Vasco com Diniz: acertos, falhas e o que mudou em 6 meses de trabalho

Com Diniz, o Vasco escapou do rebaixamento, pulou para a 1ª parte da tabela e sonha com o título da Copa do Brasil.

Diniz comemora vitória contra o Fluminense
Diniz comemora vitória contra o Fluminense (Foto: André Durão)

No dia 13 de maio, Fernando Diniz fez sua estreia no Vasco em meio a um cenário de terra arrasada. A equipe estava há oito jogos sem vencer na temporada, ainda sob o comando de Fábio Carille e Felipe, e vinha de dois vexames contra Puerto Cabello e Vitória. A sequência culminou na demissão do diretor de futebol Marcelo Sant’Anna. O péssimo início no Brasileirão ampliava o temor da diretoria diante da ameaça de rebaixamento.

Mas o campeonato ainda estava apenas na oitava rodada. Pedrinho, em sua decisão mais autoral no período em que está à frente da SAF do Vasco, não pensou duas vezes antes de contratar um técnico. Fernando Diniz sempre foi o alvo preferido do presidente vascaíno, pelo casamento de ideias dentro e fora dos gramados. Havia tempo para a equipe se safar do perigo do Z-4.

Seis meses após a estreia do técnico contra o Lanús, na derrota por 1 a 0 em Buenos Aires pela Sul-Americana, o Vasco não está mais na competição internacional, mas escapou do rebaixamento, pulou para a primeira parte da tabela e sonha com o título da Copa do Brasil de 2025. A equipe chegou a pensar em G-7, depois de uma ótima sequência de resultados no Brasileirão, com seis vitórias em sete rodadas. Mas as últimas três derrotas seguidas frearam o ímpeto do clube na competição.

Deu certo

Menos dependência de Vegetti

Diniz tentou implementar o seu estilo de jogo desde o início de seu trabalho. As diretrizes são as mesmas que credenciaram o treinador nos últimos anos. Um time de posse de bola, ofensivo, que joga com uma linha alta na defesa e que agrupa jogadores pelos lados. Se antes o Vasco era refém de jogadas pelas laterais para cruzamentos para Vegetti, a mudança foi drástica. E para melhor.

O Vasco passou a ser um time que trabalha muito bem a posse de bola e com mais ameaças ao gol do adversário. Nuno Moreira e Coutinho ganharam mais protagonismo e se tornaram os cérebros da equipe. Os dois se entenderam bem pela esquerda, agrupados a Tchê Tchê e Lucas Piton pelo setor. Do outro lado, Rayan e Paulo Henrique viraram a velocidade e a força física para escapes.

A explosão de Rayan

Rayan era cercado de grandes expectativas desde muito cedo na base do Vasco, mas é verdade que ainda não havia correspondido à altura no profissional do clube. A chegada de Diniz foi determinante nesse processo. O atacante se transformou com o novo técnico. O atacante passou de questionado a nome observado pela Seleção. Em 2025, explodiu.

Diniz só fez um pedido à direção do Vasco no meio do ano: não vender, sob hipótese nenhuma, o atacante. Pedrinho comprou o barulho do técnico, e o resultado foi mostrado em campo. Rayan tem 12 gols no Brasileirão e se tornou o quarto maior artilheiro desta edição. Na Copa do Brasil, é o segundo jogador com mais gols no torneio. Ele se tornou a principal arma de gols vascaína. A valorização da joia será o maior legado da passagem de Diniz em São Januário.

Resgate de Coutinho

Recentemente, Diniz revelou que Coutinho não queria mais jogar bola, antes da chegada do treinador ao Vasco. O meia sofria para ter sequência de jogos e tinha limitações em treinos e nas partidas. Ele quase sempre era substituído no início do segundo tempo.

Com Diniz, tudo mudou. Coutinho aumentou a carga de treinos durante a semana, sem ser poupado de algumas atividades. O trabalho no CT Moacyr Barbosa foi refletido em campo. O camisa 10 começou a ficar até o fim das partidas e se tornou o maestro do time. Ver Coutinho no campo de defesa iniciando as jogadas do Vasco e aparecendo no ataque para finalizar se tornou algo normal.

Os problemas físicos sumiram, e a qualidade voltou a aparecer. Essa é a melhor temporada em números de partidas e participações em gols do meia desde 2019, quando estava no Bayern de Munique.

