Jorginho é apresentado oficialmente pelo Vasco; veja a entrevista coletiva

O técnico Jorginho foi apresentado oficialmente como novo técnico do Vasco da Gama nesta quarta-feira, no CT Moacyr Barbosa.

Jorginho em 1º dia de trabalho no Vasco em setembro de 2022
Jorginho em 1º dia de trabalho no Vasco em setembro de 2022 (Foto: Daniel Ramalho/ Vasco)

Jorginho está de volta ao Vasco. Aos 58 anos, o treinador foi apresentado oficialmente na tarde desta quarta-feira, na sala de imprensa do CT Moacyr Barbosa, e concedeu entrevista coletiva. Ele chega para comandar a equipe nas 10 últimas rodadas da Série B. O treinador se disse honrado por estar “novamente em casa” e que planeja ficar no clube por muito tempo.

– Um prazer estar retornando ao Vasco da Gama. Estou muito honrado de estar de volta, feliz poder novamente estar em casa. Aqui é minha casa, joguei dois anos aqui. Fui treinador em 2015, 16 e 2018. 2015 e 16 foi um ano muito melhor do que os outros para a gente, conquista do Carioca invicto. A gente conseguiu ganhar de todas essas equipes. Uma satisfação muito grande minha, planejo ficar aqui muito tempo, quero ultrapassar o Renato, acho que são 102 jogos oficiais. Objetivo naturalmente é a longo prazo, não ficar aqui por apenas dois meses – disse o treinador.

E Jorginho restreeia em um jogo que considera muito difícil. O duelo com o Grêmio, no domingo, às 16h, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, pela Série B, também marca a volta do técnico Renato Gaúcho ao Tricolor. O treinador destacou que sua equipe precisa ter coragem e acreditar que o Vasco é “grande em todos os lugares”.

– Sabemos que jogar contra Grêmio, Inter, no Sul, é sempre muito difcil. Renato teve um período maravilhoso lá, situação um pouco diferente agora. Sei que vai estar um clima favorável com a torcida. O que falei ontem na apresentação é que precisamos ter coragem. Primeira coisa quero meus jogadores é justamente essa confiança, coragem de jogar. Torcida não vai entrar em campo, vai empurrar, gritar. Essa semana para mim vai ser muito importante para organizar algumas coisas que vi, principalmente últimos três jogos, precisava de uma organização melhor. A gente tem que estar defensivamente mais organizado para não sofrer muito.

– É isso, temos que acreditar o Vasco é grande em casa, grande fora de casa e precisa ser grande em todos os lugares. O Vasco tem uma mescla muito interessante de jogadores jovens e experientes. É muito bom ve ro Adrey, como foi citado, mas outros jovens, Eguinaldo, Pec, Figueiredo. Eles estão subindo, tendo oportunidade no profissional.

Com contrato até o fim da Série B, Jorginho foi questionado sobre a duração do vínculo. O diretor esportivo Paulo Bracks se antecipou e declarou que o foco e o planejamento do clube estão no acesso à Série A, portanto o cenário do Vasco será reavaliado no fim do ano — o que não inviabiliza uma possível permanência do treinador.

– Nós estamos na Série B hoje, a realidade do Vasco, hoje, até o início de novembro, é a Série B. A partir do fim da Série B teremos uma nova realidade, e a partir dela tudo será reavaliado. Jogadores, comissão… A diretoria trabalha com planejamento, e o nosso hoje é única e exclusivamente ascender o Vasco. Também queria agradecer, porque desde o começo a nossa conversa foi muito transparente a respeito deste objetivo. Não significa que não teremos outros objetivos com as mesmas pessoas, mas o nosso foco é o acesso. Tudo vai ser feito pelo acesso. Depois é um outro planejamento.

Junto com Jorginho, chegam o auxiliar Joelton Urtiga e o analista Bebeto Sauthier. Essa será a terceira passagem de Jorginho pelo Vasco como treinador: ele também dirigiu o clube em 2015/16 e em 2018.

O Vasco é o atual quarto colocado da Série B, com 45 pontos. Está a quatro de distância do quinto, que neste momento é o Londrina, com 41. O próximo compromisso da equipe na competição é no domingo, contra o Grêmio, em Porto Alegre.

