Vasco vê vaga para as semifinais do Carioca ameaçada

Vasco perdeu seu segundo clássico no Campeonato Carioca e vê seu posto entre os quatro primeiros colocados do torneio cada vez mais ameaçado. Com a derrota por 2 a 0 para o Flamengo, a equipe estacionou nos 14 pontos e tem grandes chances de terminar a rodada fora do G-4 com apenas mais um jogo – outro clássico – para buscar uma vaga para a semifinal.

A má fase no estadual permanece. Esse foi o quarto jogo sem vitória da equipe de Fábio Carille, com duas derrotas e dois empates. Para além do jejum, a postura passiva da equipe diante do rival – principalmente no primeiro tempo – e as lacunas no elenco para dar novas alternativas para o treinador escancaram a necessidade de reforços para corrigir a rota a tempo para o restante da temporada.

Primeiro tempo inoperante

O Vasco praticamente não jogou durante toda a primeira etapa e viu o rival dominar as ações. Como já era esperado, a posse de bola ficou do lado rubro-negro, que permaneceu com trocas de passe e circulando no terço ofensivo durante os 45 minutos – e sem ser ameaçado uma única vez.

Sem o controle da posse, o Vasco tinha como estratégia explorar os contra-ataques, mas esbarrava no principal problema do time neste início de temporada: a velocidade. Sem Paulo Henrique e Paulinho entre os titulares, as duas principais válvulas de maior intensidade, a equipe apresentou muita dificuldade para sair da pressão.

Assim, a equipe via Coutinho, sua principal esperança de criatividade, sempre muito longe da zona onde pode ser mais letal, bastante recuado com o restante do time para defender e sem jogadores de profundidade para conseguir escapar. O resultado foi apenas uma finalização de Mateus Carvalho, sem perigo, durante todo o primeiro tempo.

Todo o meio-campo não foi bem e permitia muitos espaços ao adversário. A equipe balançava defensivamente com uma linha de quatro jogadores no meio-campo, com Zuccarello pela esquerda, Tchê Tchê pela direita, e Hugo Moura e Mateus Carvalho na parte central. Com isso, a zaga formada por João Victor e Lucas Freitas era constantemente exposta ao ataque rival.

O gol do Flamengo saiu de uma desatenção de Hugo Moura, que deixou a frente da área livre para Arrascaeta receber com liberdade para construir. A bola chegou em Plata, que foi derrubado por Zuccarello dentro da área, aos 28 minutos. Na cobrança, Bruno Henrique abriu o placar e deu ainda mais tranquilidade para o time rubro-negro.

Mudança de postura na volta do intervalo

A volta para o segundo tempo deu novo ânimo para o Vasco. Carille não promoveu substituições, mas inverteu os lados de Zuccarello e Tchê Tchê e recuou Hugo Moura para mais próximo à linha de zaga.

Foram 25 minutos de um Vasco mais competitivo que poderia ter chegado ao empate. Bateu na trave literalmente. Vegetti recebeu bom cruzamento de Puma Rodríguez pela direita e cabeceou no travessão de Rossi, aos 17 minutos. Foi a melhor chance do time na partida.

Fábio Carille reconheceu o primeiro tempo muito abaixo da equipe na primeira parte do jogo e pediu para o Vasco “ser Vasco sempre”.

– A gente poderia ter feito muitas substituições (no intervalo), o time foi muito abaixo. Então, para que crucificar nesse momento e não tentar organizar com os mesmos jogadores, né? E a resposta foi boa. Um segundo tempo com uma atitude, muito diferente, que tem que ser Vasco, que tem que encarar um clássico e que tem que ser Vasco sempre. Foi isso que eu falei agora no final do jogo – disse o treinador na entrevista coletiva.

Filipe Luís, técnico do Flamengo, reequilibrou as ações após a parada técnica com as substituições e expôs o já conhecido o abismo entre os bancos de reservas das duas equipes. O Rubro-Negro voltou a controlar o jogo.

Carille demorou a substituir a equipe e quando acionou o banco de reservas, o time não correspondeu em campo. O treinador até tentou utilizar novamente Payet e Coutinho juntos nos últimos minutos em busca de um empate, mas também não funcionou. O francês teve mais uma atuação discreta e encontrou um camisa 11 bastante esgotado em campo.

Já no fim do jogo, aos 43 minutos, Everton Cebolinha aproveitou espaço cedido pela defesa, ajeitou e finalizou no ângulo para acabar com qualquer esperança de empate para o Vasco.

Correndo contra o relógio

A menos de duas semanas para o término da janela de transferências, o Vasco corre contra o tempo. O desnível em relação ao principal rival tornou ainda mais nítida a falta de opções, principalmente no setor ofensivo. Torna-se fundamental a chegada de atacantes com capacidade para dar profundidade e, assim, criar novas alternativas para surpreender minimamente os adversários. Um pedido já claro feito pela comissão técnica de Carille à diretoria vascaína.

Durante a coletiva de imprensa, o treinador voltou a falar sobre a falta de jogadores com essas características.

– A diretoria tem trabalhado bastante, Marcelo Sant’Ana está fora do país aí fazendo a correria que tem que ser feita. Sobre os jogadores, eu passo pra diretoria falar sobre isso daí. Para quando tiver aqui dentro, a gente comentar sobre os atletas – disse.

O Vasco fechou acordo com o primeiro nome para dar novo fôlego ao setor ofensivo: Benjamin Garré. O ponta argentino de 24 anos será contratado em definitivo em negócio que pode chegar a quase R$ 20 milhões. Pode ser o primeiro suspiro de alívio para o torcedor, que se preocupa cada vez com a falta de reforços e com o que vem sendo apresentado em campo.

A próxima semana será decisiva no campo. O Vasco volta a campo na próxima terça-feira pela primeira fase da Copa do Brasil, diante do União Rondonópolis, para tentar espantar a má fase. Com a mudança de regulamento, a equipe visitante não terá mais a vantagem do empate neste início de competição, e o Vasco precisará vencer o confronto para não depender das penalidades para avançar. No domingo, o time de Fábio Carille enfrenta o Botafogo, pela última rodada do Carioca, para decidir sua vida no Campeonato Carioca e busca uma vaga nas semifinais.

Fonte: Globo Esporte