Trabalhos de Rodrigo Caetano e Felipe Ximenes

Os trabalhos de Rodrigo Caetano no Vasco e Felipe Ximenes no Coritiba que superaram dificuldades.

A vaga para a final da Copa do Brasil não serve apenas para Vasco e Coritiba comemorarem a possibilidade de um título inédito, mas também para comprovarem a superação de duas equipes campeãs brasileiras, que chegaram a amargar uma recente queda para a Série B e hoje estão em alta. Pouco tempo depois de uma fase com muitos problemas dentro e fora de campo, os clubes vivem um momento de entusiasmo com a proximidade de uma conquista histórica.

De 2003, quando foi campeão carioca, para cá, o Time da Colina conquistou apenas o título da Série B, em 2009. Agora, o Vasco vê, na final da Copa do Brasil, uma grande chance de acabar com a incômoda marca. Neste período, o clube sofreu muito com as constantes brigas políticas e o rebaixamento no Brasileirão 2008. Um ano depois, Rodrigo Caetano, diretor executivo, não chegou a montar uma grande equipe, mas apostou em um grupo liderado por Carlos Alberto para conquistar a Segundona e trazer o Cruz-Maltino de volta. Deu certo.

Com o retorno à elite do futebol nacional,  o Vasco passou um 2010 morno, sem conquistas ou grandes riscos. Este ano, após um início preocupante no Campeonato Carioca, o time subiu de produção após a chegada de Ricardo Gomes para o lugar de PC Gusmão e a contratação de reforços como Diego Souza, Alecsandro e Bernardo. Além disso, o clube acaba de repatriar um dos maiores ídolos da torcida: Juninho Pernambucano.

Coxa tenta esquecer o vandalismo da torcida na queda em 2009

O momento também deve ser muito comemorado pelo Coritiba, que passou por muitos problemas após a queda para a Série B em 2009 e as lamentáveis cenas de vandalismo após o jogo contra o Fluminense, que selou o descenso. O clube acabou punido com a perda do mando de campo em dez jogos e R$ 5 mil de multa, impostos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Mas 2010 foi o ano da volta por cima. No Estadual, título de forma antecipada em cima do Atlético-PR. Com a punição imposta pelo STJD, o Coxa teve que começar o Brasileirão da Série B longe do Couto Pereira. Por isso, acabou mandando seus jogos na Arena Joinville, em Santa Catarina. Mesmo assim, o time comandado por Ney Franco conseguiu seu objetivo e conquistou o título com sobras.

Além do atual treinador da Seleção Brasileira Sub-20, outro nome menos conhecido também ajudou muito neste processo de reconstrução. Ex-funcionário do Vasco, Felipe Ximenes, coordenador de futebol do Coxa, foi um dos responsáveis pela montagem da equipe que obteve 24 vitórias consecutivas e superou o recorde que era do Palmeiras, de 22, na temporada de 1996. Além disso, o time foi bicampeão paranaense, invicto.

Na semana do primeiro jogo da grande final da Copa do Brasil, o GLOBOESPORTE conversou com os homens que coordenam o dia a dia do futebol de Vasco e Coritiba. Confira as respostas na entrevista abaixo.

Qual foi sua maior dificuldade nesse período no clube?

Rodrigo Caetano – O início com a Série B. Ninguém imagina o que era para nós entrar em uma competição podendo ter apenas um resultado. Não era só subir, tinha de vencer. O clube vivia com muita dificuldade financeira, falta de credibilidade no mercado… A gente tinha de trazer jogadores que estavam dispostos a aceitar o desafio, e não os que o clube gostaria de contar. Quando saí do Grêmio, sabia da dificuldade, mas não imaginava encontrar um cenário tão ruim. Muitos trabalharam para que o clube pudesse dar a volta por cima, e só quem passou por aqui sabe das dificuldades. Em 2010, o ano foi de afirmação, com altos e baixos. A questão financeira também sempre foi um problema. Mas agora tudo está alinhado e caminhando bem. Isso tem reflexo em campo. Quando conseguimos cumprir todas as obrigações com funcionários e jogadores, tudo tende a dar mais certo. A perspectiva de futuro é ainda melhor.