Veja outras respostas da coletiva

Foco jogo a jogo

– A gente não pode pensar em quatro jogos, eu tenho que pensar no Grêmio. Então, todas as informações, ontem mesmo a minha esposa queria fazer alguma coisa depois que eu cheguei em casa, eu disse: “Não, vamos ficar em casa, eu preciso descansar”. Porque é muita informação que a gente pega. A gente chegou aqui, para você ter uma ideia, toda a estrutura de São Januário veio para cá, então eu conheci mais de 50 pessoas que eu nunca tinha visto na minha vida. E é importante falar com as pessoas, chamar pelo nome. Além de todo trabalho, apresentação com os jogadores, planejar o treinamento e a nossa semana, que eu já faço parte do planejamento em relação à viagem, treinamento, a gente sabe que está acontecendo o Rock in Rio, então (definir) se treina á tarde, se treina de manhã. Tudo isso engloba um planejamento para esse jogo, então vamos pensar exclusivamente no Grêmio, depois naturalmente a gente vai pensar no Náutico, Cruzeiro, Londrina, que a gente sabe que são jogos importantes. Mas o principal é focar agora. Há seis jogos que a gente perde fora de casa, então é fundamental um resultado positivo fora de casa e somar.

Estilo de jogo do Brasil de 1994

– Não tem como a gente replicar uma situação do jogo de 1994, porque eram jogadores diferentes, a capacidade, a qualidade, a forma de jogar, treinador, tudo diferente. Apesar de eu ter pego de cada treinador meu, eu procurei ver o que ele tinha de potencial, então com certeza tem algo no meu DNA que vem do Parreira, do Zagallo, que é um cara que marcou minha vida, um cara que deveria ter um respeito muito maior do que ele tem, um dos maiores vencedores do futebol mundial, por tudo que ele conquistou como treinador e jogador. Mas é interessante, porque só a questão do sistema de jogo, é um sistema que sempre gostei muito de jogar, eu fiz isso em 2015 e 2016 no Vasco, um formação. Os jogadores que nós temos aqui, podemos muito bem jogar da forma que viemos jogando, no 4-2-3-1 ou num 4-4-2 formando um losango.

Por que concordou com contrato de dois meses?

– A identificação que tenho com o Vasco, passei aqui como atleta, tendo dois títulos importantíssimos, o Brasileiro e a Mercosul, que hoje seria a Sul-Americana. Como treinador, fui feliz de novo, ser campeão no Maracanã… A gente sabe que, hoje, o Carioca perdeu um pouco daquela importância que tinha no passado, até mesmo porque foi condensado em três meses. Mas é um título importante, ainda mais no momento que a gente estava, na Segunda Divisão e ganhando das equipes. De sete jogos contra o Flamengo, nosso maior rival, tivemos cinco vitórias e dois empates. Essa identificação com certeza foi uma decisão minha de vir.

– A outra é que eu acredito muito no meu trabalho, então eu tenho certeza que não vão ser só dois jogos ou apenas dois meses, eu vou ficar aqui para o ano que vem. Eu entendo perfeitamente a situação da SAF, da 777, porque eles estão chegando agora, estão mudando uma série de coisas, a gente já está vendo a mudança acontecendo internamente. Eles precisam pensar e avaliar aquilo que eu vou fazer. Acredito muito no potencial desse grupo, da comissão permanente, da equipe que está chegando comigo, o Bebeto, que por sinal é uma arma contra o Grêmio, ele é gaúcho, conhece muito o Grêmio, então tem muita informação importante. São essas duas situações, acredito que a gente vá realizar um grande trabalho, fazer com que a equipe jamais deveria ter saído e jamais poderia voltar na situação de agora. Acredito que a gente vai conseguir encaixar um trabalho para o ano que vem.

Alex Teixeira

– Alex é um jogador que tem uma história no Vasco, como foi falado. É um período de adaptação, mas ele já demonstrou todo o potencial dele, foram dois gols, dois gols anulados, poderia ser dado o gol dele, eu achei tranquilamente que hoje o VAR é sempre muito questionado, por mais que tenham muita imagem. Não quero criticar, mas poderiam ter dado pelo menos um gol. É um jogador importantíssimo, e posso antecipar que pode jogar com o Nenê, desde que o treinador saiba usar esse situação e que saiba compensar, por exemplo, em um 4-4-2, se acontecer de eles ficarem em um momento de ataque, em uma transição defensiva, de não conseguirem retornar, a gente tem oito jogadores que podem fazer essa função.

2015 x agora

– Em relação a minha primeira passagem aqui, em 2015, 2016, naturalmente foi um período fantástico, de muito aprendizado. Uma figura polêmica, que era o Eurico Miranda, mas tive o grande prazer de trabalhar com ele, lembro quantas foram as vezes que saí com cheiro de charuto, mas saí mais apaixonado pelo futebol e com a sabedoria dele, com as colocações dele. O problema que eu tive na época foi com o filho dele, Euriquinho, mas hoje está tudo bem, a gente se falou, bateu papo, se perdoou, abraço. Não existe mais nenhum rabisco daquilo que aconteceu. Foi um momento maravilhoso, meu desejo é que aconteça, como aconteceu, eu peguei em 2015. Mas o meu objetivo será alcançado, da gente voltar pra Série A, de onde o Vasco jamais deveria ter saído, pelo potencial.

