Vasco embala no Brasileiro e se permite sonhar com voos maiores

A vitória do Vasco por 2 a 0 contra o Fortaleza, com um a menos desde o primeiro tempo, fez a equipe carioca chegar aos 36 pontos e pular para a parte de cima da tabela, na nona posição. Além dos três pontos, o resultado e a forma com que ele se construiu confirmam a ascensão do time no Brasileirão. O Vasco é outro time depois da janela do meio do ano e pode parar de olhar para baixo na tabela, focando em voos mais altos na competição.

Com os reforços do meio do ano e um maior período de treinamentos com Diniz, o time deixou de ser uma equipe que jogava bem, mas não conseguia vencer as partidas por erros defensivos ou chances desperdiçadas no ataque. As oscilações ainda acontecem, como os vacilos contra o Vitória e o Palmeiras. Mas mesmo com os erros, como a expulsão de Hugo Moura nesta quarta-feira ainda no primeiro tempo, o Vasco é muito mais competitivo. A campanha no returno é de G-4 não por acaso.

Nos últimos cinco jogos no Brasileirão, o Vasco venceu Bahia, Cruzeiro, Vitória e Fortaleza. A equipe só perdeu para o Palmeiras, em um jogo no Allianz no qual estava desfalcado de Barros e Cuesta — dois dos maiores responsáveis pelo equilíbrio defensivo do time.

Contra o Fortaleza, Diniz sacou Vegetti do time titular e deu chance para Andrés Gómez, reforço do meio do ano. O colombiano foi arma constante pelo lado direito no primeiro tempo. Foi com ele que o Vasco chegou ao ataque pela primeira vez, em um cruzamento depois de uma bela arrancada, na qual Nuno Moreira não completou para o fundo das redes.

O Vasco se portava bem no jogo e assustava em lances de escanteio, cobrados por Coutinho. O jogo caminhava de forma tranquila, até que Hugo Moura, em uma falta infantil, foi expulso e complicou a partida. No entanto, o técnico manteve a estrutura tática do time. E esse foi o grande mérito do treinador.

A equipe demorou a se reencontrar, mas não sofreu grandes sustos ainda no primeiro tempo. Sem a bola, o time fazia uma linha de cinco com Barros e os quatro defensores. Com a bola, o time tinha Coutinho e Nuno para criar, e Rayan e Gómez para correr. Pouco antes do intervalo, Rayan aproveitou um contra-ataque e deixou toda a defesa do Fortaleza na saudade. Belo gol para abrir o placar.

— É um jogador grande, canhoto, rápido, jovem, é um jogador que não precisa tomar distância da bola para chutar e chuta de qualquer distância a bola no gol. Tem muita intimidade com o gol. Um atacante completo, é um cara que para mim merece ser olhado com muito carinho pela Seleção — disse Diniz.

Pressão do Fortaleza e mais um contra-ataque letal

O segundo tempo, em sua maioria, foi do Fortaleza. O protagonista da partida se tornou Léo Jardim, que se redimiu da partida ruim que fez contra o Vitória. Em uma de suas melhores atuações na temporada, o goleiro fechou o gol após o intervalo.

Ávila e Breno Lopes tentaram pela esquerda, mas Jardim fez boas defesas. Bareiro tentou de bicicleta, mas o goleiro evitou um verdadeiro gol de placa no Castelão. Até que Mancuso recebeu cruzamento quase na pequena área e chutou para empatar a partida. Léo Jardim, com um pé, fez a defesa que garantiu o zero no placar do Vasco. A noite era do goleiro vascaíno.

O Vasco sentiu as saídas de Nuno e Coutinho e parou de ter a bola no ataque. O Fortaleza dominou todo o segundo tempo, mas dava espaço na defesa, já que estava desesperado na tentativa do empate. No momento mais perigoso do time da casa na partida, os jogadores que haviam entrado provaram que Diniz mexeu certo. Matheus França acionou Puma Rodríguez, que cruzou para a área. David aproveitou o rebote e fechou a conta no Castelão.

O jogo contra o Fortaleza é mais uma prova de como o Vasco foi certeiro nas contratações do meio do ano. Cuesta e Robert Renan fizeram uma ótima partida e mais uma vez não sofreram gols, assim como já havia acontecido contra o Cruzeiro. Destaque para o colombiano, que tirou todas pelo alto e por baixo.

No ataque, o Vasco ganhou opções para não ser mais dependente de Vegetti. Além de Nuno e Rayan terem decolado com Fernando Diniz, Gómez e França dão opções ao treinador para um estilo de jogo que a equipe de São Januário já precisava há muito tempo, sem ser dependente de cruzamentos pelo alto. O Vasco é outro time no returno.

A equipe não está em uma posição melhor na tabela devido ao início ruim no campeonato, ainda com Carille e Felipe como técnicos. Com Diniz, a equipe também oscilou no início e desperdiçou vários pontos no caminho. É natural que o torcedor do Vasco veja a pontuação atual e se lamente de jogos contra o Internacional, Atlético-MG, Grêmio e Ceará, por exemplo.

Mas agora a preocupação não é mais a parte inferior da tabela. O Vasco produz para entrar na briga por coisas maiores no Brasileirão. Ainda há tempo. Vencer o primeiro clássico neste campeonato, contra o Fluminense, na segunda-feira, no Maracanã, é mais um passo para seguir olhando para cima na tabela.

Fonte: Globo Esporte