Ricardo Gomes quer voltar a treinar o Vasco neste semestre

A lembrança do AVC enche de lágrimas os olhos de Ricardo Gomes, mas ele não tem muito tempo para pensar no passado. Seis meses após o drama, os dias estão sendo curtos para o treinador. Sua rotina começa às 8h e não tem prazo para terminar: são sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, hidroginástica e o que mais for necessário para que a recuperação seja acelerada. A meta do treinador é voltar ao Vasco ainda neste semestre.

– Eu quase morri. Agora, é como se estivesse fazendo hora extra. Estou no lucro – diz, zombando de seu drama pessoal.

Ricardo vai tirando de letra. Duro mesmo é aguentar os exercícios puxados, numa academia na Barra da Tijuca.

– Fiquei um mês e meio sem conseguir falar. E o pior é que eu sentia dor durante a fisioterapia e não conseguia avisar que não estava suportando os exercícios. Eu tentava gritar, mas não conseguia (risos) – afirma Ricardo, achando graça da dor que já superou.

Ricardo não precisa mais de motorista. Dirige seu carro sozinho, e leva uma vida independente.

– Já consigo até comer comida japonesa – conta, soltando uma gargalhada.

Falta-lhe ainda sensibilidade do lado direito do corpo. Ricardo está reaprendendo a escrever e vem usando mais a mão esquerda do que antes. Para voltar ao trabalho, terá também que melhorar a fala. As frases vão saindo cada vez mais claras, ainda que uma ou outra palavra lhe escape.

– Eu falo francês fluentemente, mas ando me complicando um pouco, porque tenho falado mais português. Preciso exercitar mais o meu francês. Preciso usar outras vias do cérebro. A cabeça precisa entender isso.

O treinador lembra perfeitamente dos momentos passados no Engenhão, de onde saiu de ambulância para o Hospital Pasteur, no Méier.

– O pior já passou. Agora, é ter paciência. A recuperação é lenta. Quero voltar neste semestre, mas isso pode também demorar 10 meses, um ano. Só sei que vou voltar.

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