– Com certeza, com a SAF, as coisas mudam. Nosso diretor falou da não necessidade da venda de um jogador para entrar nos cofres do clube. Isso é fundamental, salários em dia. No passado, em muitos momentos, ficou sempre devendo, hoje a gente vai ter uma organização muito bem feita e planejamento a longo prazo, como ele falou. Por isso que essa questão de permanecer ou não jogador e treinador é normal nos jogos do ano que vem. Espero que não aconteça comigo, que eu consiga fazer um grande trabalho. Mas é normal, jogadores vão chegar, jogadores de Primeira Divisão, reforços, mas é um planejamento para frente.

Jogos fora de casa

– Uma equipe precisa ter um equilibro na parte tática e emocional. É fundamental que o jogador acredite. Por isso que digo que um Alex, um Nenê, um Anderson, eles são muito importantes, porque eles têm essa capacidade. No jogo passado, o Eguinaldo, em alguns momentos, na tomada de decisão, e a gente falando sobre renovação de Andrey, Eguinaldo indo pra Seleção, mas são jogadores que precisam de maturação e de alguns toques nos momentos de tomada de decisão ainda errada, diante de um adversário já falando: olha, joga por aqui. Ele jogou… Lembrando apenas de um momento do jogo, o lateral deu o fundo para ele porque já estava na frente dele. Ele fez isso. Em alguns momentos, uma tomada de decisão, é fundamental ter a experiência de um atleta como Nenê, como Alex, o próprio Anderson, que trabalhou comigo e é um líder nato.

– Quando nós conseguirmos esse equilíbrio, nessa semana nós vamos conversar, e eu sou muito de falar dessa parte emocional, porque eu acredito muito, já falei para vocês, mas o atleta que é confiante é um outro atleta. Já vimos atletas com muita capacidade técnica, já jogaram em outras equipes, mas quando chegam aqui não conseguem jogar, porque não têm um equilíbrio emocional. E é fundamental isso. Mas a parte tática, a gente não pode esquecer de jeito nenhum, porque é fundamental quando a equipe é atacada, no momento de uma transição, ela precisa ter os escapes. Quem vai fazer isso? Por exemplo, quando o Nenê já estiver batido, quando o Alex já estiver batido, nós temos uma juventude de um Marlon, de um Pec, Figueiredo, Andrey. Esses jogadores precisam entender que precisam dar um algo a mais.

Gol contra o Grêmio em 2000

– Foi um jogo muito importante para mim, fiz um gol meio de voleio. Levou a gente para uma semifinal. Um momento muito importante, que foi o nascimento da minha caçula, hoje com 21 anos de idade. Ela tem o que os outros não têm, porque eu não fazia tantos gols assim, apesar de ter 60 gols na carreira, para um lateral, depois volante, foi bem razoável.

Relação com Renato

– A gente jogou junto, foi um período maravilhoso, 1987 foi, para mim, uma das melhores equipe que eu tive a oportunidade de jogar. Eu passando todas com o Renato, recebendo nenhuma, porque ele era muito fominha, driblava todas, mas como a gente jogava com um 4-2, com dois atacantes, e o Renato era um dos atacantes, em alguns momento o Bebeto caía pelo meu lado, o que facilitava minha ultrapassagem, o Bebeto fazia isso muito bem. A gente tem uma amizade grande, um respeito grande, um cara vencedor como jogador e como treinador, já teve conquistas importantes. Eu estou nesse processo, tenho algumas conquistas. A gente como auxiliar, ás vezes, não reconhece essa conquista, mas como auxiliar eu sou campeão da Copa América, campeão da Copa das Confederações, são conquistas importantes, conquistas com o Vasco, sétimo lugar com o Figueirense em 2011 foi algo maravilhoso, no Kashima foram duas copas importantes. Então, estou nesse processo e muito feliz de estar nesse momento, estrear em um jogo importantíssimo para o Renato e para mim, duas equipes que estão frequentando o G-4 constantemente e que vão permanecer, tenho certeza que essas equipes vão subir.

