Ministério Público x Vasco: entendam as denúncias
Após um ano de investigações sobre a estrutura das divisões de base do Vasco, o Ministério Público entrou com uma ação contra o Clube.
A ação foi impetrada nesta quarta-feira
Após um ano de investigações sobre a estrutura das divisões de base do Vasco, o Ministério Público do Rio de Janeiro, por meio dos promotores Clisânger Gonçalves e Afonso Humberto Lemos entraram com uma ação contra o Vasco pedindo a interdição do CT de Itaguaí, que servia para os treinamentos dos jovens atletas do clube, como os alojamentos e os refeitórios destinados as divisões de base do clube em São Januário.
– A ação quer a adequação imediata das condições básicas em que os atletas estão sendo alojados em São Januário, como a estrutura existente nos refeitórios do clube. Além disso, a ação proíbe a transferência dos jovens até o CT de Itaguaí que, além de não oferecer as condições desejáveis, é feita por um ônibus sem a mínima estrutura de segurança, com a falta de cintos de segurança, além do automóvel estar em péssimo estado de conservação – definiu a promota Clisânger.
Segundo analisado pelos promotores, em visitas frequentes ao clube, a estrutura existente não oferece as condições adequadas para que seja desenvolvida atividades esportivas, sendo descritas como piores que encontradas em instituições de jovens desabrigados ou, até mesmo, de menores infratores.
– Nós começamos a fiscalização há mais de um ano, quando fizemos a primeira visita ao clube e ficamos assustados com as condições de negligências que existiam. Constatamos alojamentos precários, condições de higiene insatisfatórias e nutrição longe de ser a ideal para um futuro atleta – explicou Afonso Henrique Lemos, que exemplificou algumas das situações vistas pelos promotores:
– Nos alojamentos, um quarto que o ideal seria para quatro jovens, possuíam dez pessoas. Os banheiros possuíam sanitários quebrados, não existiam divisões entre os chuveiros, a higiene era péssima. Alguns jovens dormiam em colchões no chão. Sendo que em cada quarta apresenta quatro adolescentes nessas condições. O pior era a falta de água. Em certo momento, existia um saneamento para tomar banho. Tanto como água potável.
O Vasco foi intimado nesta quarta-feira. A partir desta quinta, o clube terá cinco dias corridos, ou seja, contando sábado e domingo, para oferecer as condições mínimas ao menores que vestem a camisa do clube. Caso essas melhorias não sejam feitas, o clube será multado em R$ 30 mil diariamente.
A justiça lamentou ao tomar essa atitude. Os promotores confirmaram que o Vasco omitiu a informação que as divisões de base do clube estavam treinando longe de São Januário. Nas primeiras inspeções, foi registrada uma mudança nos alojamentos dos jovens, tanto quanto aos refeitórios. Mas, após o falecimento de Wendel Junio, de apenas 14, em uma peneira realizada em Itaguaí, os promotores voltaram a sede do clube no Rio de Janeiro e observaram novamente às péssimas condições.
AÇÃO SERVE DE ALERTA PARA OUTROS CLUBE E FAMILIAS
A juíza Ivone Ferreira Caetano, que acatou a ação promovida pelo Ministério Público, aproveitou para enfatizar que este procedimento é o primeiro passo para regularizar as condições que estão à disposição dos jovens em todas as divisões de base do Estado.
– A medida foi para se garantir os direitos das crianças que estão sob os cuidados do clube. É necessário que haja um alerta para os pais dessas crianças e adolescentes. Não podemos impedir que esse jovens percam a chance de alcançar seus sonhos em função das péssimas condições que lhe são oferecidas. Essa é mais uma medida, que espero seja vitoriosa, para que as divisões de base dos clubes aqui do Rio sejam adequadas.
Além do Vasco, que foi inspeciado em um primeiro momento em função de denúncias que chegaram a promotora Clisânger Gonçalves, os outros três grandes clubes do Rio também serão analisados.
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