Plano de quitação de dívidas do Vasco tem teto de R$ 5 milhões e aporte por venda

Vasco da Gama monta plano de quitação das dívidas, com teto de R$ 5 milhões, e aguarda resposta do Tribunal Regional do Trabalho do RJ.

Pedrinho em entrevista coletiva
Pedrinho em entrevista coletiva (Foto: Dikran Sahagian/Vasco)

O Vasco espera para este início de ano notícia importante do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro: a homologação do plano de pagamento de credores trabalhistas.

A proposta entregue poucos dias antes do Natal de 2024 tem 30 dias para análise do juiz do Trabalho da Coordenadoria de Apoio à Execução (CAEX) — como os prazos processuais estão suspensos até 24 de janeiro, pelo recesso do TRT, a expectativa é de que seja homologado no máximo em meados do mês que vem. A assinatura passa pela nova presidência, do desembargador Roque Lucarelli Dattoli.

O plano trata de repactuação do que já está dentro do Regime Centralizado de Execuções — o RCE prevê repasse de 20% das receitas do clube para a fila de credores -, mas está suspenso por determinação da Justiça do Rio de Janeiro, após pedido do Vasco para iniciar a mediação desde o final de outubro.

Caso o plano seja aceito pela Justiça, ele será integralmente válido para o caso do Vasco e da SAF ingressarem em recuperação judicial ou extrajudicial.

Até agora, houve adesão de mais da metade dos credores trabalhistas do Vasco – segundo o clube, aceitação de cerca de 90% dos 200 credores. O plano tem algumas particularidades. Uma delas é o congelamento de quem tem mais de R$ 5 milhões de crédito a receber. Na negociação com a comissão de credores, o Vasco colocou o teto de R$ 5 milhões.

– A gente fez cálculo que se a gente limitasse o crédito a R$ 5 milhões a gente teria redução de 30% do valor. Se não me engano oito credores estavam nessa faixa (acima de R$ 5 milhões), todos os outros abaixo de R$ 5 milhões. Quem tem até R$ 5 milhões vai receber integral em até 10 anos. Acima de R$ 5 milhões não recebe. Significa que de uma dívida de R$ 250 milhões a gente vai pagar R$ 150 milhões, sem prejudicar ninguém. Só reduzindo um poucos esses poucos que têm acima de 5 milhões – diz Alan Belaciano, que é presidente da Assembleia Geral e advogado trabalhista. Ele tinha série de processos contra o Vasco, mas passou para outro advogado em 2017.

Fora os maiores credores (o da faixa acima de R$ 5 milhões), o Vasco não colocou deságio na proposta— ou seja, não há desconto contra o credor no pagamento da dívida. O que foge à regra de outros clubes que chegaram a ter de 50% a 90% de desconto em alguns casos de recuperação judicial

– Por lei, a gente poderia botar um deságio praticamente num valor que quisesse. Mas, com muito respeito a todos os credores, porque meu pai foi um dos funcionários, então eu sei de toda dificuldade, vamos fazer um acordo praticamente sem deságio, esticando um pouquinho as parcelas. Com isso, a gente tem mais respiro de fluxo de caixa, a gente consegue ir pagando as dívidas, negociando. Só de negociar, isso já encurta muito. Temos uma expectativa de que, com as negociações, a dívida caia talvez até mais do que a metade. E se a gente fizer isso com um cronograma muito bem elaborado de pagamento, a gente consegue sanear as dívidas. O tempo depende muito das receitas que a gente vai ter. Se entrar um investidor, esse tempo é encurtado. Se por um acaso não entrar um investidor, a gente leva um pouco mais de tempo – disse Pedrinho, ao ge na cerimônia de lançamento do Carioca.

No entanto, o plano do Vasco com os credores tem a opção até o 6º ano do acordo do interessado receber o crédito com deságio de 30% sobre o saldo principal – caso faça esta opção, a proposta prevê pagamento do valor remanescente ao credor em quatro parcelas trimestrais de igual valor.

