Sócios pedem apuração de possível conflito de interesses de Alan Belaciano no Vasco
Grupo de sócios pedem para apurar possível conflito de interesses e gestão temerária de Alan Belaciano no Vasco da Gama.

Na última sexta-feira, um grupo de cerca de 100 sócios do Vasco enviou ofício ao presidente Pedrinho e aos presidentes dos outros quatro poderes do clube e ainda para o CEO Carlos Amodeo em solicitação de esclarecimentos do caso de suposto conflito de interesses e gestão temerária do presidente da Assembleia Geral, Alan Belaciano.
A mobilização é parte do movimento que começou em meados de janeiro e foi retomada depois de 100 dias sem resposta por parte dos poderes do clube aos questionamentos de transparência da participação de Belaciano nas negociações com credores trabalhistas no processo de recuperação judicial do clube e da SAF.
Ainda no dia 18 de janeiro, João Riche concedeu, então, 15 dias para Belaciano apresentar esclarecimentos. No prazo final dos primeiros 15 dias, concedeu mais 30 dias a Belaciano. Passaram 115 dias desde o primeiro pedido de explicações dos sócios.
O ge entrou em contato com a assessoria de imprensa do Vasco para saber se haveria resposta ao ofício endereçado a Pedrinho, a Riche, a Belaciano e também ao presidente do Conselho Fiscal, João Amorim, e ao presidente do Conselho de Beneméritos, Luis Manoel Fernandes. Mas não houve retorno.
Os ofícios enviados na última sexta incluem a assinatura de sete conselheiros eleitos com Pedrinho – e um suplente, o ex-médico do Vasco Clóvis Munhoz. No requerimento, os sócios pedem ao presidente do Conselho Deliberativo, João Riche, a abertura de comissão de inquérito para apuração do caso.
“…há indícios de que o Sr. Alan Belaciano atuou simultaneamente em ‘dois lados’ de matérias sensíveis ao Clube: por um lado, representando interesses de terceiros credores em ações judiciais contra o CRVG, e por outro, conduzindo ou participando de negociações em nome do próprio CRVG e, possivelmente da Vasco da Gama SAF, para quitação de passivos trabalhistas. Tal situação, se comprovada, configuraria grave conflito de interesses, violando princípios basilares de lealdade e zelo com o patrimônio do Vasco, além de possivelmente enquadrar-se como ato de gestão temerária nos termos do nosso Estatuto”, diz um trecho do novo documento.
O presidente do Conselho Deliberativo, João Riche, abriu duas comissões de inquéritos em junho de 2024, uma para investigar a venda da 777 na gestão do presidente Jorge Salgado, e outra para apurações da gestão de Alexandre Campello, com prazo inicial de 120 dias, prorrogáveis por mais 120 dias. Já passaram mais de 320 dias desde a criação das duas comissões e não houve relatório levado ao Conselho Deliberativo do Vasco.
Um dos ofícios foi enviado também ao presidente Pedrinho, citando declaração a respeito do caso – “o Alan pode explicar melhor sobre isso aí, mas ele já saiu” – e pedindo esclarecimentos formais sobre possível afastamento dos casos de credores trabalhistas, informações sobre procuração a Belaciano para representar o Vasco nas negociações e também “análise comparativa” dos descontos negociados com credores que foram clientes de Belaciano no passado.
Saiba mais sobre o caso
O movimento dos sócios começou a partir de levantamento do sócio José Américo, que comparou os planos de pagamentos de dívidas trabalhistas do Vasco com o de outros clubes. Segundo os cálculos e com o parâmetro do praticado em processos semelhantes de recuperação judicial, sem descontos para acordos com credores que têm saldo até 150 salários mínimos (em torno de R$ 211 mil) e com desconto de 75% para saldos acima destes valores, o Vasco economizaria R$ 144 milhões.
No plano apresentado pelo Vasco, o clube calculava economia de R$ 100 milhões pelo limite de pagamento de R$ 5 milhões aos credores.
O levantamento também apontou a participação do atual presidente da Assembleia Geral, Alan Belaciano, em 80% das audiências de processos trabalhistas de ex-clientes – conforme consulta às informações no site do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro.
No dia 10 de janeiro, o ge publicou a respeito do plano do Vasco para pagamento de dívidas trabalhistas, que foi levado, em seguida, ao plano de pagamentos na Recuperação Judicial, ainda analisada no judiciário. O plano não prevê deságio para a maioria dos credores, mas pagamento com limite de até R$ 5 milhões, destinação de 6% de receitas extraordinárias – como venda de jogador – para quitação destas dívidas. Tudo isso ao longo de 10 anos.
Fonte: Globo Esporte