Laterais

– Em relação às laterais, conheço bem essa posição, talvez eu possa flhar em outras, mas nessa eu não posso. Temos bons laterais com características totalmente diferentes, principalmente do lado esquerdo, onde eu tenho o Edimar, jogador muito experiente, um equilíbrio muito grande em termos ofensivos e defensivos, tenho o Paulo Victor, que é um jovem que tem mais capacidade em termos físicos, aquele que vai mais dentro, é mais agudo. Do lado direito, eles se assemelham um pouco mais, o Leo é muito experiente, pela sua idade, rodagem, o Matheus, é um pouco diferente do lado esquerdo, eles têm a característica um pouco mais parecida, mas são quatro jogadores que têm boa técnica, isso é muito importante, e tem a questão das virtudes do bom lateral. Como usá-las? Se você pega um jogador que não tem tanta velocidade, precisa de um jogador para apoiar pelo lado, porque ele não vai ser esse cara para ultrapassar, como eu era, que ultrapassava o tempo todo. Se você tem um jogador como Paulo Victor, agudo, você tem que trabalhar dessa maneira com ele, tem que dar o corredor. Da forma como eu usá-los, tenho certeza que vão subir de produção, vão ter mais confiança. Eu falo: quando você basicamente monta a linha de cinco nossa de ataque, você é um atacante. Não é que ele vai esquecer de voltar, ele vai voltar por dentro. Mas naquele momento, a função dele é justamente chegar na linha de fundo, dar um cruzamento, passe para trás, cavadinha. É fundamental que ele entenda ali no momento quem ele é, porque deixou de ser um defensor. E ele sendo um defensor, tem que voltar com uma certa velocidade, não precisa ser 100%, mas um pouquinho mais rápido, para que ele possa recompor sua equipe.

Jovens

– É muito importante que eles acreditem, o torcedor precisa acreditar que o Pec é um potencial enorme, que o Figueiredo é um cavalo, literalmente falando em termos de força. Ouvi dizer que o DG falou sobre mim, que eu sei trabalhar. O DG não tinha sido mandado para min no profissional, em 2016. Eu pedi para treinar com o sub-20, faço muito isso, e eu falei: esse é o cara para substituir o Julio dos Santos, um excelente jogador e profissional, mas que não pisava na área e não fazia gol. Mesmo sendo grande, na bola aérea não era muito forte. Eu falei com o Eurico, ele nunca queria escalar, mas dessa vez ele deu um pitaco. Ele disse: “Meu filho, toda vez que a gente joga com o Julio dos Santos, a gente vai bem, não perde”. Eu disse: “Não é verdade, vou trazer algumas colas e tal. perdemos esse jogo, esse jogo, esse jogo. Tenho certeza que vocês vão ganhar muito dinheiro com ele (DG)”. Eu sei trabalhar muito bem com os jovens, sei que muitas vezes temos jovens e jovens. são diferentes. Pec precisa ser abraçado, entender quem é e o potencial que tem. Ele precisa de uma afirmação. Eu já falei isso para ele, o encontrei em outra oportunidade e falei: “Acredite no seu potencial, que vocês vão subir, que vão fazer um grande trabalho, que vão voltar á elite do futebol brasileiro, de onde nunca deveriam ter saído”. Eu nem era treinador do Vasco, estava desempregado. E eu falo isso novamente para ele. Seja o Pec, Figueiredo ou qualquer jovem que venha a trabalhar, porque provavelmente vamos fazer muitos trabalhos com o sub-20. Acreditem em vocês. Esses jogadores não estão aqui por acaso. Pode ter certeza que eu estarei usando esses jogadores e eles vão subir de produção.

Comparação com o elenco de 2016

– É muito diferente, o grupo que a gente tinha em 2016 tinha uma idade média, provavelmente a maior do mundo, Nenê com 36, Diguinho, Andrezinho, Jorge Henrique… tudo jogadores de 33 para 34 anos. Aqui a gente tem alguns jogadores acima de 30 e muitos jovens, com muita capacidade, força, vitalidade. A única coisa é que a gente sempre frequentou o G-4, é o que está acontecendo com o Vasco. É importante se manter, com certeza vamos subir.

Permanência de Andrey

– Fico muito feliz pela renovação, porque é um potencial enorme, inclusive já ouvi dizer de uma similaridade com alguns ex do passado, que criaram uma grande história, como Juninho, Geovani e tantos outros que passaram aqui. Joguei com os dois aqui no Vasco. O Andrey, com certeza, é a melhor decisão, os jogadores muitas vezes saem daqui muito jovens, acabam perdendo algo importante dessa identidade com o clube, com uma seleção brasileira, que é um jogador que no futuro pode pensar nisso, pensar na sub-20 agora, mas principalmente no futuro, tem todo potencial. Fico muito feliz de contar com esse nível de jogador.

