Vasco promete salários em dia e trabalha para que processo da SAF não afete o futebol

A diretoria do Vasco trabalha para que o processo da SAF não prejudica o futebol e não deu indícios de mudanças no departamento.

Zé Ricardo orientando o time contra o Madureira
Zé Ricardo orientando o time contra o Madureira (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Desde a semana passada o torcedor do Vasco vive duas realidades paralelas. A expectativa pela injeção de milhões da 777 Partners no futebol contrasta com o atual elenco, cheio de carências e montado com pouquíssimos recursos. Enquanto trabalha para aprovar a constituição da SAF nos próximos meses, há uma preocupação interna em não deixar que o assunto interfira de forma negativa no dia a dia do futebol.

É normal que o assunto gere uma apreensão em jogadores e comissão técnica. Afinal, os exemplos vêm de perto. Cruzeiro e Botafogo, clubes que estão mais avançados no processo de venda do futebol, já iniciaram a reformulação em seus respectivos departamentos de futebol. Trocaram dirigentes, comissão técnica e, no caso do clube mineiro, houve dispensas de jogadores importantes, caso do goleiro Fábio, por exemplo.

No Vasco, no entanto, a ideia é apresentar o que de fato influenciará em um primeiro momento e passar tranquilidade ao elenco. Com a aprovação do empréstimo de R$ 70 milhões da 777 Partners, na última quinta-feira, a promessa é de salários em dia ao longo de toda temporada, independentemente da venda do futebol. A expectativa é que o dinheiro chegue nesta semana, e os atrasados sejam pagos nos próximos dias.

Na semana passada, por exemplo, logo que o acordo não-vinculante com a 777 Partners foi oficializado, a cúpula do Vasco se reuniu com comissão técnica e jogadores para esclarecer alguns pontos e passar segurança. O encontro ocorreu na terça, um dia após o anúncio da assinatura com o grupo americano.

– O Vasco está sendo muito cuidadoso. Obviamente, conversamos com o futebol. Hoje o Vasco tem uma governança do futebol que está funcionando muito bem. O presidente Jorge Salgado, com comitê de futebol, com a gerencia do Carlos Brazil e a comissão técnica. Mostramos para todos o que a SAF significa para o Vasco em termos de potencial. E também falamos que vamos tratar tudo de maneira tranquila e racional. Não existe motivos para preocupação.

– Pode ter certeza que nossa comissão técnica e nossos jogadores estão absolutamente tranquilos, trabalhando normalmente. Estão contentes agora com a segurança que o dinheiro vai pingar na data certa todo mês. Não existe nenhum tipo de preocupação. Vamos tratar isso com muita responsabilidade – disse o vice-presidente geral, Carlos Roberto Osório, em entrevista ao podcast ge Vasco #180, na semana passada.

Especialista em gerenciamento de carreira de atletas, Marcelo Claudino, da Top Soccer, tem visão parecia e reforça o discurso de Carlos Osório. Para ele, a legislação da SAF no Brasil deve mudar completamente a relação entre atletas e clubes, com um ambiente mais profissional. As mudanças, segundo ele, não devem ocorrer da noite para o dia, mas são um caminho sem volta.

– A SAF promete ser um divisor de águas no futebol brasileiro. Isso vai refletir em todos os participantes da indústria do futebol. A SAF não vai querer se envolver em atrasos e inadimplência com atletas. Pressupõe-se um novo modelo de governança. A questão dos atrasos de salários se tornou uma coisa comum no Brasil. Hoje, os atletas precisam se programar, com reservas de emergência para enfrentar esses atrasos. Isso já acontece em clubes da Série A, imagina nas outras divisões. Imagina-se que esse será o primeiro problema equacionado – ressaltou Marcelo Claudino.

Controle do futebol nas mãos da SAF

– Com a SAF constituída, o controle do futebol passa a ser da SAF. Eu, por exemplo, que já não opino, não vou poder opinar no futebol. Vai estar totalmente profissionalizado, mas com um processo feito de maneira correta, adequada e com um parceiro que compreende nossos objetivos. O que o Juninho falou (em coletiva, na semana passada) é o espírito de todo mundo. “Não entendo nada de SAF, mas sei que o meu dinheiro vai entrar agora certinho no fim do mês” – comentou Osório.

Marcelo Claudino, por outro lado, entende que é normal que ocorram mudanças no departamento quando o controle do futebol passa para a mão de investidores. No entanto, cada clube tem suas peculiaridades.

– Muitas vezes para implantar uma nova metodologia você precisa trocar pessoas e gestores. É normal que um investidor estrangeiro queira metodologia e profissionais diferentes. Cada clube é um caso. O que percebo é que o torcedor já entendeu que não adianta só sobreviver. O clube tem que existir. No caso do Cruzeiro, por exemplo, há uma paciência e um entendimento por parte da torcida de que é um processo em que é preciso abrir mão no curto prazo de alguns resultados para ter uma estabilidade e competitividade no futebol. Foi necessário abrir mão de um ídolo (Fábio). Já o torcedor do Botafogo está com a autoestima elevada, o que acaba facilitando o processo – analisou Claudino.

Ambiente mais profissional e mudanças na relação com atletas

Marcelo Claudino também acredita que a chegada de investidores estrangeiros e a tendência de uma maior profissionalização mudarão, com o tempo, o perfil dos atletas, que poderão se organizar melhor para trabalharem questões coletivas da classe, como acontece na NBA, por exemplo.

– Vejo como a maior oportunidade das últimas décadas de mudanças realmente efetivas no futebol brasileiro. Para os atletas, o primeiro reflexo será um ambiente mais organizado, com relações mais profissionais. Desde contratação, rescisão, tratativas… Também acho que, com passar do tempo, o nível de de engajamento e união entre atletas será muito maior, como acontece na NBA, por exemplo. Um ambiente profissionalizado e organizado proporciona a possibilidade de os atletas se organizarem melhor. Hoje ainda é tudo muito dividido.

Fonte: Globo Esporte

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1 comentário
  • Responder

    Tomara que essa . Nova investidora veja que o técnico é fraco e troque…não só ele mas a metade do time.o investidor não vai jogar dinheiro fora..não vai querer ver o seu produto ir pra série C ou permanecer mas um ano na série B..tem que trocar os gestores de futebol..proibir as entradas desses empresários que estão sugando todo dinheiro que entra no Vasco…euriquinho fora..Paulo massa fora..Carlos Brasil fora…Roberto Monteiro fora…Jorge salgado fora… se o investidor ficar na frente do negócio vamos ver um vasco como aquele de 1998..ou 2000…

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