Vascaíno explica projeto e doação de camisas do Vasco ao Malawi

O vascaíno Thiago Oliveira ajuda um campo de refugiados no Malawi e doou cerca de 50 camisas do Vasco da Gama.

Thiago Oliveira com crianças no Malawi
Thiago Oliveira com crianças no Malawi (Foto: Arquivo pessoal)

Como cerca de 50 camisas do Vasco foram parar nas mãos de crianças em um campo de refugiados no Malawi, país no sudeste da África? O ge entrevistou Thiago Oliveira, um voluntário brasileiro em diversas missões humanitárias, apaixonado por futebol — e vascaíno —, que foi o responsável por levar solidariedade, alegria e dezenas de camisas do clube até o outro lado do mundo.

O Malawi é um dos países mais pobres do planeta, com 70% da população vivendo abaixo da linha da pobreza internacional. No país, há o campo de refugiados Dzaleka, criado em meados da década de 1990, que abriga mais de 60 mil pessoas. O local recebe pessoas do Congo, Burundi e Ruanda.

Com a ajuda de organizações humanitárias, como a Fraternidade Sem Fronteiras, o local recebe água, alimentos, atendimentos e, principalmente, esperança.

Thiago conheceu o campo de refugiados através de amigos da FSF em 2019, durante uma viagem para a África. Em duas semanas, o voluntário criou uma conexão forte com o país e a organização. A partir dali, o carioca que trabalha com marketing nunca mais esqueceu o Malawi.

— Eles tinham acabado de iniciar o projeto no campo de refugiados, chamado Dzaleka. O Malawi já é um dos países mais pobres do mundo, já tem uma série de questões, mas imagina um campo de refugiados dentro de um dos países mais pobres do mundo. Eu fiquei lá por cerca de duas semanas e foi o tempo suficiente para criar uma conexão muito forte, não só com o projeto é, mas também com as pessoas de lá, com alguns refugiados — disse Thiago.

Uma das conexões que criou na viagem foi a com “Coach Malaki”, um refugiado congolês ex-jogador de futebol que trabalha dentro da organização, ajudando milhares de pessoas no Malawi. Ele dá aulas de futebol e educação física para as crianças do projeto, além de ter uma escolinha de futebol específica para crianças refugiadas. Pelo esporte, Thiago se aproximou dele e desde então são grandes amigos.

— Eu comecei a ajudar não só o Fraternidade Sem Fronteiras, mas também o projeto dele. Em 2021, em uma das caravanas da organização, eu conhecia algumas pessoas que iriam viajar. Aproveitei a oportunidade e mandei uma mala cheia de camisas do Vasco. Eu já falava do Vasco para eles. E o coach já conhecia o clube, por ser do futebol também.

Mas Malaki não parou em distribuir as camisas. Como forma de homenagem ao amigo Thiago, o congolês nomeou uma das ligas internas de futebol do campo de refugiados como “Vasco da Gama League”. As imagens das crianças com as camisas viralizaram nas últimas semanas nas redes sociais.

— Esse relacionamento um pouco mais forte com o Vasco começa desde 2021. Agora, em outubro de 2025, tive a oportunidade de retornar ao campo de refugiados, ao projeto da Fraternidade Sem Fronteiras, e eu levei mais uma série de camisas para atualizar um pouquinho o pessoal lá.

— Nessa viagem, eu postei uma foto ou outra ali nas redes sociais, mas meus amigos vascaínos ficaram que eu precisava compartilhar isso, mostrar isso para todo mundo. Quando eu vejo, tomou uma proporção absurda. Não esperava e nem fazia parte do meu objetivo, mas foi muito legal porque me dá a oportunidade de dar mais visibilidade para o projeto.

Thiago explicou como funcionam os campeonatos amadores no campo de refugiados. Segundo ele, há organização das competições, com súmulas, tabelas e até árbitros.

— Eles fazem várias ligas de futebol. Algumas recebem times de fora do campo de refugiados também. Eles têm mais de um campo de terra batida, mas é tudo organizado. Tem árbitro, bandeirinha, tabela, súmula. Eu tive a oportunidade de assistir alguns desses jogos. Fica muita gente ao redor assistindo. Acontece o gol, a galera invade o campo. O juiz apita, o pessoal respeita, todo mundo sai para o jogo continuar.

— Uma dessas ligas eles carinhosamente deram o nome de Vasco da Gama League, uma que é só para as crianças. Eles têm toda essa organização também, sub-10, sub-12, sub-15 e sub-17.

A prática do esporte e o carinho pelo Vasco trouxeram alegria às crianças de Dzaleka, que vivem com uma série de problemas e preocupações em um lugar carente de infraestrutura e atenção. Thiago destacou que ver as crianças tendo um momento de distração em um ambiente tão conturbado é algo que traz alegrias para os voluntários.

— É muito legal ver realmente é como elas pegaram o gosto de querer aprender músicas. O vídeo em que elas aparecem gritando “Vasco” não foi nenhuma coisa que partiu de mim, partiu delas. A minha ideia é ensinar o “Casaca” agora.

— É muito legal ver todo esse movimento. Por mais que elas tenham uma vida muito difícil, com acesso precário até a alimentação, as crianças ali em uma hora jogando futebol, batendo bola com a camisa do Vasco, podem esquecer um pouco de tudo isso e desfrutar mesmo daquele momento. Podem se sentir criança mais uma vez. É uma coisa que me dá muito prazer de poder estar presente, ainda que distante, na maioria das vezes. Mas estar presente no projeto, fazer parte e continuar contribuindo. É uma coisa que nutre o meu coração de uma maneira muito forte.

Thiago Oliveira é um dos vários voluntários brasileiros que ajudam de alguma forma pessoas e lugares que precisam de mais cuidado e atenção. Ele incentiva quem se interessar em ajudar, porque há vários lugares que precisam de suporte, não só no Malawi, como no Brasil também.

— Hoje tem cerca de 70 mil pessoas ali. O projeto da Fraternidade Sem Fronteiras, por mais incrível que ele seja e que cresça ano após ano, ele hoje só consegue beneficiar cerca de 3500 pessoas. Isso já é um baita trabalho, muito bonito, mas ainda assim, 3500 dentro de um universo de 70 mil pessoas, você vê que ainda é muito pouco dentro daquela comunidade ali. Então, quanto mais pessoas a gente tiver olhando, ajudando e contribuindo de alguma forma. Nem que seja contando a história do campo. Todos são bem-vindos — afirmou o voluntário.

Através da ajuda de Thiago e do carinho que a comunidade de Dzaleka desenvolveu por ele, o Vasco ganhou mais alguns torcedores do outro lado do mundo. E não vai parar por aí.

— No ano que vem, a expectativa é voltar lá e levar mais camisas e , de repente, juntar os meus amigos vascaínos e fazer uma força tarefa. Ver se o pessoal me ajuda, porque às vezes não só com camisas também, mas se eu puder levar material, bola, cone, como eu já fiz também outras vezes e continuar melhorando a estrutura do projeto. Eu tenho esse compromisso com o coach Malaki, de fazer o projeto crescer, de abraçar cada vez mais crianças. Agora vamos levar ainda mais visibilidade para o projeto.

Fonte: Globo Esporte

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