Referência na base, Marlon Gomes começa a destacar no profissional do Vasco
Aliando versatilidade, qualidade técnica e liderança, meia foi o melhor jogador do Vasco da Gama contra a Ponte e deve seguir entre titular.
Depois de Andrey Santos, que aos 18 anos se firmou com destaque no meio-campo do Vasco, outros dois jogadores que saíram da base neste ano começam a roubar a cena. Enquanto Eguinaldo ainda busca a primeira chance como titular, Marlon Gomes começou jogando contra a Ponte Preta, na última terça-feira, e saiu de Campinas respaldado pela boa atuação. Foi uma das únicas notícias positivas na derrota por 3 a 1, pela 23ª rodada da Série B.
Apesar do pouco tempo no time profissional, Marlon Gomes superou a concorrência no elenco e figura entre as primeiras opções do interino Emílio Faro para o meio. Sem Yuri Lara, Nenê e Palácios, suspensos contra a Ponte, o interino escolheu o jovem de 18 anos para ser titular.
O meio-campista foi o segundo jogador do Vasco que mais tocou na bola (atrás apenas de Edimar) e deu outro ritmo ao time no segundo tempo, quando atuou como ponta-esquerda. O atual contrato de Marlon Gomes com o Vasco vai até dezembro de 2024.
Marlinho
Natural de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, Marlinho, como é chamado pelos colegas e profissionais do Vasco, cresceu com uma referência dentro de casa. Seu irmão mais velho, Matheus Claudino, de 23 anos, também é volante e hoje atua pelo Figueirense.
Marlon Gomes chegou ao Vasco há quatro anos para uma geração que já era badalada dentro do clube por nomes como Cadu, Pablo, Pimentel, Julião, Marlon Santos e Juan. Mesmo assim, o garoto que veio do Nova Iguaçu não demorou a conquistar vaga no time e logo passou a ser convocado para as seleções brasileiras sub-15, sub-17 e sub-20. Em junho deste ano, foi campeão do Torneio Internacional Sub-20 com Andrey Santos.
A versatilidade é um dos trunfos de Marlon Gomes desde as categorias de base. Já jogou em diversas funções no meio-campo e até chegou a atuar como lateral-direito pelo sub-20 nesta temporada. No profissional, além de flutuar no meio, já caiu pelos lados direito e esquerdo do ataque.
Responsabilidade dentro e fora de campo
A responsabilidade parece não ter pesado para Marlinho na troca da base pelo profissional. Além da qualidade técnica que chamou atenção nas categorias de baixo, a disciplina é outro atributo do garoto, que tem em casa há mais de dois anos uma forte razão para o amadurecimento precoce. A quatro meses de completar 19 anos, o atleta já é pai da pequena Maitê, que comemorou 2 anos em maio.
Pouco antes de subir ao profissional, Marlinho protagonizou episódio curioso no sub-20. O meia ficou preso no trânsito e se atrasou para o jogo contra o Botafogo, pela semifinal do Carioca Sub-20, em São Januário. Como atrasos não eram do seu feitio, o atleta passou a chegar horas antes dos jogos no estádio e até dormir um pouco no vestiário para não perder mais nenhum jogo, já que o Vasco estava num momento de calendário apertado entre Carioca e Brasileirão. Isso durou pouco tempo, já que logo depois ele foi chamado pela equipe de cima.
Pulando etapas
Depois de 22 jogos, sete gols e quatro assistências pela equipe sub-20 em 2022, Marlinho subiu ao profissional na segunda semana de julho e, poucos dias depois de iniciar o processo de transição, já foi relacionado para a primeira partida, contra o Sampaio Corrêa. A ideia do departamento de futebol é inserir os garotos no dia a dia da equipe principal para vivenciar os ambientes de treinos e jogos, sem necessariamente utilizá-los.
Mas o meio-campista precisou apenas de uma semana para fazer sua estreia no profissional. Pressionado por bons resultados àquela altura da Série B, o então treinador Maurício Souza lançou Marlon Gomes contra o Ituano, no empate em 1 a 1, pela 19ª rodada. Depois disso, ele voltou a ter espaço após a demissão do técnico, sendo acionado duas vezes por Emílio Faro até ser titular na terça-feira.
O Vasco faz esse ano um processo de transição interessante com os meninos que vieram das categorias de baixo. O projeto foi adaptado do trabalho feito pelo River Plate na Argentina e hoje é tocado pelo coordenador técnico de transição, Kadu Borges.
– Estamos trazendo muitos atletas da categoria sub-20 para vivenciarem a estrutura e o ambiente do profissional. (Marlon Gomes e Eguinaldo) têm tido consistência em desempenho, avaliações positivas por parte dos profissionais das categorias de formação em conjunto com aquilo que nós também estabelecemos de critério avaliativo e isso os credenciou para estarem conosco nesse momento. É um processo contínuo e gradativo. Eles estão na categoria profissional, entretanto podem voltar a servir o sub-20 enquanto referências – explicou Kadu ao site do Vasco.
O intuito do clube é que esses garotos transitem entre a base e o profissional antes de serem utilizados de fato. Foi o que aconteceu com Andrey Santos, que foi integrado após a Copinha em janeiro e só passou a ter mais chances na Série B. No caso do volante, a avaliação foi que o time necessitava dele e que ele estava pronto para assumir a bronca. A mesma ideia está sendo formada sobre Marlon Gomes, que iria disputar a final do Carioca Sub-20, mas o departamento entendeu que o profissional era prioridade e ele ainda não desceu desde que iniciou a transição.
Com a boa atuação em Campanas, Marlinho larga na frente por vaga no time de Emílio Faro, que terá os retornos de Yuri Lara, Nenê e Palácios para o jogo do próximo sábado, contra a Tombense, às 11h, em São Januário. Alex Teixeira, titular pela primeira vez também contra a Ponte, é outro que agregou qualidade ao time e ocupa o topo da lista do treinador interino.
Fonte: Globo Esporte