Jornalista valoriza ‘Dinizismo’ e destaca arrancada do Vasco no Brasileiro
A jornalista Milly Lacombe rasgou elogios ao trabalho de recuperação promovido por Fernando Diniz à frente do Vasco da Gama.

O dinizismo é um modelo de jogo em construção. Vítima de muita incompreensão, o estilo criado por Fernando Diniz é constantemente simplificado por quem prefere ridicularizá-lo do que entendê-lo. “É proibido chutão”, “toda saída de bola é uma temeridade”, “só vale sair tocando”, “não é capaz de se defender, só de atacar”.
O dinizismo nunca foi isso e nem mesmo a conquista da América foi suficiente para que outro tipo de análise nascesse. Assim como qualquer sistema de jogo, o dinizismo tem pontos fracos e pontos fortes. Como é um modelo contra-hegemônico, ele precisa se provar constantemente, ao contrário dos sistemas posicionais, amplamente aceitos na vitória ou na derrota.
O dinizismo começa com a valorização da criatividade de cada um. Confere ao atleta confiança e auto-estima. Diniz, ingovernável à beira do campo, às vezes erra por cobrar demais e de modo agressivo. Parece estar aprendendo a se dosar, o que é bom.
Seu Vasco sabe se defender. Contra o Bragantino fez isso e buscou o contra-ataque. Diniz adaptou o modelo de jogo ao contexto vascaíno. E ao elenco. Com ele, PH chegou à seleção e Rayan virou peça fundamental. Coutinho se tornou um meia como poucos no futebol brasileiro e Leo Jardim passou a jogar com os pés como nunca antes. Arrisquem, ousem e sejam solidários, diz Diniz. O terceiro gol do Vasco é uma aula de auto-estima dos atletas envolvidos no contra-araque.
O Vasco joga alegremente, sabe ser ofensivo, sabe marcar alto, sabe sair tocando, sabe sair com lançamentos, sabe ficar atrás e transicionar, como fez nesse domingo contra o Bragantino. A vitória por três a zero foi justa e bem construída.
Seus times valorizam o jeito brasileiro de existir em campo. O futebol de rua é celebrado. O time joga junto. Ataca e defende em bloco. A vulnerabilidade é parte integrante e não é qualidade demonizada. Para começar a funcionar Diniz precisa de tempo. No Vasco, ele conseguiu esse tempo e a história tem sido espetacular.
O Vasco foi a Bragança e conquistou três pontos. Era candidato ao rebaixamento e hoje é o 8º colocado. Mas, mais do que isso, devolveu à sua imensa torcida a capacidade de sonhar. Basta. É coisa demais.
Fonte: Uol