Rodrigo Pimpão relembra passagem pelo Vasco e analisa fase atual do Clube

Ex-jogador do Vasco da Gama, Rodrigo Pimpão se aventura no futebol amador e não descarta voltar a jogar no profissional.

Rodrigo Pimpão após o jogo contra o Vasco
Rodrigo Pimpão após o jogo contra o Vasco (Foto: Globo Esporte)

Aos 36 anos, o atacante Rodrigo Pimpão ainda reluta quando o assunto é pendurar as chuteiras. Revelado pelo Paraná Clube e com passagens por Botafogo e Vasco, entre outros times, o jogador atuou nos últimos meses pelo Trieste, clube amador de Curitiba, onde foi campeão. Apesar disso, ele conta que é cedo para falar em aposentadoria e prefere usar o termo “modo de espera”.

– Não descarto voltar ao profissional. Ainda não. Estou no melhor momento da minha vida familiar e levando a minha carreira em “stand by” — disse Pimpão, em entrevista ao ge.

– Fiz mais de 500 jogos como profissional, mais de 100 gols. É uma carreira digna de um atleta esforçado, que se dedica ao máximo, e que é um pai de família. Não me arrependo das minhas decisões. Estou hoje aqui muito feliz por tudo que eu fiz e por tudo que eu posso fazer ainda — garante o atacante.

Na conversa com o ge, Pimpão falou sobre a carreira e relembrou principalmente as passagens por Vasco e Botafogo. Sobre o Alvinegro carioca, ele avaliou a campanha do time no Campeonato Brasileiro, deixando o título escapar após ficar na liderança em boa parte da competição.

– Uma situação inacreditável, depois de abrir grande vantagem no campeonato, liderar por 33 rodadas o mesmo, ficar na quinta colocação. Como explicar isso? Talvez as trocas de treinadores? Talvez o conformismo? Difícil achar alguma explicação. Acredito que o Botafogo está em uma fase de transição e, mesmo estando nesta fase, conseguiu uma vaga para a Libertadores de 2024 após sete anos. Um momento difícil de acreditar o que aconteceu no Brasileiro, mas de se comemorar por conseguir a vaga na Libertadores — comentou.

Auge com o Botafogo e golaço na Libertadores

O auge da carreira de Rodrigo Pimpão foi disputando a Libertadores com a camisa do Botafogo. Em 2017, ele fez cinco gols, decidindo em jogos contra Colo-Colo, Olímpia, Estudiantes, Atlético Nacional e Nacional-URU. Alcançou ali as marcas de Jairzinho e Dirceu, da década de 70.

– Fizemos grandes jogos no final do ano de 2016 e conseguimos a tão sonhada classificação para a pré-libertadores em 2017. Jair Ventura assumiu o time, e o grupo se fechou. Um grupo trabalhador, unido, que sempre esteve focado. Fomos para a pré-libertadores, fizemos grandes jogos e chegamos à fase de grupos. Foi onde eu me destaquei mais. Hoje meu nome está na história do clube, e fazer história em um clube como o Botafogo é muito gratificante – lembra Pimpão.

Naquela temporada estão as lembranças preferidas do atacante. O principal lance é o gol de bicicleta feito sobre o Olímpia, no dia 15 de fevereiro de 2017.

– Como você fez isso? Qual foi a decisão? Futebol é assim, é aquele momento. Você tem um segundo para pensar, menos de um segundo para agir. Quando o Roger deu uma raspada na bola e ela passou, minha intuição foi tentar a bicicleta. As pessoas sempre me perguntam sobre aquele gol – conta o atacante.

Início no Paraná Clube, passagem pelo Vasco

Rodrigo Pimpão cursava odontologia e jogava no time de futsal do Paraná Clube, quando teve a oportunidade de fazer um teste para o time de campo. Aprovado, ele teve o apoio dos pais para trancar a faculdade e começar a escrever uma história como jogador de futebol.

– O Paraná Clube não era campeão sub-20 há onze anos e nós fomos campeões em 2007. Todos os atletas da base subiram para o profissional no ano seguinte. Fui destaque no meu primeiro ano como profissional no Paraná Clube e logo fui vendido ao Vasco da Gama, em 2009, com um contrato de quatro anos – recorda.

No Vasco, Pimpão participou da campanha do retorno à Série A, em 2009. Ele jogou cerca de um ano e meio com a camisa do cruzmaltino e foi emprestado.

– Tive uma lesão grave no final da Série B que foi uma luxação de cotovelo que me tirou dos últimos jogos do campeonato, mas eu estava no vestiário no jogo do acesso no Maracanã. O Dorival Júnior usou a minha camiseta na preleção. Quando luxei o braço no jogo lá no Castelão ele pegou essa camiseta e guardou porque o pessoal cortou a camiseta, e ele usou como motivação para os atletas naquele jogo tão importante que valia o acesso – conta o atacante.

Sobre o que o Vasco viveu no Campeonato Brasileiro deste ano, Pimpão vê o time em um processo de recomeço.

– O Vasco é um clube de tradição, e tem que ter coração para aguentar jogos com gols no finalzinho da partida. Um clube que agora está tendo investimento, que tem um ex-atleta como presidente [Pedrinho]. E um grande atleta, que eu espero que faça um grande trabalho como presidente do Vasco. É um cara que a gente já vinha escutando muito e que temos um grande carinho e respeito — declarou.

