Ricardo Gomes não se vangloria por evolução do Vasco
Ricardo Gomes admitiu que não esperava ir tão longe. Mas não pense que ele capitaliza sozinho a ascensão do Vasco.
O dia 2 de fevereiro de 2011 marcou a chegada de Ricardo Gomes ao Vasco. Substituto de Paulo César Gusmão, o treinador era uma aposta da diretoria cruzmaltina para apagar o incêndio provocado pela crise de relacionamento entre o ex-comandante com parte do elenco, e o mal-estar que culminou com a saída de Carlos Alberto após desentendimento com o presidente Roberto Dinamite. Em recente entrevista, Gomes admitiu que não esperava ir tão longe. Mas não pense que ele capitaliza sozinho a ascensão do time.
Em quatro meses, o Vasco foi finalista da Taça Rio e está a um empate do título inédito da Copa do Brasil – nesta quarta-feira, no Couto Pereira, contra o Coritiba. No primeiro jogo, em São Januário, vitória de 1 a 0, gol de Alecsandro. Chegou a ficar 19 jogos invicto e, independentemente de conquistar o torneio, ganhou de novo respeito no cenário nacional. Dentro e fora do clube, há um responsável por tudo isso. Mas é Ricardo o primeiro a combater o estigma de salvador. Aprendeu que no futebol não se usa o “eu”.
O Vasco emendou três goleadas seguidas sobre Americano (3 a 0), América (9 a 0) e Comercial-MS (6 a 1). Foi a senha para as primeiras indagações sobre a sua participação na mudança de atitude da equipe. Mas logo na primeira pergunta, Ricardo Gomes surpreendeu:
“O trabalho não é só meu. Encontrei aqui uma estrutura bem montada, uma comissão multidisciplinar dedicada e profissionais competentes. Logo que cheguei tive acesso a relatórios médicos, encontrei um grupo livre de lesões, e isso tudo é importante”, respondeu o treinador, que levou para São Januário o preparador físico Rodrigo Poletto e o auxiliar Cristóvão. Eles se juntaram aos também auxiliares Jorge Luiz e Gaúcho.
Quando o time deu uma arrancada e fez a melhor campanha do segundo turno carioca, novos rótulos surgiram. Ricardo, surpreendentemente, atribuiu aquele momento ao trabalho até de quem já não estava mais lá. Poletto, na chegada, recebeu de Jorge Sotter, preparador físico de PC Gusmão, dados científicos do elenco. A cumplicidade entre os profissionais da área física o fez reconhecer em PC sua colaboração, já que a equipe anterior poderia simplesmente negar ajuda.
“Eu tive apoio de muita gente para o trabalho dar certo. Aqui no Vasco não falta nada, o departamento médico é integrado e eu encontrei uma equipe que precisava de confiança, mas o trabalho lá atrás foi bem feito. A pré-temporada com o PC Gusmão foi muito boa, os resultados dos testes provam isso. Posso ter a minha contribuição, mas já encontrei uma estrutura montada, uma base”.
Vieram também as contratações de Diego Souza e Alecsandro. Felipe, que a pedido dele foi reintegrado ao time, voltou a jogar o fino e o jovem Bernardo deu gás ao time com velocidade e gols. A partir daí, o time encaixou, como se diz no futebol, mas outras setores do futebol passaram a atuar em parceria com o comandante. Em semanas decisivas, evita entrevistas especiais e discute com a assessoria qual jogador pode ser relacionado para a coletiva.
Fonte: ig