Thiago Maciel relembra participação no milésimo de Romário pelo Vasco
O ex-lateral-direito Thiago Maciel foi o autor do cruzamento que deu origem ao pênalti cobrado por Romário a favor do Vasco.

No dia 20 de maio de 2007, na vitória por 3 a 1 do Vasco sobre o Sport, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, em São Januário, Romário, aos 41 anos, chegou ao milésimo gol. O marco histórico na carreira do Baixinho, de pênalti, completa 18 anos hoje e traz boas recordações à torcida cruz-maltina. Um detalhe curioso é que não foi só Romário que saiu feliz naquela noite de domingo. Thiago Maciel, ex-lateral-direito, teve grande participação para o feito acontecer. Autor do cruzamento que deu origem à penalidade a favor do Vasco, Thiago relembrou o fato e brincou que ainda é lembrado pelos torcedores.
O gaúcho de 42 anos chegou ao Rio de Janeiro em 1999 para um período de teste. Nas categorias de base, foi aprovado no sub-17 e deu início à trajetória no clube. De 2004 a 2007, esteve no profissional e destacou ter um sentimento de gratidão pelo Gigante da Colina. “O Vasco me deu a oportunidade de realizar meu sonho. Além de me formar como atleta, me fez um homem. Sempre vou carregá-lo comigo”, compartilhou.
Os quase 20 mil vascaínos presentes no Caldeirão e o elenco do Cruz-Maltino já esperavam que o gol mil do Baixinho sairia em breve. Thiago destacou que os jogadores estavam na expectativa de saber quem daria a tão aguardada assistência para o ex-camisa 11. O Vasco vencia por 2 a 0 no primeiro tempo, com gols do ex-atacante André Dias. Em seguida, logo aos dois minutos da segunda etapa, aconteceu o lance histórico: Thiago Maciel cruzou de direita, a bola bateu nas mãos de Durval, ex-zagueiro do Sport, e o árbitro marcou pênalti.
De bola parada, assim como Pelé, Romário chegou ao milésimo gol, o terceiro do Vasco na partida. Após deslocar o ex-goleiro Magrão na cobrança, recebeu a família em campo, chorou e deu a volta olímpica em São Januário. De acordo com Thiago, foi um grande privilégio jogar ao lado do craque.
“Em 1994, com 12 anos e ainda lá no sul, vibrei muito com o Brasil tetracampeão do mundo. Não poderia imaginar que, 11 anos depois, estaria jogando com ele. Carrego essa oportunidade com o maior prazer. Me senti muito honrado. Essa história, ninguém vai tirar de mim”, disse, emocionado.
Thiago, que jogou com o ídolo entre 2005 e 2007, relembrou os momentos vividos no Vasco e comentou que o Baixinho era um pouco fechado: “de vez em quando ele brincava, mas nos cobrava bastante. Na saída de bola, nunca gostou que a gente desse chutão, tinha que sair jogando. Não podia ficar desligado e nem se esconder. Se a bola chegasse em condição para ele, o caminho do gol já estava traçado. Romário era letal.”
O ex-lateral se considera um ‘co-autor’ do gol mil pela construção da jogada. Thiago pegou a bola ainda na defesa adversária e fez a ultrapassagem, de onde saiu o cruzamento. Ofensivamente, a equipe tinha um lado direito forte. Mas, sem a presença do Baixinho, garantiu que nada seria possível.
Depois de 18 anos, para Thiago Maciel, ainda é importante ser reconhecido. “Tem alguns torcedores que me param e falam que estavam em São Januário. Fico muito feliz até hoje, principalmente por ter sido um momento marcante para um jogador espetacular”, comentou.
Dias após a partida, para a surpresa do elenco, Romário, feliz com a meta atingida, pagou um churrasco para os companheiros. “Ele era muito pão duro, não pagava nem um café (risos). Foi a primeira vez que o vi colocar a mão no bolso. Ali, percebi o quanto ficou emocionado. Ele nos agradeceu, porque viu que todos nós estávamos empenhados em ajudá-lo”, finalizou o ex-jogador.
Pelé, Romário e Túlio
Além de Pelé e Romário, Túlio Maravilha, também de pênalti, marcou o milésimo gol na carreira pelo Araxá (conforme contagens não oficiais). No dia 8 de fevereiro de 2014, no jogo contra o Mamoré, pela segunda divisão do Campeonato Mineiro, Túlio, aos 44 anos e utilizando a camisa 999, realizou mais uma de suas metas na carreira.
Para o ex-atacante, o trio está eternizado na história do futebol. “Nós fomos artilheiros, ganhamos títulos e fizemos mil gols. Eu e o Romário sempre comentamos que nós éramos o pesadelo dos zagueiros. Faz muito tempo que não tem mais jogadores assim. A gente promovia os jogos e sempre provocamos o adversário, no bom sentido, claro. Era uma rivalidade sadia e que está em falta. Fomos ‘marqueteiros’. Acho que a galera que nos assistiu sente saudade”, comentou.
Segundo Túlio, o momento significou o encerramento de sua carreira, que durou mais de três décadas: “foi o final de tudo que conquistei, que sirva de lição para os jovens que pretendem alcançar sucesso na carreira, que eles procurem se superar a cada ocasião e ter muita perseverança nos treinos. Basta correr atrás.” Os três foram os únicos jogadores brasileiros que alcançaram a marca.
Fonte: O Dia