Vasco é o Brasil na Sul-Americana

Não era difícil antecipar, como fiz no blog de ontem, que o Vasco se classificaria para as quartas de final da Copa Sul-Americana. O time do Vasco, ainda que sem alguns de seus titulares, é muito superior ao do Aurora, capaz de render bem e de ganhar quando se prevalece da vantagem da altitude, como aconteceu no primeiro jogo, que venceu (3 a 1) na Bolívia.

O Vasco teve atuação irretocável desde o início em que abriu o caminho para a vitória, logo nos primeiros quinze minutos, quando já vencia (2 a 0), até terminar o primeiro tempo com a vantagem de 3 a 1. O placar levaria o jogo à decisão nos pênaltis, mas o Vasco deixou claro que no segundo tempo teria todas as condições de confirmar a classificação. O que confirmou com todos os méritos.

Juninho foi o destaque do jogo, sem que haja nenhuma surpresa nisso. O veterano meio-campo reapareceu em grande estilo, esbanjando a técnica refinada que o mantém entre os principais jogadores do país e a precisão nos passes como nas jogadas dos quatro primeiros gols, até sair ovacionado quando o placar já mostrava 6 a 2.

Bernardo também merece registro à parte pelos dois gols que marcou, especialmente o primeiro, logo aos oito minutos, com dribles desconcertantes e uma finalização precisa. Gostei também do que ele disse, ao sair de campo no intervalo: “A torcida tem que parar de nos vaiar. O Vasco é único. é um só e estamos todos no mesmo barco”. Perfeito, Bernardo.

O Vasco precisa pensar em melhorar a defesa. Desde que Anderson Martins saiu, o setor ficou fragilizado. Os substitutos a que tem recorrido – Renato Silva, Vítor Ramos e Douglas – estão em nível bem abaixo, sem inspirar confiança. O próprio Dedé – faço questão de repetir -, não é tudo isso que muitos, no clube e na crônica, pensam, ao cúmulo de chamá-lo de mito. É limitado e sem tantos recursos.

Foi o que se viu com clareza, mais uma vez, ontem à noite. O miolo da defesa falhou em dois dos três gols, obrigando até o goleiro Fernando Prass a cometer pênalti. É preciso que quem projeta o futebol do Vasco tenha consciência da grande importância que representa para o clube a volta à Copa Libertadores da America.

O Vasco vai precisar de muita sorte na reta final do Campeonato Brasileiro, em que só depende da própria competência para ser campeão, porque sua defesa não inspira a mínima confiança. É frágil, marca mal, sem recursos técnicos. Salva-se o lateral Fagner, a meu juízo melhor no apoio do que na marcação, mas um jogador criativo e inteligente, consciente nos cruzamentos.

Bernardo 1 a 0 aos 8 minutos. Andavéris empatou aos 15. Alecsandro usou a cabeça nos cruzamentos de Juninho para fazer 2 a 1 aos 38 e 3 a 1 aos 43 minutos. No segundo tempo, logo aos quatro minutos Leandro fez 4 a 1 e Juninho ampliou para 5 a 1 aos 24, convertendo o pênalti de Mendez em Fagner. Um minuto depois, pênalti de Fernando Prass em Reinoso, Peña fez o 2º gol do Aurora.

O sexto gol foi outra jogada primorosa de Bernardo, depois da troca de passes de Alan e Juninho. Bernardo concluiu aos 32 e a bola ainda tocou no travessão antes de entrar. O zagueiro Douglas, de cabeça, marcou o sétimo gol aos 36. Segóvia, aos 42, fez o terceiro do Aurora. Alan completou a goleada aos 47 minutos.

O Vasco jogará nas quartas de final com o Universitário (Peru), que eliminou o Godoy Cruz (Argentina). O primeiro jogo será no Estádio Monumental de Lima, quarta-feira 2 de novembro, e o segundo jogo será em São Januário, uma ou duas semanas depois. O vencedor de Vasco x Universitário jogará nas semifinais com o vencedor de Arsenal de Sarandí (Argentina) x Universidad do Chile, que eliminou o Flamengo.

O Vasco recomeça hoje a preparação para o jogo de domingo, em São Januário, com o São Paulo. Pelo que mostrou ontem à noite, Bernardo deverá ser o substituto de Diego Souza. Na vaga de Fagner, também suspenso pelo terceiro cartão amarelo, é possível que o técnico Cristóvão Borges opte por Alan. Embora meio-campo de origem, ele tem correspondido sempre que entra na lateral.

Fonte: blog do deni menezes