Rivais no clássico, Ramón Díaz e Tite têm perfis parecidos, mas com estilos diferentes

Ramón Díaz e Tite acumulam títulos importantes e foram contratados por Vasco da Gama e Flamengo para solucionar crises.

Ramón Díaz durante Vasco x Fortaleza
Ramón Díaz durante Vasco x Fortaleza (Foto: André Durão/ge)

Ser campeão nacional, ganhar uma Libertadores, disputar uma final de Mundial de Clubes e comandar uma seleção. Treinadores de Flamengo e Vasco — que se enfrentam às 16h de hoje, no Maracanã, em clássico pela 28ª rodada do Brasileirão — , Tite e Ramón Díaz acumulam títulos importantes e bons trabalhos. Mas superaram também a cruel barreira do tempo em suas longas carreiras para se credenciarem a “salvadores” dos rivais em momentos de crises distintas.

As apostas de Flamengo e Vasco nos profissionais de 62 e 64 anos, respectivamente, partem de um ponto em comum: a necessidade de ter um nome forte, com bagagem, para liderar elencos combalidos pela perda de seis títulos em um ano ou por um primeiro turno desastroso que encaminhava um novo rebaixamento.

Os perfis também se assemelham: são dois nomes que buscam dar confiança, motivação, tranquilidade e estabilidade para seus elencos, nos bastidores e nos discursos públicos — serenos na maior parte das vezes. “O Vasco não vai cair”, cravou Ramón Díaz em setembro. “É jogo a jogo. Ficar feliz sem medo de ficar feliz”, analisou Tite após sua estreia com vitória sobre o Cruzeiro, na quinta-feira.

Outra similaridade é nos nomes de confiança. Os dois mantêm como auxiliares seus filhos, Matheus Bachi e Emiliano Díaz, mais jovens e que desenvolvem contato próximo aos atletas.

Diferenças de estilo

A principal referência de Tite é o italiano Carlo Ancelotti. O técnico rubro-negro preza pelo equilíbrio tático de suas equipes e pela relação honesta e humana com seus comandados. No Flamengo, ignorou polêmicas anteriores e funcionou de cara como escudo para o elenco e a diretoria.

A vitória aumentou a boa impressão e colocará à prova o que Tite conseguiu com sobras na seleção: regularidade. Hoje, o Flamengo deve ter Arrascaeta no lugar de Everton Ribeiro no meio.

Do outro lado, Ramón alterna entre a tranquilidade no discurso e o temperamento elétrico à beira do campo, que transmitiu em espírito e ideia de jogo à equipe. Quando chegou ao Vasco, envolveu-se de forma pessoal na reorganização do projeto de futebol e nas negociações.

— Me deixou mais seguro, mais feliz de vir e poder atuar com a equipe e com ele — explicou Praxedes, hoje nome importante no intenso meio-campo cruz-maltino, arma principal para o clássico com a volta de Paulinho após cumprir suspensão.

A lembrança mais marcante que Tite tem de um confronto com o Vasco data da época em que ainda jogava como meia pelo Guarani. Em 1986, ele marcou de cabeça o único gol da partida, pelo Campeonato Brasileiro, e também o seu último antes de se aposentar precocemente, aos 28 anos.

Ramón, por sua vez, reencontra o Flamengo após eliminar o rubro-negro na semifinal do Mundial de Clubes, no início do ano, quando comandava o Al Hilal.

Diferentemente de Tite, que faz seu trabalho de retorno aos clubes do país depois da boa passagem pela seleção, o argentino, um ex-comandante do Paraguai, toca no Brasil seu primeiro trabalho após sete anos dedicados quase inteiramente ao futebol asiático — uma chance de voltar aos grandes palcos sul-americanos após muito sucesso até o início da década passada.

Fonte: Extra

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