Vasco alega falta de garantias e aciona a 777 Partners na Justiça
O Vasco da Gama associativo citou o o artigo 477 do Código Civil para ter garantias da saúde financeira da SAF vascaína.
O Vasco associativo entrou na Justiça contra a 777 na terça-feira. A ação cautelar corre em segredo na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O movimento busca ter garantias da saúde financeira da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), citando o artigo 477 do Código Civil.
O texto do artigo diz o seguinte: “Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la”.
O caso é tratado em sigilo pela diretoria de Pedrinho, que não comenta o caso, mas faz parte de movimento de ruptura com a 777, acusada de fraude em processo na Justiça dos EUA, o que causou dúvidas nos dirigentes do associativo sobre o futuro da empresa à frente da SAF vascaína.
A 777 Partners foi procurada, mas não se pronunciou.
A ação tenta resguardar o Vasco em caso de possível penhora das ações da SAF vascaína e para o caso de a 777 colocar a SAF como garantia em caso de falência ou insolvência da 777. Pedrinho e seus pares entendem que o grupo americano passa por dificuldades e não estão convencidos de que vão conseguir manter os compromissos com o Vasco e querem repassar a SAF para outro investidor.
Em entrevista ao ge na última semana, o vice-presidente jurídico Felipe Carregal Sztajnbok chegou a relatar conversa com Josh Wander, que respondeu a respeito das notícias preocupantes que era “tudo especulação”.
— Obviamente, não estamos tranquilos. Muito menos convencidos da capacidade financeira da 777 — disse na semana passada ao ge o vice-presidente jurídico do Vasco.
Até o momento, a 777 comprou 31% das ações da Vasco SAF, com os aportes já realizados. Outros 30% pertencem ao Vasco pelo acordo de acionistas, e 39% estão comprometidos a depender dos aportes previstos para setembro de 2024 e setembro de 2025. A ação do clube não prevê diluição dos 31% já adquiridos pela 777. O que significa que permanecem sob posse da empresa americana.
Interessados na compra
Existem movimentos de interessados em comprar a fatia da 777. No primeiro momento, a empresa americana recusou consultas de venda da sua participação como sócia majoritária do futebol no Vasco.
Há interesse de uma empresa do grupo Crefisa – conforme noticiado anteriormente pelo jornalista Jorge Nicola -, patrocinadora do Palmeiras, e sondagem de companhias de fora do país, como a Fenway Sports Group. O grupo americano, que é dono majoritário das ações do Liverpool, acenou com investimentos em rede multiclubes, como o fundo árabe do grupo City.
O ge consultou a Crefisa sobre o assunto, que negou contato sobre compra do futebol do Vasco. Recentemente, em participação no programa “Roda Vida,” a presidente do Palmeiras e do grupo Crefisa, Leila Pereira, também negou que fosse investir no Vasco. Os valores, em primeiros contatos, estavam abaixo do que o grupo americano já colocou no futebol vascaíno.
Duas notificações
Durante a campanha presidencial do Vasco, em outubro de 2023, Pedrinho fez visita a José Roberto Lamacchia, marido de Leila Pereira e sócio-proprietário da Crefisa. Na ocasião, Lamacchia disse que “caso você seja eleito presidente do Vasco da Gama, eu tenho interesse em colocar o nome da Crefisa nos naming rights de São Januário”.
Recentemente, o departamento jurídico do Vasco se movimentou com duas notificações extrajudiciais contra a 777. Numa delas, pedia garantias do aporte de setembro – o maior previsto em contrato, de cerca de R$ 300 milhões, com correção monetária. Em outro, citava possível descumprimento da Lei das SAFs e do acordo de acionistas, em razão de possível troca de comando da empresa americana, de acordo com informações da ação de um fundo inglês contra a 777 nos EUA.
Situação atual
Até o momento, a 777 está em dia com suas obrigações no Vasco. Em outubro de 2023, houve atraso de alguns dias no pagamento de R$ 110 milhões.
Apesar dos conflitos, o clube, através do vice-presidente jurídico Felipe Carregal Sztajnbok, já afirmou que continuará com o modelo de SAF, “mesmo num cenário de saída da 777”.
O maior aporte de todos está previsto para setembro deste ano. Em 2023, segundo o balanço publicado no último dia 30, a SAF do Vasco teve prejuízo de R$ 123 milhões.
Fonte: Globo Esporte