Marlon Gomes mira conquista pela Seleção e elogia trabalho de Barbieri no Vasco

O meio-campista do Vasco da Gama, Marlon Gomes, ainda falou sobre a possibilidade de ir para a Europa e a saudade da filha.

Marlon Gomes em ação pela Seleção Sub-20
Marlon Gomes em ação pela Seleção Sub-20 (Foto: Rafael Ribeiro/ Vasco)

Paciência. É a palavra-chave de Marlon Gomes para encontrar o melhor momento de achar Vitor Roque na cara do gol. Também para planejar a carreira e ir degrau a degrau. É no ritmo do meia da seleção brasileira sub-20 que o Brasil espera carimbar a vaga para o Mundial da Indonésia nesta segunda-feira, contra o Paraguai, às 19h30.

O Brasil é líder com duas vitórias em dois jogos. Uma vitória garante a classificação antecipada, mas até um empate pode valer vaga, caso a Venezuela seja derrota pelo Uruguai e o Equador não vença a Colômbia.

Na véspera da partida, o jogador do Vasco atendeu a reportagem do ge. Falou da competição, do destaque que vem tendo ao lado de Andrey, ex-companheiro de Vasco, já vendido ao Chelsea, e projetou o título invicto, que não vem desde 2011. Naquela geração de Neymar, Casemiro, Danilo, Lucas Moura e cia.

Entrevista: Marlon Gomes

ge: A nossa comentarista Renata Mendonça brincou num dos jogos e disse que se a Terra tem 70% de água, os 30% restantes são cobertos por Marlon Gomes. Ela acertou na estimativa?

Marlon Gomes: (Risos) Fico muito feliz por isso, por receber esse elogio. O professor Ramon sempre fala que o nosso time é muito técnico, tem muita qualidade com a bola, mas sem a bola a gente tem que correr atrás dela, porque sem correr atrás da bola fica muito ruim. Então, a rapaziada do meio ali, eu, Andrey, que jogamos mais junto. A gente tenta cobrir para que a rapaziada da frente se poupe um pouco mais e fico muito feliz por receber esses elogios. Graças a Deus estou fazendo um ótimo Sul-Americano e agora é focar para o para os jogos que que faltam.

Quanto você percorre por jogo? É quem mais se desloca em partidas?

– Geralmente percorro de 9,5 km a 10 km por jogo. Andrey é o que mais percorre e depois sou eu.

A gente selecionou diversos lances seus que mostram sua versatilidade em campo. Tem passe milimétrico, desarme, chute à média distância… Mas ainda não veio o gol. Está ansioso?

– Eu acho que nem é questão de estar ansioso. Acho que eu me cobro muito também. Porque sou jogador que sempre também marco meus gols. Brinco aqui porque no treino saem muitos gols só que no jogo não acontece. Mas eu creio que que Deus está preparando tudo certo e na hora certa vai sair o gol do Marlon Gomes e para o Brasil vai ser muito importante.

– Acho que que eu sou um jogador que que faz tudo muito simples, por isso que às vezes sai muito bonito, às vezes na até na TV mesmo.

– É lógico que tem hora que tem que fazer algo diferente, isso é do futebol brasileiro e às vezes sai uma bicicleta, uma parada diferente para defender mesmo. Eu acho que eu me cobro e eu acho que qualquer hora vai sair meu gol. Mas não estou ansioso para isso. Vai acontecer naturalmente. Piso bem na área e na hora certa vai sair o meu primeiro gol aqui no Sul-Americano.

Essa posição, no meio ao lado do Andrey, não tão na ponta como você jogou ano passado no Vasco, é onde você se sente mais à vontade?

– Sempre deixei bem claro que onde o treinador precisar eu vou ajudar da melhor forma possível para o grupo e para o clube. Mas também sempre deixei claro que minha especialidade era no meio, é onde eu gosto de jogar, de segundo volante. Porque eu gosto de pisar na área também, também sei defender bem. Então acho que consigo juntar um pouco da duas coisas. Jorginho é um cara excepcional, e gostei de jogar na ponta com ele. Ali também consegui ajudar bastante o Vasco ano passado. Agora o Barbieri está fazendo trabalho top no Vasco. Mas minha especialidade realmente é no meio, desde a base e agora aqui também na seleção brasileira.

O primeiro gol contra a Venezuela tem uma ensaio e depois a jogada do gol. Na primeira, o lance é bloqueado e na segunda vocês acham espaço. A marca desse time é insistência e paciência?

– O Ramon e o Branco falam muito com a gente. O primeiro tempo foi muito truncado, a equipe deles era uma boa equipe, jogava de primeira e de segunda bola e o Branco me chamou no intervalo, falou, por eu ser meia, de observar os facões dos atacantes e, principalmente, o Roque, que é muito bom nesse facão de dentro para fora.

