Vasco: entrevista de Felipe

Felipe fala sobre readaptação ao futebol brasileiro, e a necessidade de títulos do Vasco da Gama.

Por Anderson Montalvão

O camisa 6 do Vasco Felipe, ídolo da torcida que voltou ao futebol brasileiro depois de cinco anos no exterior, concedeu uma entrevista ao Marca Brasil, e falou sobre diversos assuntos, inclusive readaptação ao futebol brasileiro, e a necessidade de títulos do Vasco da Gama.

Felipe

Reproduzimos esta conversa, leia abaixo.

MARCA BRASILH: O período de readaptação ao futebol brasileiro já passou. Qual a diferença do Felipe de 2010 para o deste ano?

FELIPE: A grande diferença é que estou fazendo uma pré-temporada com as características do futebol brasileiro. Começar o ano do zero ajuda muito. Mas o tempo é curto e nesse início do Estadual a palavra é superação. Ninguém chega na Taça Guanabara no auge, são só 15 dias de trabalho. Tem de ser essa porrada para dar base no restante do ano. Ninguém gosta de treino físico, mas é a realidade. O jogo é muito corrido, o ritmo é forte e sem preparação nem mesmo um garoto de 18 anos consegue jogar. No fim do dia a gente olha de cara feia para todo mundo, mas não tem jeito.

MBH: Qual a sua opinião em relação ao seu desempenho em 2010?

F: Gostei do meu desempenho ano passado.Foram cinco anos fora do país em um futebol que exigia muito pouco. Cheguei e não fiz pré-temporada. Os jogos contra Corinthians, Grêmio, Prudente e Cruzeiro foram muito bons.

MBH: Como vê o momento do futebol carioca? Realmente deixou de ser o patinho feio e passou a atrair grandes craques?

F: O futebol carioca voltou a ser valorizado. Os dois últimos campeões brasileiros são do Rio. Falavam muito da questão da estrutura, que deixa a desejar, mas os títulos mostram que aqui nós temos qualidade. Claro que estrutura ajuda muito, mas tem de aliar as duas questões. Hoje temos isso aqui na pré-temporada. O Vasco está em um hotel que nos proporciona tudo: bons campos para treinar, quartos para descansar, alimentação balanceada. Isso pode fazer a diferença no futebol tão nivelado.

MBH: O que dizer da estrutura do Vasco no dia a dia?

F: Acho que o clube precisa procurar um CT à altura da sua tradição. Temos de servir de exemplo. O Atlético-PR, por exemplo, não tem tanta expressão, mas possui uma estrutura maravilhosa. Isso além de ser bom para todos, preserva o campo de São Januário. O gramado é muito bom, mas chega no meio do ano fica ruim por causa dos treinos e dos jogos. A gente sabe da dificuldade da diretoria, mas isso vai ajudar o Vasco.

MBH: Em que sentido?

F: Um CT organizado ajuda até na revelação de novos valores. Sem a estrutura ideal, o Vasco já consegue revelar vários jogadores que hoje integram nosso elenco, imagina com tudo organizado? A alimentação, por exemplo, é muito importante. Tem muito jovem que chega de estados distantes com várias deficiências. Corrigir é importante e influencia no desempenho.

MBH: O Vasco conta com grandes jogadores e alguém vai ter de sobrar. Como você escalaria o time?

F: Essa dor de cabeça aí eu deixo com o PC. Sei que todas essas opções só fazem o Vasco ficar ainda mais forte. A briga vai ser saudável e eu cito o Vasco de antigamente como exemplo. Joguei em um elenco que tinha duas seleções completas. O ataque era Edmundo e Romário. No banco estavam Donizete e Viola. A zaga tinha opções como Mauro Galvão, Odvan, Alexandre Torres… Ainda tinham Gilberto, Amaral, Pedrinho, Ramon, Juninho Paulista… Em um ano todos vão ter chances.

MBH: Nos treinos a gente percebe que a molecada te respeita muito. Já tá sendo chamado de papai?

F: Sou um irmão mais velho (risos). Me dou bem com eles porque já fui garoto, já passei por isso. Sei o que é essa ansiedade de buscar espaço, de querer conquistar um contrato melhor, ganhar dinheiro para ajudar a família, comprar um carro. Procuro sempre passar minha experiência, falo que quando eu era dos juniores ganhava salário mínimo.

MBH: Você acha que seu futebol mudou muito?

F: Fiz sucesso no futebol com os dribles curtos, arrancadas e finalizações. Essa sempre foi minha característica. Por um lado a gente perde a velocidade e a explosão. Mas acaba ganhando em outras. Com a experiência eu sei o momento certo de arriscar e de me preservar.

MBH: O ano de 2010 não foi bom para o clube. Em 2011 o Vasco entra como?

F: Entra de igual para igual. A base está aí, a preparação está sendo boa e não temos mais desculpas para falar. A única coisa que temos de fazer é nos unirmos ainda mais e entrarmos em campo melhor que os nossos adversários.

MBH: Este será o Carioca mais disputado em tempos?

F: Já disputei muitos Cariocas, mas este vai ser o mais nivelado, o mais difícil com certeza. Antigamente o Flamengo tinha como trunfo sua torcida, o Vasco entrava com grandes times, mas este ano está diferente. A única coisa ruim é que não teremos o Maracanã.

MBH: O Vasco ainda deve o mês de novembro, o 13º e as férias. Como você encara esta situação?

F: Ninguém gosta de salários atrasados, mas isso nunca influencia o nosso desempenho. Todos confundem isso. Chateado todos vão ficar, mas o trabalho não vai ser afetado. Recebemos bem? Sim. Mas fazemos o que amamos com a nossa competência. São coisas diferentes.

MBH: Existe uma confiança nas palavras da diretoria?

F: Existe. Ninguém atrasa salário porque quer. O que existe é uma dificuldade deles para equilibrar o clube financeiramente. Sei que eles estão lutando para evitar que isso aconteça.

MBH: Como carioca legítimo, como vê a ocupação do Complexo do Alemão que levou um fim de ano tranquilo para muita gente?

F: Isso é muito legal. É bom ver o Rio em paz, com as pessoas podendo sair tranquilas de casa. Há alguns anos as pessoas pensavam duas vezes antes de sair à noite, de comprar um carro legal. Agora o carioca se sente aliviado.

Redação vasconoticias.com.br

 

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