Melissa realiza sonho de ir a São Januário e vira amuleto do Vasco
O vascaína Melissa, que tem ELA, realizou o sonho de assistir jogo do Vasco em São Januário, na partida contra o Cruzeiro.
Entre as 19.796 pessoas presentes em São Januário nesta segunda-feira à noite, uma realizava um sonho. Era a Melissa Julye Soares Corrêa, que você provavelmente já conhece. A torcedora do Vasco tem ELA (esclerose lateral amiotrófica). E, aos 21 anos, tinha uma vontade especial: assistir a um jogo do seu time do coração ao vivo no estádio.
Quando foi diagnosticada com a doença rara, Melissa escreveu em uma cartinha, durante acompanhamento de psicólogo, que queria conhecer São Januário em dia de jogo do Vasco. Por isso, deixou de lado os estudos para o vestibular de medicina, naqueles cadernos com as cores cruz-maltinas, para assistir de perto à vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro.
A ida a São Januário, inclusive, foi um convite dos novos amigos de Melissa. Antes de realizar o sonho nesta segunda-feira, ela já havia ido ao CT do Almirante acompanhar um treino do Vasco. Em pouco tempo, cativou Leandro Castán, Fellipe Bastos, Rossi, Pikachu e Talles com sua história: mesmo com a esclerose rara, a jovem foi aprovada no vestibular de medicina, mas não pôde cursar na UFRJ por falta de acessibilidade.
E o capitão cruz-maltino chamou Melissa para ir ao estádio. Ele, inclusive, sabia que ela estava lá nesta segunda-feira.
Convidada pelo capitão Castán, Melissa abriu mão de algumas horas de estudos para o próximo vestibular, que vai prestar no domingo, e foi, com a mãe e uma amiga, a São Januário. Entrou em campo e a emoção falou mais alto. Tímida, pediu ajuda para pegar um pedacinho da grama para levar para casa (e não desgrudou dele um segundo sequer). Mas avisou:
– Só vou chorar no fim. Agora, não – disse, aos risos.
Enquanto a bola não rolava, a maior ansiedade era pelo aquecimento dos jogadores no gramado. Quando o capitão Leandro Castán apontou no túnel do vestiário, Melissa não se aguentou:
– Olha! O meu amigo! – brincou.
Depois, assistiu à vitória do Vasco sobre o Cruzeiro na sala do presidente Alexandre Campello. Com uma camisa na mão e outra, autografada por todos os jogadores do elenco, vestida, Melissa vibrou, passou nervoso e respirou aliviada ao apito final. Mesmo sem gritar, ficou sem voz, tamanha emoção de realizar um sonho.
– É uma sensação fantástica. É único. Senti uma energia, algo diferente. Foi maravilhoso.
Tradicionalmente, Melissa acompanha as partidas do Vasco pelo rádio. Dificilmente consegue assistí-las na televisão. O que mais chamou atenção da fanática torcedora foi o calor dos torcedores em São Januário.
– Você vai sentindo esse calor da torcida, né? Essa paixão, esse sentimento. Tem uma onda de energia muito grande. É muito diferente, completamente diferente. É algo mágico. É totalmente mágico. Na hora do gol eu fiquei tão nervosa que me tremi toda. O ar faltou, não consegui gritar. De tanta emoção que me deu.
Com ânimos renovados e sonhos realizados, Melissa continua em busca de mais um desejo: conseguir cursar medicina. No próximo domingo, dia 8, quando o Vasco se despedir do Campeonato Brasileiro, ela estará realizando mais um vestibular para tentar estudar na Unigranrio. A torcida, desta vez, será por ela.
Globo Esporte