Mubadala volta atrás e propõe bloco da Libra sem Vasco, Botafogo e Cruzeiro

O Fundo de Investimentos exigia que Vasco da Gama estivesse no acordo, mas agora formalizou proposta onde exclui o Cruzmaltino e demais clubes.

Dirigentes de clubes da Libra
Dirigentes de clubes da Libra (Foto: Reprodução)

O fundo de investimentos Mubadala formalizou a dirigentes da Libra, na noite desta segunda-feira, mais uma proposta pela formação de um bloco comercial. A oferta foi enviada a dirigentes com uma alteração em relação à versão anterior: agora, para que ela seja assinada, basta que Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo a assinem.

A diferença está na quantidade de clubes tida como condição para sacramentar o negócio. Na versão mais recente, o investidor exigia que houvesse a adesão de pelo menos 18 clubes. Com a recusa de Botafogo, Cruzeiro e Vasco em aceitar as condições, o Mubadala refez a proposta.

A atual oferta não forma uma liga de clubes, como é de interesse do fundo de investimentos dos Emirados Árabes, mas um bloco comercial para a negociação dos direitos de transmissão, tido como etapa preliminar até que dirigentes se entendam em relação à criação da liga.

Nesta proposta, o Mubadala pretende comprar 12,5% dos direitos de mídia dos clubes, referentes ao Campeonato Brasileiro, por um período de 50 anos. O valor a ser transferido corresponde à metade do investimento que o fundo faria inicialmente, para adquirir uma participação sobre a liga de clubes. As quantias de cada clube são:

Valores Clubes Mubadala
Valores Clubes Mubadala (Fonte: GE)

Além do pagamento previsto para a compra dos direitos, o investidor afirma que antecipará R$ 3 milhões a cada clube, como um gesto de boa vontade, em depósito a ser realizado em 29 de junho.

Tanto o sinal quanto a alteração da proposta representam nova tentativa do Mubadala de fechar negócio com os clubes. Por um lado, o fundo pressiona Botafogo, Cruzeiro e Vasco a reverem a decisão de não assinar a oferta. Por outro, a empresa incentiva dirigentes do outro grupo, chamado Forte Futebol, a trocar de lado e fazer parte da Libra.

Entenda o contexto

Inicialmente, o Mubadala pretendia comprar uma participação de 20% sobre a liga de clubes do futebol brasileiro. Em contrapartida, o fundo aportaria R$ 4,75 bilhões e se tornaria sócio da operação por 50 anos.

A criação da liga foi travada por divergências entre cartolas, que se dividiram em dois grupos. A Libra assinou um memorando de entendimentos com o Mubadala, enquanto o Forte Futebol fez seu próprio processo de concorrência e conseguiu uma proposta do fundo americano Serengeti e da curitibana Life Capital Partners (LCP).

O acordo que estava em vigor entre Libra e Mubadala expirou recentemente, sem que a liga tivesse sido fundada no prazo combinado. Isto colocou sobre dirigentes e executivos do fundo a obrigação de assinar novo memorando, com novo prazo. Então, surgiram mais resistências.

Botafogo, Cruzeiro e Vasco estão insatisfeitos com as condições apresentadas pelo fundo e entendem que esta é a última oportunidade para renegociá-las. Os descontentamentos envolvem elementos como a governança da liga – quem compõe o Conselho de Administração e toma as principais decisões – e o pagamento de comissão a intermediários.

Na semana passada, John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, disse que estava cansado de esperar pela resolução das questões ligadas à liga. O empresário americano afirmou que sairia da Libra e faria a venda dos direitos de transmissão alvinegros individualmente.

É neste contexto que surge mais uma adaptação da proposta. Ao colocar como única condição para a assinatura a adesão de Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo, o fundo de investimentos passa o recado de que não precisa necessariamente dos três descontentes.

Ao mesmo tempo, ao realizar os primeiros pagamentos, o investidor tenta demonstrar aos clubes que formam o Forte Futebol que o negócio é firme, a fim de que eles adiram à Libra.

Existe grande diferença entre os termos da proposta que está sobre a mesa neste momento, para a criação de um bloco comercial, e a fundação de uma liga de fato. A liga seria responsável por toda a organização do Brasileirão, inclusive arbitragem, calendário e formulação do produto. Enquanto bloco comercial, o negócio consiste unicamente em antecipar e vender direitos de transmissão.

Mubadala é um fundo de investimentos com sede nos Emirados Árabes. Para o investidor, o retorno virá ao longo dos próximos 50 anos, à medida que os direitos de transmissão forem vendidos para emissoras e outras empresas. Sobre a receita, o investidor ficará com 12,5%.

No cenário mais abrangente, a expectativa ainda é pela fundação da liga em algum momento. Porém, diante das dificuldades de dirigentes para unificarem os grupos Libra e Forte, hoje a intenção é criar blocos comerciais, na pretensão de que algum dia eles possam ser fundidos e constituam uma liga de verdade.

Fonte: Globo Esporte

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