Novo VP vê Vasco em transição para obedecer regras do Fair Play
Alexandre Cordeiro Macedo diz que Vasco da Gama deve participar de todas as discussões no futebol brasileiro.

Alexandre Cordeiro Macedo foi nomeado vice-presidente de Relações Institucionais do Vasco há menos de duas semanas. Nesta quarta-feira, ele representou o clube no painel “Os desafios do crescimento sustentável nos clubes brasileiros” no Summit da CBF, realizado em São Paulo. Macedo deixou a presidência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em julho e já tinha sido indicado pelo presidente Pedrinho para o conselho da SAF, mas foi impedido pelo Conselho de Ética do órgão.
Antes de assumir a pasta, ele já vinha representando o Vasco em reuniões do grupo de trabalho que idealizou o Fair Play Financeiro do futebol brasileiro – nomeado Sistema de Sustentabilidade Financeira. Ele conta ao ge qual papel exerce no seu início de trajetória vascaína.
Como é a sua história com o Vasco?
– Eu sou de Brasília. Meu pai era paraibano, mas morou no Rio muitos anos. Era frequentador do Vasco, minha origem vascaína vem do meu pai. Eu conheço muita gente dentro do Vasco, meu nome surgiu lá atrás quando teve a indicação para o Conselho da SAF, que acabou não dando certo porque eu estava na presidência do Cade. Quando saí teve a possibilidade de eu poder contribuir com o Vasco. A ideia da gestão do Pedrinho, acho que está todo mundo percebendo isso, é cada vez mais profissionalizar a gestão, a estrutura de governança em várias áreas. Isso tem contribuído para uma saúde a médio e longo prazo e permite resolver problemas já agora.
Como é esse seu trabalho dentro da vice-presidência de Relações Institucionais?
– É representar o Vasco junto à iniciativa privada, a governos, no meio acadêmico. Conseguir estar perto das instituições que são importantes para o Vasco da Gama. Se o Congresso vai discutir uma lei que vai sair sobre futebol, o Vasco tem que saber o que está acontecendo, tem que estar inserido nisso. Tem que ir para as audiências públicas, conversar com os deputados, com os senadores. Estar perto do Ministério dos Esportes, da CBF, estar perto do Judiciário, das empresas e associações de futebol. Das companhias que têm capacidade de trazer recursos para o Vasco. Fazer inclusive um trabalho internacional. Isso evidentemente não vai ser feito só por mim, vai ser feito pela liderança do presidente Pedrinho, de várias pessoas estão incluídas nesse espírito. Eu vim justamente para contribuir para essa missão, não vou trazer nada de muito novo, vou contribuir para o que já está sendo feito, e muito bem feito, pelo Vasco.
Como foi esse papel na discussão do Fair Play?
– Eu participei desse grupo de trabalho, contribuí para as discussões. Evidentemente que isso vai causar uma mudança significativa no futebol brasileiro. Obviamente vai ter um período de transição, mas vamos conseguir ver isso num curto espaço de tempo, como o futebol brasileiro vai crescer e melhorar. Evidentemente isso não foi feito só para o Vasco, mas para o futebol brasileiro como um todo. Estamos pensando nessa linha.
Mas isso pode afetar o Vasco de alguma maneira, que está em recuperação judicial?
– A recuperação judicial do Vasco é antecedente à nova regra, então ela provavelmente não vai se aplicar ao Vasco. Quando o Vasco entrou na RJ, ela não existia. Isso vai passar a valer a partir da implementação da norma. As penalidades para a RJ do Fair Play Financeiro são duras. Evidente que o Fair Play tem a característica de ajudar os clubes, não é simplesmente a imposição de regra e aplicação de pena. Pelo contrário, os clubes vão ter um auxílio, vai ter um monitoramento, que é uma das coisas mais importantes do Fair Play Financeiro. Vai ter monitoramento para saber se está indo bem, indo mal, como melhorar. Isso a CBF e a agência que está sendo criada vai estar capacitada para poder ajudar todos os clubes que se encontram nessa situação. Não estou falando só da RJ, estou falando do cumprimento dos requisitos do Fair Play: solvência e limite de gastos com elenco, por exemplo.
Como o Vasco está no caminho para se adaptar a essas regras?
– Todos os clubes vão passar por um momento de transição. Tem uns que estão mais prontos que outros, que já estão no superávit, e outros que precisam entrar no superávit. Pedrinho já vem fazendo esse trabalho de sustentabilidade desde o primeiro dia que colocou o pé no Vasco. Pedrinho é um cara muito sério, capacitado e com um time em volta muito capacitado. Ele entrou com esse espírito, vem conseguindo fazer isso de maneira eficiente e a gente já consegue ver o resultado desse trabalho nos últimos anos.
Dentro dessas relações institucionais, está previsto busca no mercado de possíveis investidores?
– Não, não é o meu papel. Isso está sendo tratado por outros membros da diretoria, Pedrinho tem cuidado disso de perto. Não é meu papel, eu tenho mais o papel de conectar o Vasco com setor privado, academia, com governo e defender as pautas do Vasco perante essas pessoas.
Fonte: Globo Esporte