Perto de completar 30 jogos na Série A, Pec tenta comprovar protagonismo no Vasco
Camisa 11, destaque do Vasco da Gama nas duas rodadas iniciais do Brasileiro, tenta mostrar que não é apenas ''jogador de Estadual''.
Poucos são os jogadores no elenco atual do Vasco que estão há mais tempo seguido entre os profissionais que Gabriel Pec. O nome do atacante, que foi promovido muito jovem ao time de cima, numa época de cenário financeiro caótico do clube, é conhecido pelos torcedores há alguns anos, embora tenha completado seus 22 em fevereiro. Autor de gols nas duas primeiras rodadas do Brasileirão, o atacante agora vive um dos melhores momentos com a camisa do cruz-maltino e tem construído um capítulo de reviravolta numa história que até então era rodeada de cobranças.
”Quando eu subi, sabia do tamanho do Vasco. Estou aqui desde 8 anos. Mas quando chegamos ao profissional, todo Brasil acompanha. E tem essa questão de rede social. Isso é algo novo para quem sobe da base. Eu lia os comentários e ficava um pouco frustrado. Ninguém quer render mal no profissional. Nosso sonho é subir e dar alegrias ao torcedor. A gente tenta às vezes e acaba não acontecendo”, afirmou ele em entrevista coletiva dias antes de enfrentar o Palmeiras, neste domingo.
Não são os apenas 22 anos que surpreendem na história de Pec. Muitas vezes criticado por não repetir em outras competições o nível que mostra em campeonatos estaduais, o atacante ainda não chegou sequer à sua 30ª partida de Série A no Campeonato Brasileiro. As duas primeiras rodadas, quando marcou sobre Atlético-MG e Palmeiras marcaram apenas o 25º e o 26º jogo do camisa 11 na elite do futebol do país.
Nesse início de campeonato, tem mostrado que é um jogador completamente diferente daquele jovem de 18 anos que estreou contra o Bahia no Brasileirão de 2019, quando chamou atenção do então técnico Vanderlei Luxemburgo. Aquela foi a penúltima edição em que o cruz-maltino disputou a Série A: cairia no Brasileiro seguinte e ficaria dois anos na Segundona.
Para um jogador com velocidade, capacidade de drible e que brilha quando tem espaço para correr, disputar uma competição extremamente física como a Série B é mau negócio – Pec jogou 67 jogos da competição. Na Série A, mais técnica, o atleta tem aparecido bem para finalizar, infiltrar em velocidade pelas pontas e mostrar uma capacidade refinada de drible.
– Sempre gostei de fazer gols, fiz muitos na base. Nesse ano estou conseguindo responder. Coloquei na minha cabeça que esse será o meu ano, e estou muito focado nisso. Fiz uma meta pessoal para a minha temporada ser uma das mais goleadoras. E graças a Deus estou conseguindo bater essa meta. Não é uma meta de gols. Já igualei a minha melhor temporada, com sete gols. Se Deus quiser vou fazer mais dez gols nesse ano.
Esforço nos bastidores
O jogador nunca mediu esforços para encontrar a melhor forma entre os profissionais. Sempre bem visto entre os técnicos que passaram pelo clube, topou até uma volta sub-20 em 2020. Ganhou massa muscular, se destacou novamente na base e voltou ao profissional no ano seguinte. No ano passado, quando o Vasco conquistou o acesso, alternou entre banco e titularidade ao longo do campeonato, ao passo em que fora de campo, o clube tinha sua SAF comprada pela 777 Partners.
Nos bastidores, a dedicação também foi intensa. Mesmo em férias, o jogador seguiu acompanhando de perto por um preparador físico que o deixou em forma nos períodos sem jogos. Não à toa, iniciou as duas últimas temporadas tão bem. A fé também o ajudou e segue ajudando a fortalecer a questão mental – contra o Palmeiras, comemorou com a frase ”Jesus ama você” em libras.
Mesmo com investimentos de R$ 100 milhões em reforços para o elenco e a chegada do reforço mais caro, Luca Orellano, para sua posição, Pec permaneceu entre os titulares. Voltou a se destacar no Carioca (seis gols e uma assistência em 11 jogos), mas desta vez não deixou os rótulos ganharem força e iniciou o Brasileiro com tudo – é o grande destaque das duas primeiras rodadas e terminou a partida contra o Palmeiras eleito craque do jogo.
– Cada jogo vem construindo a carreira dele. Dá muitas alternativas para a gente usar ele na frente. Cada vez mais vem crescendo, está mais maduro. Até o início dele hoje está bem melhor – elogiou Maldonado após a partida deste domingo, no Maracanã. Antes, na primeira rodada, já havia recebido elogios de Barbieri:
”Às vezes o externo rotula muito as pessoas. Como se nós fôssemos seres imutáveis, como se a gente não evoluísse, não desenvolvesse, não pudesse atingir outras dinâmicas e crescer com o passar do tempo. O Pec é um dos meninos mais experientes, vamos dizer assim, que acabou subindo antes, mas ainda é um menino. E vem crescendo ao longo do ano, tem nos ajudado bastante fazendo gols, ajudando na marcação. Tem uma capacidade, uma intensidade importante”.
Fonte: Extra