Juros mais baixos

O Vasco tem hoje cerca de R$ 250 milhões em dívidas trabalhistas e tinha que fazer pagamentos da ordem de R$ 4 milhões por mês pelo RCE – o que significava cerca de R$ 50 milhões por ano, com R$ 40 milhões em juros. Valor que o o clube calcula que vai cair, no novo acordo, para R$ 15 milhões.

O Vasco negociou 10 anos de pagamento para os maiores credores e repasses trimestrais por parte do clube e da Vasco SAF — hoje controlada pela gestão Pedrinho, a SAF entrou como devedora solidária no acordo. Mais adiante, o Vasco espera repetir o modelo com as dívidas cíveis, mas desta vez com “negociação mais agressiva” – ou seja, provavelmente praticando deságio.

Inicialmente, o Vasco tentava desconto de 30% no plano, mas recuou em meio às negociações – veja a previsão de repasses para cada credor que aderiu ao plano mais abaixo. O acordo foi costurado pelo departamento jurídico do Vasco junto à comissão de credores e ao Sindicato dos Empregados em Clubes, Federações e Confederações e Atletas do Estado do Rio de Janeiro (Sindeclubes).

Outra singularidade: o clube e a SAF se comprometem a separar 6% sobre “receitas extraordinárias líquidas” anuais para realização “pregão de pagamentos” da lista do RCE, com limitação de até R$ 5 milhões deste repasse por parte do clube e da SAF. Neste caso do “pregão”, o Vasco faz oferta aos devedores que desejarem receber seus créditos com deságio igual ou superior a 30%.

O Vasco e os credores acordam também numa das cláusulas a substituição da taxa Selic (hoje de 12,25% ao ano e mais os juros de 1% ao mês da Justiça do Trabalho) pela o IPCA-E e juros de 2% ao ano, a partir de janeiro de 2025 (o que significa correção monetária da dívida reduzida a pelo menos a metade da indexação anterior).

O acordo definiu as receitas extraordinárias como aquelas de venda de direitos econômicos de atletas, de mecanismos de solidariedade e de premiação por títulos (Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e Libertadores), descontados tributos e eventuais “participação de terceiros, incluindo ainda, sem limitar, comissionamentos e/ou intermediações” em negociações.

Multas previstas

O acordo também prevê diversas penalidades ao clube e à SAF em caso de atrasos de qualquer parcela superior a 30 dias — multa de 10% sobre a parcela atrasada — e a 60 dias — multa de 15% sobre a parcela, mais juros de 1% ao mês nas duas hipóteses. Em caso de atraso superior a 90 dias, o acordo do plano do Vasco é rescindido.

Há também previsão de multa de 15% sobre o valor não depositado das tais “receitas extraordinárias líquidas” em cima deste aporte. Em caso de atraso nesse repasse específico ser superior a 90 dias, também será rescindido todo o acordo levado ao juiz do Trabalho.

O Vasco calcula que conseguiria quitar até 80% das dívidas trabalhistas com este plano de pagamentos – pois a maioria está dentro da classe que tem a receber cerca de R$ 200 mil. Parte deste plano havia sido publicado anteriormente pelos jornalistas Gilmar Ferreira e Fábio Azevedo.

O clube e a SAF também calculam a seguinte quantia repassada nos primeiros cinco anos com todos esses credores, veja abaixo:

  • 2025 – repasses menores, limitados a R$ 15 mil por credor, conforme explicado mais abaixo.
  • 2026 – total de R$ 1,5 milhão
  • 2027 – total de R$ 10 milhões
  • 2028 – total de R$ 12 milhões
  • 2029 – total de R$ 10 milhões
  • 2030 – total de R$ 25 milhões de reais

O plano de pagamento

O clube defende que, mesmo sem deságio, terá economia substancial com a redução dos juros e a repactuação da dívida. Além disso, a diretoria de Pedrinho entende que diminuindo os gastos anuais de pagamentos aos credores trabalhistas – de R$ 50 milhões por ano a R$ 10 milhões (média dos pagamentos nos 10 anos do acordo) – vai ter mais receita para investir no futebol e em estrutura.

