Processo contra a 777 Partners pode afetar venda da SAF Vasco? Entenda
Fundo inglês Leadenhall disputa batalha judicial com A-Cap na Justiça de Nova York e a decisão pode respingar no futebol do Vasco da Gama.
A revelação de que o magnata grego Evangelos Marinakis é um dos interessados na compra da SAF do Vasco movimentou os bastidores do clube. Mas qualquer negociação, inclusive de outros interessados passa por uma situação complexa envolvendo a fragmentação das ações entre o clube e a seguradora A-Cap, bem como os problemas que a mesma enfrenta na Justiça de Nova York. Um deles, um processo de natureza restritiva por parte do fundo inglês Leadenhall.
Os ingleses foram uma das empresas que cederam linhas de crédito à 777 Partners antes da crise financeira em que a empresa entrou, levando à entrada da seguradora A-Cap como controladora dos ativos. Na busca pelo recebimento dos valores “emprestados” aos americanos, a Leadenhall entrou com processo acusando a 777 de fraude financeira, uma disputa que é respondida hoje pela A-Cap.
O processo começou a mexer com o Vasco (e os outros clubes do portfólio da 777/A-Cap) assim que avançou ao ponto de a Leadenhall obter liminar que limita a A-Cap de se desfazer de ativos financeiros sem sua anuência. Vale lembrar que a A-Cap tem 31% das ações da SAF vascaína e disputa outros 39% com o Vasco em um processo de arbitragem no Brasil. Outros clubes no portfólio da empresa são Genoa (Itália), Sevilla (Espanha, minoritários), Red Star (França), Melbourne Victory (Austrália) e Hertha Berlin (Alemanha).
Inicialmente, a decisão não citava a Nutmeg Acquisitions LLC, subsidiária da 777/A-Cap na gestão de clubes de futebol. Todavia, no início de outubro, a Leadenhall pediu na Justiça informações sobre dois negócios esportivos dos americanos: o Standard Liège, que foi colocado à venda, e os empréstimos feitos durante a tentativa de compra do Everton, que totalizam cerca de 200 milhões de libras (1,46 bilhão de reais) e devem ser pagos pelo Friedkin Group, novo proprietário do clube inglês.
Segundo a Leadenhall, havia preocupação com a possível movimentação de ativos. A resposta veio no dia 30, quando a A-Cap teria se comprometido a explicar o negócio com o Everton sob um acordo de confidencialidade. O fundo inglês também poderia analisar os termos antes de qualquer acordo sobre os empréstimos.
Até aqui, não houve qualquer veto público da Leadenhall aos negócios esportivos do grupo. A própria A-Cap cobrou da corte nova iorquina uma “condução jurídica” no caso Everton. Nos últimos documentos do processo que se tornaram públicos, ingleses e americanos tentam chegar a um acordo quanto à forma com que esse processo de verificação da Leadenhall seria feito. Por enquanto, não há acerto conhecido entre as duas partes sobre um acordo de confidencialidade.
O corpo jurídico do Vasco acompanha o caso e entende a complexidade, mas, no momento, não há temor em relação aos ingleses.
Fonte: O Globo