Contratação de jogadores

Diniz foi peça fundamental na janela de transferência do Vasco. O treinador foi decisivo em todas as cinco contratações do clube no último mercado, desde a avaliação dos nomes junto a Admar Lopes, Pedrinho e Felipe, até as conversas por telefone com os possíveis reforços. A venda de Luiz Gustavo, que recebeu a primeira sequência no profissional com Diniz, também foi um fator importante para o clube ter caixa para fazer movimentações na janela.

O técnico ligou muitas vezes para Robert Renan, por exemplo, e as negociações foram sacramentadas rapidamente. Cuesta, Andrés Gómez, Matheus França e Thiago Mendes também receberam ligações do treinador do Vasco.

— Meu primeiro contato com o Diniz não foi só um contato, foram vários. Ele me ligou muito (risos). Ele me falou coisas boas do Vasco, que ia me ajudar muito. Os treinos começam 8h no CT e acabam quase 13h. Ele gosta de treinar bastante, tem sido uma experiência incrível — disse Robert Renan em sua coletiva de apresentação.

Arrancada no Brasileirão e sonho com a Copa do Brasil

Se o Vasco recuperou Coutinho, viu Rayan explodir na temporada e os reforços para a defesa encaixaram rapidamente no time titular, os resultados acompanharam em campo. Especialmente de setembro ao início de novembro, a equipe embalou de vez em 2025 e arrancou no Brasileirão e na Copa do Brasil.

Em dois meses, o Vasco só teve uma derrota. Foram seis vitórias e três empates em dez jogos, o que fez a equipe não só se afastar do Z-4, como colar no G-7 e se classificar para a semifinal da Copa do Brasil. Agora, o clube está praticamente garantido na Série A do ano que vem, a três dos mágicos 45 pontos, e sonha com o título do mata-mata mais importante do país.

O Vasco passou a ser um visitante incômodo. A equipe goleou o Santos por 6 a 0 no Morumbis, venceu o São Paulo por 3 a 1 no mesmo estádio e derrotou Fortaleza, Bragantino e Sport longe do Rio de Janeiro.

Ainda não deu certo

Desempenho em São Januário

Ao contrário de outros anos, o Vasco não vai bem no Brasileirão em seu próprio estádio. O time foi derrotado para Bragantino, Corinthians, São Paulo e Juventude em São Januário, além de ter ficado no empate contra Atlético-MG, Ceará e Grêmio. São quatro vitórias (Fortaleza, Bahia, Cruzeiro e Vitória) na Colina Histórica em 11 partidas no Brasileirão sob o comando do treinador.

Números da defesa

Se o ataque vai muito bem, a defesa não mostrou grande evolução. São 48 gols sofridos em 33 partidas, uma média próxima a 1,5 gol sofrido por jogo. Mesmo com Cuesta e Robert Renan, que deixaram ótimas impressões iniciais, o Vasco voltou a ser muito vazado nas últimas três partidas. Foram oito gols sofridos para São Paulo, Botafogo e Juventude. A maioria em erros bobos individuais.

Insistência exagerada?

Nas últimas três partidas, responsáveis por frear a subida do Vasco na tabela do Brasileirão, a maior parte das críticas se voltou ao treinador Fernando Diniz. As insistências em Tchê Tchê e Matheus França não se justificaram, e o técnico foi chamado de “burro” em São Januário após a derrota contra o Juventude.

A alternativa por França de segundo volante, com o time ficando desfigurado no meio de campo, irritou a torcida depois do clássico contra o Botafogo. O treinador insistiu na estratégia no segundo tempo contra o Juventude, o que deixou o time ainda mais vulnerável.

Vegetti é titular? Qual a dupla de volantes?

O Vasco parece ter dois pontos de interrogação no time titular. O primeiro é quem comanda o ataque ao lado do trio formado por Nuno Moreira, Coutinho e Rayan. O segundo é sobre quem faz a dupla de volantes do time com Barros. Se antes as respostas certas eram Vegetti e Tchê Tchê, o camisa 99 e o 3 não vivem um bom momento e se tornaram questionados.

Andrés Gómez e Hugo Moura se firmaram como titulares da posição, mas oscilaram nos últimos jogos. Atualmente, essas são as grandes dúvidas do time titular do Vasco. Diniz quebrará a cabeça no Brasileirão até dezembro para definir o time que entra em campo contra o Fluminense para tentar conquistar o bicampeonato da Copa do Brasil.

Fonte: Globo Esporte

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1 comentário
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    Em time que está ganhando não se mexe. O ditado já t, então o treinador tem que simplificar, está criando dificuldades desnecessárias. Vegetti não pode jogar 90 minutos, as saídas de bola tem que ser pelas laterais, com jogadores que estejam de frete para o ataque e não de costas. Pelo meio, só em oportunidades.

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