 2025. Isso não necessariamente se manteve.
O associado também deve tomar ciência da existência ou não de metas esportivas que a SAF deva perseguir, em um intervalo de tempo específico.
Aspectos como cláusulas de saída devem vir à tona — quais pontos não alcançados ou descumpridos pela 777 Partners podem ocasionar no retorno do controle da sociedade anônima para o clube associativo.
O sócio vascaíno já tem noção de que todos os ativos referentes ao departamento de futebol serão transferidos para a SAF — direitos econômicos de jogadores, contratos de direitos de transmissão em vigor, de patrocínio, receitas referentes ao sócio-torcedor, bilheteria, premiação.
Com o contrato assinado, o associado deve descobrir também o acerto entre as partes referentes ao licenciamento de produtos e a utilização dos terrenos dos centros de treinamento pela SAF — apesar de serem ativos do futebol, não podem ser transferidos para a empresa, uma vez que são cessões do Estado.
Outro ponto importante que o clube deve explicar ao sócio estatutário diz respeito à possível revenda dos ativos por parte da 777 Partners: se existe um tempo de carência, se o negócio precisa ser autorizado pelo clube associativo para acontecer, e em quais termos. Vale lembrar que o Vasco seguirá com 30% dos ativos e, pela lei da SAF, é obrigado a manter no mínimo 10% dos ativos da empresa.
São Januário também é um ponto específico do contrato. A 777 Partners acertou com o Vasco o pagamento de aluguel para atuar no estádio e mais o custeio de manutenção do complexo. O contrato deve revelar os valores acertados e mais se a possibilidade de venda futura do estádio para a SAF constará no contrato e em quais condições, conforme aparece na proposta não vinculante que o Vasco apresentou no último balanço do clube.
No documento, além da obrigatoriedade do aluguel de São Januário por 25 anos, prorrogáveis por mais 25, consta a “possibilidade de negociação futura para aporte na SAF, caso efetue reforma de R$ 300 milhões e aporte de R$ 50 milhões na Associação”.
Lembrando que uma negociação de São Januário, assim como a própria venda da SAF para a 777 Partners, precisaria passar pela aprovação dos sócios em Assembleia Geral Extraordinária.
Fonte: O Globo