Parte 1

Em 45 dias, a partir do chamado “protocolo de acordo” — entregue em dezembro do ano passado — e da assinatura dos termos de adesão e mediação da Tutela Cautelar Antecedente, o Vasco pagará 10% do crédito limitado a R$ 15 mil em parcela única aos credores que aderiram ao plano.

Exemplo: quem tem a receber R$ 1 milhão, vai receber R$ 15 mil. Outro que tem crédito de R$ 50 mil, vai receber 10% desse valor, ou seja, R$ 5 mil.

Parte 2

Em até 30 dias, contados da homologação judicial do plano ou a partir de 5 de dezembro de 2025, o Vasco vai pagar outra parcela do saldo que sobrar da parcela da chamada “parte 1” com limite de até R$ 15 mil em parcela única.

Parte 3

A proposta vascaína, com aceite da parte de credores, também prevê que em até três anos da homologação judicial ou novamente a partir do dia 5 de dezembro de 2025, o que faltar aos credores das quantias após o pagamento dos casos 1 e 2 será quitado da seguinte forma aos que têm a receber até o limite de 150 salários mínimos (pela conta atual, o que significa pagamento aos credores que ainda têm a receber pouco mais de R$ 200 mil):

  • 1º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 17,65 mil por trimestre – o que significa R$ 70,6 mil por ano;
  • 2º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 17,65 mil por trimestre – o que significa R$ 70,6 mil por ano;
  • 3º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 17,65 mil por trimestre – o que significa R$ 70,6 mil por ano;

Parte 4

O saldo do crédito trabalhista que ainda houver para os credores que receberam das formas das partes 1, 2 e 3, com limite de até R$ 5 milhões, será sanado da seguinte maneira, também em trimestres:

  • 4º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 55 mil por trimestre – o que significa R$ 220 mil por ano;
  • 5º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 142,05 mil por trimestre – o que significa R$ 568,2 mil por ano;
  • 6º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 75 mil por trimestre – o que significa R$ 300 mil por ano;
  • 7º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 137,5 mil por trimestre – o que significa R$ 550 mil por ano;
  • 8º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 175 mil por trimestre – o que significa R$ 700 mil por ano;
  • 9º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 250 mil por trimestre – o que significa R$ 1 milhão por ano;
  • 10º ano da homologação ou a partir de 5 de dezembro de 2025 (o que ocorrer primeiro): R$ 362,5 mil por trimestre – o que significa R$ 1,45 milhão por ano;

D

Fonte: Globo Esporte

Comente

Veja também
Vasco acerta com Maurício Lemos e o contratará em definitivo

Novo zagueiro do Vasco da Gama, Maurício Lemos deve se apresentar na próxima semana para assinar com Clube.

Vasco quer renovar com Mateus Carvalho e evitar assédio de clubes do exterior

Vasco da Gama e o meio-campista Mateus Carvalho devem começar a negociar em breve uma extensão de vínculo.

Copinha: Vasco encara o Nacional-SP de olho em vaga na próxima fase

Vasco da Gama e Nacional-SP entram em campo nesta sexta-feira (10), no Estádio Nicolau Alayon, pela última rodada da fase de grupos.

Vasco reencontra algoz de 2024 na estreia do Campeonato Carioca

Vasco da Gama começa sua trajetória no Campeonato Carioca neste sábado (11), em São Januário, às 16h30, contra o Nova Iguaçu.

Adson sente incômodo na perna operada e só deve voltar em fevereiro

Atacante do Vasco da Gama, Adson passou por uma cirurgia para prender uma placa de fixação e corrigir a fratura que teve na tíbia.

Sair da versão mobile