Presidente do Palmas, morto em acidente aéreo, levou Vitor Lima ao Vasco

Morto em acidente aéreo, Lucas Meira, presidente do Palmas, foi o responsável por levar o zagueiro Vitor Lima ao Vasco da Gama.

Vitor assinando contrato com o Vasco
Vitor assinando contrato com o Vasco (Foto: Divulgação/Vasco)

Decepcionado com a eliminação do Palmas na primeira fase da Copa do Brasil 2020, após derrota por 2 a 0 diante do Paraná, o presidente da Federação Tocantinense de Futebol, Leomar Quintanilha, reclamou com o então presidente do clube, Lucas Meira, sobre o uso de jogadores muito jovens. Do empresário 43 anos mais novo, o dirigente ouviu que, embora o resultado não tivesse vindo, foi uma boa ocasião para dar visibilidade aos jogadores. Mais ainda: provavelmente, alguns teriam oportunidade em outros clubes.

Um acidente aéreo ontem de manhã foi um golpe no avanço do projeto do Palmas, alicerçado nessa estratégia de revelar jogadores e ir além do status de principal força do Tocantins. Lucas Meira, de 32 anos, e mais quatro jogadores morreram após o avião que os levaria a Goiânia cair pouco depois de decolar, em Luzimangues, distrito de Porto Nacional, município a cerca de 60 km de Palmas. Ainda não há informações sobre a causa do acidente.

A queda da aeronave vitimou o goleiro Ranule, de 27 anos, o lateral esquerdo Lucas Praxedes, de 23, o volante Guilherme Noé, de 28, o atacante Marcus Molinari, de 23, além do piloto Wagner Machado Júnior.

— Estamos consternados com essa tragédia. Um fato muito triste. Apostávamos muito na gestão do presidente Lucas, acreditamos que ele conseguiria fazer o futebol do Tocantins crescer mais. É uma perda inestimável — disse Leomar Quintanilha ao GLOBO.

Lucas Meira assumiu o Palmas em 2017, quando a associação se transformou em empresa. A primeira tarefa, alcançada ainda naquele ano, foi voltar à primeira divisão estadual. Nos dois anos seguintes, o Palmas foi campeão tocantinense. Logo vieram as vagas em torneios nacionais, como a Copa do Brasil, e regionais, como a Copa Verde.

Filho do empresário Adair Meira, fundador do Sistema Sagres de Comunicação, Lucas costumava valorizar a revelação de atletas: “Voltamos a fazer da carreira de jogador de futebol uma esperança para muitos jovens da cidade”, postou ele nas redes sociais, em setembro. Meira chegou a anunciar candidatura a vice-prefeito de Palmas, mas desistiu.

— Lucas tinha um pensamento mais aberto, empresarial. Estava organizando o clube. Sentíamos que iria crescer. Com pé no chão — disse o presidente da federação.

Um dos jogadores que o Palmas exportou foi parar no Vasco. O zagueiro Vitor Lima, de 19 anos, chegou ao Rio em junho de 2018. Atualmente, o contrato dele vai até agosto de 2024. Pelo acordo com o cruz-maltino, os direitos econômicos ficaram divididos 50/50 com o Palmas. Não houve desembolso por parte do Vasco.

“Tenho muito orgulho do trabalho que desenvolvemos no Palmas desde 2017 e uma alegria imensa em colher frutos como esse: ver um atleta revelado aqui, renovando com um clube de expressão nacional”, postou Lucas Meira, em agosto.

Apesar do luto recente, o processo de sucessão no Palmas gera atenção na federação. Até porque o presidente Lucas se virava bem com as peculiaridades do futebol local.

— Fazer futebol no Tocantins não é fácil. A extensão é enorme, mas só com um pouco mais de 90 milhões de habitantes. Mais de 90% dos nossos municípios tem menos de 20 mil habitantes. Isso reflete no campo, na torcida. Não temos direito de transmissão porque os jogos não são transmitidos. Nas redes sociais, a gente tem conseguido algumas coisas. A dificuldade de manter a estrutura é grande. Por isso os clubes são sazonais. Lucas vinha mostrando certa habilidade de viver com essas dificuldades. Se os clubes não tiverem patrocínio, não tem receita. Com a pandemia, ainda não tem bilheteria, que era receita baixa — sublinha o presidente da federação.

Outras vítimas

Os quatro jogadores que morreram eram contratações recentes do Palmas. Ranule passou por clubes do Rio, como Resende e Portuguesa. Lucas Praxedes começou na Inter de Limeira e jogou por Capivariano, Marília e Botafogo-PB. Guilherme Noé surgiu na base do Corinthians, se transferiu para o Interacional, mas teve uma carreira de nômade: desde 2013, foram 14 times.

Já Marcus Molinari , com passagens por clubes mineiros, como Villa Nova, Tupi e Ipatinga, tinha o futebol no DNA. Ele era filho do ex-atacante Marinho, que jogou no Atlético-MG entre 2006 e 2008, sendo fundamental para a volta à Série A.

A viagem a Goiânia seria para o jogo desta segunda-feira, contra o Vila Nova, pelas oitavas de final da Copa Verde. Os jogadores foram no voo com o presidente porque testaram positivo para Covid-19 há dez dias e, pelo protocolo da CBF, estariam à disposição do técnico Wilson Gottardo.

A maior parte da delegação decolaria em voo comercial, na parte da tarde. A CBF banca as viagens da Copa Verde, mas há um limite de 23 pessoas. Por causa da tragédia, a entidade adiou a partida, ainda sem nova data.

Fonte: O Globo Online

Mais sobre:PalmasVitor
Comente

Veja também
Hugo Moura deve ser titular contra o Corinthians; Paulinho pode ser relacionado

Com Mateus Carvalho suspenso, Hugo Moura deve retornar ao time titular do Vasco da Gama contra o Corinthians; Paulinho pode ser opção.

Payet foi destaque do Vasco contra o Internacional; veja números

Recuperado de um problema físico, Payet foi titular no confronto diante do Internacional e se destacou; confira os números.

Jogadores do Vasco estariam insatisfeitos com trabalho de Rafael Paiva

Contestado por parte da torcida do Vasco da Gama, Rafael Paiva segue no comando da equipe, mas conta com insatisfação do elenco.

Torcida do Vasco defende Coutinho após derrota em São Januário

Após terceira derrota consecutiva do Vasco da Gama, torcida não culpa Philippe Coutinho e defende meia nas redes sociais.

Rafael Paiva não seguirá no Vasco em 2025; diretoria já busca novo treinador

Com o Vasco da Gama em má fase no Campeonato Brasileiro, Paiva perdeu prestígio com a diretoria que já procura novo nome.

Sair da versão mobile