O caminho para a volta à Série A
O Vasco da Gama vive momento delicado e precisa voltar a ter um bom desempenho em campo para engrenar na Série B.
Não vai cair do céu. Se o Vasco quiser voltar à Série A, vai precisar jogar. E jogar bem. Isso já ficou claro com a primeira vitória apenas na quarta das 38 rodadas que compõem o campeonato. Se antigamente os grandes passeavam na segundona, hoje só a camisa e a reza da torcida não vão resolver. Embora toda fé seja bem-vinda, ainda será necessário fazer a coisa certa – rodada após rodada – para chegar em novembro entre os quatro primeiros.
Para isso, é preciso aprimorar processos, como se diz no mundo corporativo. Em outras palavras, é preciso fazer tudo da forma correta e de maneira consistente. É isso que os times que sobem fazem, independentemente de seu tamanho.
Jogadores com potencial
A matéria-prima de todo grande time sempre é os jogadores. É impossível apresentar um bom futebol sem um mínimo de qualidade nos pés (e nas mãos do goleiro). É sabido que o Vasco não tem um cofre gordo para contratações e, por isso, é necessário ter criatividade. Os nomes analisados por Carlos Brazil no início do ano podem colaborar, mas adições pontuais aqui e ali vão ser necessárias. O torneio é longo, há contusões e suspensões no caminho.
O ideal é uma mescla de jogadores mais rodados e jovens formados nas categorias de base. Um líder experiente e jovens com vontade de mostrar serviço podem trazer o mix necessário para conseguir as vitórias.
Técnico com DNA vascaíno
Também é importante que no banco esteja um profissional identificado com o Vasco da Gama. Experiências do passado já mostraram o peso que pode recair sobre um treinador que não entenda o que é o clube, sua história e sua torcida. Se o acesso é um projeto, o comandante tem que estar 100% identificado – e envolvido – com ele. Isso não significa que seja preciso contratar as mesmas caras de sempre. Pode ser alguém novo, que nunca tenha treinado o Vasco. Ele só precisa saber exatamente onde está entrando, e o que se espera dele.
Torcida jogando junto
Torcedores são apaixonados, para o bem ou para o mal. Com o Vasco não é diferente. A torcida quer gritar, vibrar e comemorar. Mas, se isso não for possível, ela quer, pelo menos, ver o time jogando com garra. Quando isso não acontece, vai haver chiadeira. O torcedor percebe quem está no Gigante da Colina a passeio. Por isso, independentemente do adversário, e de onde é o jogo, o Vasco tem que mostrar gana de vencer. Tem que mostrar que quer mais que o outro time, e que não vai vender barato uma eventual derrota. Pontos se ganham, pontos se perdem. Mas como se ganha e perde é o que faz o torcedor aplaudir ou vaiar.
Foco constante e estratégia
Assim como um longo campeonato é feito de vários jogos, uma partida de futebol é composta de vários momentos, e cada um deles requer um tipo de atitude e, principalmente, concentração e estratégia. Há um lado mental no jogo, que inclui entender o momento da partida, e o que ela requer. Atacar? Ou defender bem e contra-atacar? É uma partida de xadrez, na qual tudo deve ser pensado, inclusive o que fazer (e não fazer) na abertura. Na parte do foco, uma partida é semelhante ao que passam os jogadores de poker, que precisam se manter concentrados na mesa, mesmo quando não estão disputando a mão. Assim, quando voltam à ação, estão atentos e ligados no que precisa ser feito.
É esse nível de comprometimento que se necessita. Já vimos várias ocasiões em que uma desatenção custou pontos preciosos que, no final do ano, poderiam ter feito a diferença entre subir ou não. Mesmo em jogos controlados, surpresas podem acontecer.
Vivendo no presente
O Vasco da Gama é um clube cheio de glórias. Mas nenhuma das conquistas do passado fará com que o time ganhe hoje. São história – uma da qual o torcedor sem dúvida se orgulha – mas ainda assim, é passado. Sobre o futuro, não se sabe. Espera-se que seja melhor, e a SAF é uma possibilidade real de recuperar a capacidade de investimento. Mas, até que chegue, é apenas uma esperança. E também não vai ganhar nenhuma partida hoje. O Vasco precisa viver aqui e agora, e disputar cada partida com orgulho do passado, esperança no futuro mas, sobretudo, com determinação em fazer um presente vitorioso.