Vasco: Cláudio Arnoldi critica Roberto Dinamite

Do site do Casaca, extraímos a carta onde Cláudio Arnoldi faz críticas ao Roberto Dinamite.

Carta aberta a um traidor

(Autor: Cláudio Arnoldi)

Meu caro “presidente”, aqui quem fala é um torcedor do Velho Vasco, aquele mesmo que você defendeu durante anos com certa dignidade, embora nunca tenha torcido por ele e tenha falado certa vez como jogador de seu arqui-rival. Falo como torcedor do clube ao qual você deve sua carreira de maior artilheiro do Campeonato Brasileiro e seus inúmeros mandatos como deputado. Clube pelo qual você se sagrou campeão estadual inúmeras vezes e nacional em 1974. Clube cujas tradições você maculou após se tornar presidente e criar esse engodo conhecido como Novo Vasco que anda (ou melhor, rasteja) por aí.

A primeira vez que fui ao Maracanã, “presidente”, foi para vê-lo perder um penalti e o jogo contra o Fluminense por dois a zero, num longínquo domingo do ano de 1987. Eu, que tinha apenas seis anos, saí do estádio com lágrimas nos olhos, mas mal sabia que aquela não seria nem a primeira nem a única vez que o senhor me causaria tristeza, e que diante do que estava por vir, aquele dia fatídico me pareceria parte de um “Diário de Pollyanna”.

O tempo passou, e de lá pra cá, meu Velho Vasco, dirigido com bravura pelo seu atual desafeto Eurico Miranda, sagrou-se campeão de quase tudo que podia, e se não ganhou tudo, foi porque a sorte ou a canalhice não quiseram assim. O senhor, nesse meio tempo, ganhou alguns estaduais, encerrou a carreira de maneira brilhante graças ao seu desafeto e, a despeito de algumas gafes como vestir uma faixa de trivice estadual na tv, manteve com o clube que o projetou uma relação de cordialidade e respeito.

Quis a sua vaidade pessoal e seu senso de oportunismo (que sempre esteve para além das quatro linhas), que num corriqueiro jogo contra a Ponte Preta, pelo Torneio Rio São Paulo de 2002, o senhor se sentisse incomodado quando lhe disseram que não poderia estar numa área reservada da social do Vasco e bradasse aos quatro ventos que havia sido expulso do local. Pior. Depois disso, juntou-se a uma corja que nunca fez nada pelo clube e fez de seu anseio por vingança contra seu dito algoz uma obsessão.

O resultado de disso, meu caro, todos nós sabemos. Ao tomar partido da Oposição AO Vasco e deixar que ela criasse um factóide em torno de sua imagem, o senhor ajudou a inviabilizar o clube financeiramente, endossandoo denuncismo anti-vascaíno que a imprensa mulamba tão bem soube usar. Ao ter sua vingança, o senhor e seus comparsas não só descumpriram promessas de “dois craques engatilhados” e “filas de patrocinadores na porta”, como jogaram uma história mais que centenária na lama em seis meses, ao rebaixar nosso clube para a segunda divisão.

Voltamos pela força da nossa camisa (tão manchada com modelos horríveis e patrocinadores indígnos), mas não satisfeito com isso, o senhor e sua turma transformaram nosso clube num balcão de empresários com patrimônio maquiado e torcida anestesiada. No futebol, o reflexo disso tudo foi um fracasso nos tribunais e o no campo, cujo auge se deu nas derrotas para Resendes, Boavistas e Nova Iguaçus da vida. Esse é o retrato mais fiel do Novo Vasco, esse mostro que sua gestão criou, mas não se iluda: seus aliados, um a um, o estão abandonando. Em breve, serão os mercenários daquelas organizadas que trocam sua fidelidade ao clube por ingressos e materiais novos. Esses neo-vascaínos saradões de abadá, verdadeiros pit-bulls do Vasco que o Flamengo adora, não pensarão duas vezes em queimar aquela camisa ridícula na qual nosso símbolo maior dá lugar ao número que o senhor usava nas costas.

Esse Novo Vasco não dá liga, é mais falso que nota de três e não faltarão vozes para se insurgir contra ele. Junho está aí, e não creio que nenhum vascaíno, por mais acéfalo ou inconsciente que seja, ainda confie num presidente cuja moral (?) é destituída por um atleta que pouca ou nenhuma moral tem para isso. Quando estiver sozinho de vez, “presidente”, não adiantará chorar nos ombros daquele que mais fez pelo senhor, porque agora é demasiado tarde.

Para concluir, quero lembrar que Dante destina a mais profunda e cruel parte de seu inferno aos traidores, e não creio que lhe haja lugar mais apropriado depois de tudo que fez de ruim ao nosso clube. Vamos ver se depois da desgraça consumada, o senhor manterá o riso sardônico e hebefrênico de sempre.

Cláudio Arnoldi

Fonte: CASACA!

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