Vasco completa 1 ano de SAF neste sábado; confira como foi o período

No dia 2 de setembro de 2022, o Vasco da Gama oficializou a transferência de 70% de seu futebol para o grupo norte-americano 777 Partners.

Executivos da 777 Partners no gramado do CT Moacyr Barbosa
Jorge Salgado e Josh Wander no gramado do CT Moacyr Barbosa (Foto: Daniel Ramalho/CRVG)

O Vasco completa neste sábado um ano da transferência do futebol para a 777 Partners. Em 2 de setembro de 2022, o grupo americano acertou a compra de 70% da SAF e assumiu o controle das operações, em um negócio estimado pelo clube em R$ 1,4 bilhão.

Essas são as contas do Vasco: por contrato, o clube vai receber R$ 700 milhões em investimento até 2026. Além disso, a empresa se comprometeu a assumir até R$ 700 milhões da dívida do clube. Por isso os R$ 1,4 bilhão.

As cifras são altas, mas foi um primeiro ano conturbado. Dentro e fora de campo. Dentro das quatro linhas, o Vasco conseguiu um suado acesso, mas teve seu pior início na história do Campeonato Brasileiro. Nos bastidores, farpas públicas entre clube e SAF e troca de comando na liderança da empresa.

Mais de R$ 300 milhões para o futebol em 2023

Mas não faltou investimento. O ge apurou que o futebol tem um orçamento de mais de R$ 300 milhões na atual temporada. A projeção, no entanto, é de que o valor injetado na pasta em 2023 supere esse número até dezembro. Os recursos vêm sendo usados em contratações, salários, melhorias no CT, logística, gramado e todas operações que envolvem o futebol. De longe, o maior orçamento da história do clube.

Salário atrasado virou coisa do passado no clube, que ampliou os benefícios aos funcionários e de fato cumpriu todas as promessas nesse sentido. Os compromissos com empresários e clubes com os quais negociou atletas, por outro lado, pesam contra a imagem do clube no mercado.

Somente neste ano foram realizadas 26 contratações – dessas, pelo menos três foram parar na corte da Fifa por falta de pagamento: Léo Jardim (Lille), Puma Rodríguez (Nacional) e Capasso (Atlético Tucumán). Dez jogadores tiveram os direitos econômicos adquiridos, que custaram quase R$ 120 milhões aos cofres da SAF.

Além da compra de 10 atletas, o acerto de Payet demandou um investimento maior por parte do Vasco. Entre salários e luvas, o francês recebe cerca de R$ 1,2 milhão por mês, o maior salário do clube.

Para tal investimento, assim como se deu no caso de Vegetti, foram liberados em reunião emergencial do Conselho de Administração cerca de R$ 15 milhões a mais para contratar reforços, dada a situação do time no Campeonato Brasileiro – o Vasco está na zona de rebaixamento desde a sétima rodada.

Os números foram incrementados por conta das receitas. O Vasco não abre os valores, mas projeta ter a maior receita de sua história em 2023, ampliada, entre outras coisas, pelas vendas de atletas (cerca de R$ 115 milhões) e pelo aumento nos valores de seu patrocínio master (recebe mais de R$ 20 milhões da PixBet) – ambas arrecadações sem precedentes na história vascaína.

Investimento tímido no CT

O CT Moacyr Barbosa recebeu melhorias, mas ainda está muito longe do ideal. Antes prioridade da 777 Partners, a reforma e ampliação do centro de treinamentos não tem data para ser colocada em prática pela SAF. Isso porque o Vasco esbarra na regularização do terreno na Cidade de Deus e estuda, inclusive, cogita buscar por outro CT caso não consiga uma solução junto à Prefeitura do Rio.

A prioridade, no entanto, segue sendo regularizar a situação do CT Moacyr Barbosa e esgotar todas as possibilidade antes de partir para uma nova opção. Até porque, mesmo que timidamente, já houve um investimento no local.

O CT recebeu melhorias, mas não teve grandes obras estruturais. O estacionamento foi pavimentado, a academia foi ampliada, os gramados estão em boa qualidade, há uma nova identidade visual. Mas, um ano depois, ainda não ocorreu o investimento pesado que se esperava quando a 777 assumiu o Vasco.

Situação parecida vive o CT de Caxias, onde treina a base, cujo terreno pertence ao Governo Federal. Muito pouco foi feito no local até o momento.

Bastidores agitados e troca de comando

Foi um primeiro ano bastante agitado nos bastidores do Vasco, com direito a desgaste na relação entre clube e SAF no meio do caminho e troca do CEO.

Luiz Mello sofria oposição de dirigentes do Vasco desde antes de assumir como CEO da SAF, e a notícia de que ele sentaria na cadeira mais importante do futebol foi muito mal recebida entre os representantes da associação. Existiu um princípio de trégua entre algumas atuações convincentes no Campeonato Carioca e a boa largada no Brasileirão (com vitória sobre o Atlético-MG na estreia e empate com o Palmeiras em seguida), mas a relação nunca foi inteiramente pacífica.

Também houve ruídos no relacionamento do CEO com Paulo Bracks, diretor esportivo – embora, publicamente, os dois nunca tenham reconhecido isso. Mello, o homem com o poder de liberar ou não um investimento, por exemplo, era visto como uma figura inflexível quanto às finanças, embora o futebol do Vasco tenha recebido o maior orçamento de sua história. A ligação com o Flamengo, do qual era sócio-torcedor, minou de vez sua imagem com a torcida – ele relatou em entrevista ao ge em junho que recebia ameaças de morte.

No mês passado, a 777 anunciou uma troca no comando: Luiz Mello iniciou a transição para trabalhar na sede da empresa na Flórida, nos Estados Unidos, e deixou seu cargo para que Lúcio Barbosa, ex-diretor financeiro, assumisse interinamente. A mudança serviu, sobretudo, para acalmar os ânimos no clube.

Pouco futebol

O início da gestão da 777 no futebol do Vasco foi marcado por uma conquista importante: em novembro, na última rodada da Série B, o time conseguiu o acesso com vitória sobre o Ituano fora de casa. O elenco foi todo montado ainda com recursos da associação, no entanto.

Maurício Barbieri foi o escolhido para comandar a equipe e fez uma campanha dentro do esperado no Campeonato Carioca, com classificação para as semifinais e algumas boas apresentações, em especial contra equipes menores. Da Copa do Brasil em diante, porém, foi que as coisas começaram a desandar.

Na competição de mata-mata, o Vasco não tomou conhecimento do singelo Trem-AP na primeira fase, mas foi eliminado para o ABC na segunda, jogando em São Januário – e, dessa forma, deixou de arrecadar alguns milhões em premiações. Um vexame.

Como se não bastasse, o Vasco teve este ano o pior início de Brasileirão de todos os tempos. Chegou a perdes seis jogos seguidos e, já na sétima rodada, entrou na zona de rebaixamento para não sair mais. No momento, encontra-se em 18º lugar, a cinco pontos de distância do primeiro time fora da degola, com um jogo a menos do que a maioria dos adversários.

Barbieri caiu depois de derrota para o Goiás em São Januário, jogo que terminou com episódios de violência e provocou toda essa situação que diz respeito ao estádio, com proibição de público e briga com o judiciário. Com a chegada do técnico argentino Ramón Díaz e a contratação de reforços, como Medel, Paulinho, Vegetti e Payet, o clube vem ensaiando uma reação no campeonato e enxerga o futuro com um pouco mais de esperança.

Fonte: Globo Esporte

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