– E quando o Andrey pega a bola, ele já me conhece, eu consegui posicionar meu corpo bem. Andrey me achou ali. Eu consegui ver o Roque e ele foi feliz em finalizar.

No último Sul-Americano, o Brasil tinha Rodrygo, Emerson Royal, Tetê, Igor Gomes… série de bons jogadores, que têm destaque hoje. Mas não classificou, como vinha sendo comum nas competições sub-20. O que esse grupo tem de diferente?

– Todos nós sabemos da nossa responsabilidade. Só que a gente se fechou como verdadeira família. E acho que o primordial foi deixar o clima leve aqui. Desde a Granja, o clima é sempre bem leve. Todo mundo é uma família mesmo brincando, com alegria. Indo para os jogos, escutando nossas músicas, dançando, porque o futebol brasileiro é isso, é alegria. Acho que isso foi primordial para nos deixar muito mais leves dentro de campo e consequentemente conseguir achar os gols. Tem dia que a bola às vezes não quer entrar, tipo primeiro tempo agora contra a Venezuela. Só que ninguém se apavora, a gente sabe que a gente vai conseguir chegar até o gol do adversário e vai conseguir fazer o gol.

O último título foi em 2011 com a geração do Neymar, do Casemiro. Tinha Lucas Moura, Danilo, Alex Sandro. Coutinho, que só foi no Mundial, Oscar e muitos outros que jogaram Copa. Vê esse futuro nessa sua geração?

– Todo moleque, toda criança sonha em jogar na seleção brasileira e aqui não é diferente. A gente comenta e todos nós sabemos que o futebol é muito rápido, né? Você está aqui e daqui a um ano você está em outro lugar. Então estamos trabalhando quietinho, na humildade, porque todos nós sabemos da qualidade que cada um tem aqui individualmente e daqui a alguns anos creio que vamos ter muito atletas na Europa, consagrados, como esses que você falou de 2011, e a gente vai lembrar dessa geração que, se Deus quiser, ganhou o Sul-Americano sub-20 deste ano.

A classificação pode vir contra o Paraguai, mas tenho visto vocês falando em título de maneira determinada. É o objetivo principal?

– Sim, sim, a gente pensa degrau por degrau, o grupo todo vai pensando assim. Nos tornamos uma família, como eu falei, então todo mundo está com o mesmo pensamento. Acho que que numa competição tão grande como essa, é válido a gente vir pensando degrau por degrau.

– A primeira coisa é classificar para o Mundial, que está muito perto, e depois disso a gente vem pensando no título e a gente pode pensar em outras coisas para a campanha também. Talvez ser campeão invicto e isso é importante também.

Falando um pouco de Vasco. Você tem assistido aos jogos? Tem mantido contato com Barbieri, com os jogadores?

– Assisti a todos os jogos desde que eu que eu vim para cá e converso só com os atletas que tenho mais intimidade, com o treinador e a comissão técnica, não. Graças a Deus, estamos no caminho certo.

– O Barbieri está fazendo um excelente trabalho, é um excelente treinador no meu ponto de vista. Eu acho que quando eu voltar posso ser muito ajudado pela forma que ele trabalha e se Deus quiser vamos fazer um belo ano pelo Vasco.

Andrey, teu amigo e companheiro de Vasco, foi para o Chelsea. Esse é um caminho natural para você também? Coloca isso como meta na carreira?

– Eu vou me preparando para quando o momento chegar. Eu preciso estar preparado para as oportunidades, mas eu creio que que Deus faz tudo no tempo perfeito. O futebol é muito rápido, eu não esperava estar aqui, agora, com o nome que estou, crescendo a cada dia mais. Não esperava subir para o profissional muito rápido e aconteceram as coisas, já joguei de titular e caí nas graças da torcida. Sobre a Europa, eu fico bem tranquilo.

– Sei que que as coisas vão acontecer naturalmente. Não quero furar esse processo muito rápido. Quero que as coisas fluam naturalmente do jeito que ela são. Hoje estou seleção Brasileira, quando eu voltar será o Vasco e assim por diante.

Você foi pai aos 15 anos. A pequena Maitê tem assistido aos jogos? Como que tem matado a saudade?

– Eu fui pai cedo, né? Então acho que para o homem a maior maior felicidade é ter a sua filhinha, ter seu filhinho, e eu não sou diferente. Estou com muita saudade da minha filha. Fico vendo fotos dela. Faço vídeo-chamada para matar um pouco dessa saudade. Falo para ela que o papai está trabalhando e daqui a pouco volta e está acabando, falta pouco tempo. Daqui a pouco o papai volta para brincar com ela. A mãe dela grava ela falando “papai”, conhece o Andrey também. Então quando vê na televisão ela fala “papai”, chama o Andrey também. É uma felicidade enorme para mim. Tenho que agradecer a Deus por tudo que está acontecendo na minha vida, de maneira tão rápida.

Fonte: Globo Esporte

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