– Vasco vem nesta transição para SAF também e com ideias novas. Sofreu durante o campeonato brigando para não cair, mas Pedrinho assume como presidente e deve fazer um grande trabalho no clube. Uma permanência na Série A eleva o moral de todos para que próximo ano seja melhor — completou.

Por falar em virada…

As derrotas de virada do Botafogo contra Palmeiras e Grêmio, no Campeonato Brasileiro deste ano, levaram Rodrigo Pimpão às lembranças de uma virada que estará para sempre na memória do atacante. Das coisas que só o futebol explica. Na época, ele vestia a camisa do América-RN.

— Em todos os clubes que passei depois daquilo, quando estávamos com desvantagem ou mesmo com vantagem no placar, eu levei aquele jogo como exemplo. Nós vimos o Fluminense chegar com grandes nomes e perdemos em casa por 3 a 0. Fomos para o Rio de Janeiro e se eu falar que acreditávamos numa virada eu estaria mentindo. O treinador, Oliveira Canindé, deixou eu, Alfredo e mais dois ou três jogadores que eram titulares no banco porque teríamos um jogo importante da Série B depois — lembra Pimpão.

– Fernando Henrique, que era nosso goleiro, viu que tinha muita gente cabisbaixo e começou a ativar a rapaziada. Fomos para o segundo tempo com mais confiança e mais vontade. Talvez a equipe adversária tenha se confortado. As coisas foram acontecendo minuto a minuto, e quando eram quase 90 minutos veio o quinto gol nosso, eu que marquei. Isso fez com que a gente entrasse em êxtase. Revejo as fotos, revejo os lances, revejo os gols, até hoje – conta.

Foram os 18 gols pelo América-RN que levaram Rodrigo Pimpão ao Botafogo. Na época, ele já tinha passado por nove clubes em sete anos e precisava de sequência – algo que só teve no Botafogo, entre 2015 e 2019.

-— Eu fui vice-artilheiro da Série B de 2014, o que chamou atenção do René Simões. Ele acabou contratando os três artilheiros da Série B, porque o Botafogo tinha caído para a Série B e ele queria jogadores com experiência na competição. Muitos jogadores não estavam aceitando propostas do Botafogo. Eu mesmo tinha proposta de clubes de Série A na época. Mas com a ligação de René Simões e do Antônio Lopes eu vi que estava indo para um clube onde o treinador me queria, a diretoria me queria, e nascia um grande projeto – lembra Pimpão.

Depois do auge

Quando o peso das cobranças no Botafogo criou sobrecarga, Rodrigo Pimpão ficou livre no mercado e acertou com o CSA em 2020.

– O Pimpão se tornou um nome muito forte depois da Libertadores. Para qualquer clube que eu fosse eu seria cobrado por isso. Foi assim até o último clube que eu joguei, mas eu acho que soube lidar. A gente aprende com o tempo. Eu fiz muitos trabalhos extracampo com coach de performance, só que às vezes você acaba perdendo a cabeça – admite.

No CSA, Pimpão foi campeão e artilheiro do Campeonato Alagoano. Depois Pimpão decidiu ir para o Operário-PR, e demorou 26 jogos para conseguir balançar as redes. O primeiro gol veio justamente contra o ex-clube. No jogo contra o CSA, no dia 23 de outubro, Rodrigo Pimpão marcou duas vezes.

– Depois daquele jogo eu entrei no vestiário e desabei. Estavam engasgadas algumas situações. Mesmo com toda a minha experiência eu sou um cara muito emotivo. E me dedico sempre ao máximo, é uma marca minha, meu jeito de ser. Eu sabia que eu podia dar mais de mim. Por isso ia para Curitiba buscar médicos adequados para fazer um trabalho diferenciado semanalmente, que começou a dar resultado… mas na oportunidade que surgiu, financeiramente melhor, eu sai do clube – explica.

– No mesmo ano o Operário-PR caiu de divisão. Eu poderia ter assumido uma culpa muito grande por essa queda, ou ter livrado o clube do rebaixamento. A gente não sabe – disse Pimpão.

Depois do Operário-PR, Pimpão jogou 11 partidas no Remo e nove no Marcílio Dias. O atacante nega arrependimentos, mas se pudesse voltar atrás, teria mais cuidado com as saídas precipitadas dos clubes em que atuou.

– Eu não me arrependo de nada, mas talvez devesse ter esperado, tomado atitudes diferentes desde a saída do Botafogo – acrescenta.

Aposentadoria

Aos 36 anos, Pimpão foi decisivo pelo Trieste, na conquista do título da Suburbana de Curitiba. Ele fez um dos gols na final, aproveitando a sobra na área para mandar de voleio para a rede. O time venceu o Novo Mundo por 3 a 2, no tempo normal, e garantiu a taça depois, nos pênaltis.

Sobre o futuro, o atacante está focado em aproveitar o tempo com os dois filhos e a família.

– Meus últimos anos foram muito estressantes e tomei muitas decisões que não deram certo. Resolvi parar para pensar e focar um pouquinho na minha família. Para não ficar parado, tive essa oportunidade de estar ajudando o Trieste. Tenho um carinho muito grande pelo Ary Marques, que foi quem me aceitou na base do Paraná Clube em 2008. Nada mais justo que poder ajudá-lo nesse momento em que estou nessa indecisão – explica o jogador.

Fonte: Globo Esporte

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