Felipe Ximenes – Aplicar uma nova metodologia de ação no departamento de futebol de um
grande clube é um desafio imenso, intenso e diário. Penso que a integração de todos os setores do clube em torno da causa de reconstrução do Coritiba foi o maior desafio enfrentado até agora.

Imaginava disputar a final de uma competição tão importante pouco tempo depois de voltar para a Série A?

RC – A Copa do Brasil esteve perto em 2009 Ali, sim, não imaginávamos e por pouco não eliminamos o Corinthians na semifinal. Deixamos a competição invictos. Ano passado, esperávamos um resultado melhor e ficamos nas quartas. Está batendo na porta há muito tempo. O que eu percebo é que nos planejamos para chegar aqui, e agora espero poder realizar esta história. Nosso planejamento também se iniciou em 2009. Hoje temos uma mescla de jogadores que viveram aquele ano, outros que chegaram no ano passado e ainda alguns no decorrer desta temporada.

FX – Chegar à disputa de uma competição nacional como a Copa do Brasil era
um desejo antigo de toda a torcida coxa- branca. É motivo de orgulho, porém pela grandeza do clube, já deveria ter acontecido antes. Por ser uma competição de estratégia e não de regularidade, penso que o fato de termos disputado a Série B no ano passado não influenciou muito.

Qual seria a importância do título da Copa do Brasil para você?

RC– É um sentimento duplo. Primeiro, a satisfação de ver todo o planejamento sendo realizado. Este é o ápice de um ciclo. Vamos ter tranquilidade para projetar o clube no próximo ano, fora o retorno ao maior torneio de clubes da América do Sul (Libertadores). Segundo, o sentimento pessoal. Passa um filme das dificuldades que vivemos aqui e esse filme nos dá muito mais força nesses dias. Estas cenas precisam servir de combustível para todos. É difícil mensurar isso, mas a ansiedade já toma conta de todos nós. Tem de tentar ser o mais profissional possível para ansiedade não atrapalhar. Lembrar também que o Coritiba vive o mesmo sentimento. Mas espero que desta vez não bata na trave

FX – Ficarei muito feliz, mas trabalho em um clube de aproximadamente 1 milhão de torcedores, com vários investidores, uma carta de quase 30 mil sócios, um grupo de atletas e funcionários que absorveu o projeto de corpo e alma e uma diretoria que dedica tempo e abdica de seus trabalhos para o clube. Sinto-me uma peça importante desta engrenagem, mas muito pequena perto da grandeza do clube.

Qual o percentual de participação da sua função nessa boa fase do clube?

RC – É difícil definir esse grau de participação no resultado. Acho que a função de executivo vem ganhando espaço no futebol, vem sendo reconhecida. Viu-se hoje que os clubes necessitam de profissionais na área de gestão. Cada um coloca a sua contribuição: diretoria, comissão, jogadores… A exigência profissional hoje faz com que as coisas sejam divididas. Antes, o treinador era responsável pelo insucesso, mas hoje não é assim. Sou mais um suporte, um staff importante para comissão e para os atletas. Estou no dia a dia com eles e faço a ponte para os outros ramos do clube. Ficaria muito feliz com o título, seria o gostinho de dever cumprido.

FX – Eu me dedico ao Coritiba na totalidade de meu tempo e acredito fazer um bom trabalho, mas não me sinto à vontade para esta avaliação.

Até que ponto o resultado dessa decisão influencia seu futuro no clube?

RC – Vasco e Coritiba cumpriram quase o mesmo caminho, mas aqui com mais apelo, torcida, visibilidade, responsabilidade e pressão também. Mas o meu futuro não está à frente do futuro do clube. No momento, tudo é secundário. Se conquistarmos o título, aí sim individualmente podemos nos dar o direito de pensarmos algo diferente. Mas só lá na frente. Com toda sinceridade, agora não há como falar nada.

FX – O mais interessante deste questionamento é o que ele representa: o resultado se sobrepõe ao trabalho. Não gostaria que o meu futuro profissional estivesse muito atrelado à conquista ou não de um título. Prefiro pensar no que esta conquista poderá representar no futuro do Coritiba.

Fonte: globo esporte

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