Juninho brilha e vence duelo de veteranos com Seedorf
Na vitória do Vasco sobre o Botafogo teve o duelo entre dois veteranos de toque de bola refinado: Juninho Pernambucano e Seedorf.
Mais que a rivalidade regional e a briga pela liderança do Campeonato Brasileiro, além da busca por uma vaga entre os quatro clubes que se classificam para a Libertadores do ano que vem, o clássico entre Vasco e Botafogo, na noite desta quarta-feira, no Engenhão, brindou os torcedores, de ambas as equipes, com um duelo entre dois veteranos de toque de bola refinado: Juninho Pernambucano (37 anos) e Seedorf (36 anos), o reforço mais badalado do futebol nacional este ano.
Se por um lado o holandês ainda sentiu a falta de entrosamento com os companheiros botafoguenses e o início da sua temporada pessoal, do outro lado, Juninho também demonstrou cansaço com a forte sequência de jogos, no meio e no final de semana, deste Brasileiro. Tanto que esta foi sua quarta partida consecutiva como titular, atuando os 90 minutos.
Só que Juninho está no Vasco desde o ano passado e Seedorf está no Brasil há apenas 20 dias. E muito mais adaptado ao futebol nacional, o vascaíno sobressaiu-se no duelo particular ao dar o passe decisivo para o gol de Alecsandro, que garantiu a vitória do Vasco por 1 a 0 e a liderança provisória do Campeonato Brasileiro, agora com 29 pontos.
A exemplo de sua estreia contra o Grêmio, Seedorf usou o lado esquerdo do campo para apoiar o ataque. No primeiro minuto de jogo, o holandês fez sua primeira participação na partida. Com um passe errado, tentando acionar Márcio Azevedo, falha que quase gerou um contra-ataque orquestrado justamente por seu rival veterano. A zaga da equipe alvinegra, no entanto, interceptou o passe de Juninho, que buscava Alecsandro.
Cinco minutos depois, o reforço mais badalado do Brasileiro mostrou seu toque de bola refinado: ainda no campo de defesa, acionou o companheiro Marcio Azevedo, com um lindo lançamento. O lateral, no entanto, parou na marcação de Auremir. Enquanto isso, o rival vascaíno se mostrava mais tímido e afoito. Após carrinho desnecessário em Renato, no setor do meio-campo, Juninho foi advertido com o cartão amarelo.
Aos 10min, o meia vascaíno, no entanto, deu o troco: em cobrança de falta precisa, colocou a bola na cabeça de Alecsandro. Jefferson fez extraordinária defesa e impediu que o vasco abrisse o placar. Com Seedorf ainda sentindo o início de temporada e o desentrosamento com suas companheiros de Botafogo, com o passar do tempo, viu o rival passar a dominar as funções pelo meio-campo.
Aos 30min, ainda no campo de defesa, Juninho deu longo passe que caiu nos pés de Carlos Alberto. Em velocidade, ele passou a bola para Wendel, livre, perder a melhor chance de gol do primeiro tempo do clássico. Nove minutos depois, o primeiro lance envolvendo uma disputa entre os dois destaques da partida.
Após chutão para o alto de Fábio Ferreira, aliviando contra-ataque vascaíno, Seedorf e Juninho brigaram pelo domínio da bola no meio. Melhor para o holandês, que usou seu porto físico para matar com a parte externa do pé, e sair jogando. Já nos acréscimos, ele pedalou para cima de Auremir, e deu de calcanhar para a corrida de Marcio Azevedo. O lateral botafoguense não entendeu a jogada e o primeiro tempo do duelo ainda tímido entre Juninho e Seedorf ficou sem gols.
O segundo tempo do duelo particular entre os dois craques começou com uma grande chance para Juninho Pernambucano. Aos 5min, bem ao seu estilo, ele caminhou firm para bater uma falta da intermediária, mas a bola ficou na barreira botafoguense. Bem aquém dos poderosos arremates que o meia está acostumado a executar.
Seedorf, por sua vez, também não animava a torcida botafoguense: aos 9min, deixou a bola escapar no meio-campo e, novamente, quase armou contra-ataque para o Vasco. Renato apareceu para afastar. A torcida do Vasco, porém, não perdoou e vaias soaram destinadas ao holandês soaram pelo Engenhão.
Aos 19min, ele tentou se redimir ao cobrar falta na ponta direita, quase no escanteio, mas Dedé, soberano, subiu bem para afastar, mantendo morno o duelo entre os dois grandes destaques do clássico. No minuto seguinte, no mesmo setor, Seedorf tentou passar pelo jovem William Matheus, rumo ao gol, mas ainda lento, ficou na marcação.
Juninho seguia pelo mesmo ritmo: sentindo a sequência de quatro partidas seguidas como titular, atuando pelos 90 minutos, não conseguia dar a mobilidade costumeira ao ataque. A torcida vascaína sentiu isso e pediu Felipe. Cristovão atendeu: sacou Carlos Alberto e colocou mais um veterano em jogo.
Aos 27min, Seedorf tentou se arriscar como ponta esquerda, mas errou o passe final. Agachou e lamentou a falta de ritmo. Não dava mais. Oswaldo percebeu e fez a substituição que colocou um ponto final no duelo ao colocar em campo Fellype Gabriel. Quer dizer, ponto final naquelas: aos 41min, tirando o último “fôlego da cartola”, Juninho – sentado – achou Alecsandro livre na pequena área. Bola no fundo do gol de Jefferson. Estava vencida a disputa pessoal. E ainda ouviu após o apito final a torcida gritar em polvorosa: “ei, ei, ei, o Juninho é o nosso rei”.
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