Maior respeito dos jogadores

– Alguns treinadores já quebraram algumas regras, lembro do Parreira, que não foi atleta, mas foi campeão do mundo. Inteligente, estrategista, impressionante a visão que tinha, tanto nossa quanto dos adversários. Mas é evidente que, quando eu vou falar com os atletas, eu vivi aquilo ali. Eu vivenciei esse momento, seja como atleta e como treinador, na Primeira Divisão, na Segunda Divisão. Não sei, acho que era mais fácil perguntar para o atleta, se quando eu falo, o que eles sentem. Mas as experiências vividas dentro de campo contam muito. Creio que quando um atleta olha para mim e vê minha história, como jogador e treinador, os resultados que tive.

– O Renato alcançou um nível, ele foi protagonista em campo como jogador, tem sido protagonista como treinador, alcançando títulos mais expressivos que eu. Eu fui um protagonista em campo e estou procurando ser, mas eu sempre digo para os atletas: eu jamais seria um protagonista, porque eles são os protagonistas. Tenho muita dificuldade com treinadores que querem ser mais protagonistas que os jogadores, porque eles que estão em campo, eles que decidem. Para vocês terem uma ideia, muitas vezes eu entro para o intervalo o que estão vendo, sem apresentar a solução para eles, porque eles têm soluções melhores que nós. Eu apresento naturalmente o que a gente viu lá de cima, que é mais fácil de ter uma leitura do jogo, e trago alguns pontos, mas os jogadores são os protagonistas. Por isso, é sempre bom saber que olham para mim de uma forma diferente. E eu percebo isso.

– E ao olhar cada jogador, cada um de vocês, naturalmente eu sei que tem um respeito, porque eu já estive aí nessa situação em alguns momentos. Quando o jogador olha para mim, vou falar por exemplo do lateral, ele sabe que conheço muito bem aquela posição. Um lateral que se guarda o tempo todo em termos de marcação, deixa o ponta, ele trabalhar e marcar o ponta adversário. Não pode de jeito nenhum. Você tem que se expor, comandar o ponta, o extremo que está ali na sua frente, porque você que está vendo tudo. É muito importante, para mim se tornou fundamental eu ter sido atleta, porque quando eu vou falar com eles, eu tenho um respaldo, porque eles sabem que eu estou falando de algo que eu realmente conheço.

Falta de grandes laterais

– Talvez esse jogo com menos espaço, um jogo mais apoiado, que se joga em 30, 40 metros, tirou aquela impetuosidade do grande lateral, de ultrapassagem, velocidade, mas existem bons laterais. No Atlético-GO, tinha dois com características diferentes: o Dudu, que é mais construtivo, que cruza muito bem, e o Hayner, que é um cavalo, passa todas. tem grandes laterais, bons laterais, falando aqueles que ocnheci, sei que na Seleção é outro nível. São momentos de não ter grandes laterais, mas tenho certeza que vão surgir, como já aconteceu na lateral esquerda, e hoje temos mais opções. Depois do Roberto Carlos, tivemos uma certa dificuldade de encontrar grandes laterais.

Primeiro contato com o grupo

– Foi bom, foi muito bom, a gente teve uma apresentação, eu conhecia, tinha trabalho com cinco jogadores. É muito bom chegar em um ambiente em que com certeza já falaram de você, passaram suas virtudes, isso é muito legal. Foi um momento muito bom, de muita confiança, procurei passar essa questão de ganhar os confrontos, ter coragem, porque Série B é assim. Se você apenas estiver bem organizado, mas não tiver sangue nos olhos, não vai. Tem que deixar o sangue correr, ser um jogo de muita transpiração, é muito importante que isso aconteça. Trouxe isso para o campo, fiz basicamente trabalho de conforto, muito intenso, para que eles tivessem, eu costumo dizer que gosto de ganhar até cuspe à distância, então eu queria que eles tivessem esse desejo no treinamento. Hoje, a gente vai passar para uma parte mais tática, organizando a equipe, com algumas possibilidade e variações táticas.

O que precisa melhorar?

– É difícil a gente falar de um trabalho que estava sendo feito. A gente observou os três jogos, a transição defensiva estava realmente muito exposta, a nossa zaga estava muito exposta, e olha que a gente tem um pitbull. Esse pitbull precisa trabalhar, naturalmente com organização, ele não pode trabalhar sozinho. essa transição defensiva precisa ser um pouco mais rápida e mais organizada. Muitas vezes estava vendo uma linha de quatro ou uma linha de três, porque um dos laterais subia, e quando abaixava a linha, descia com dois zagueiros, um lateral e um volante contra cinco atacantes. Preciso de uma organização defensiva melhor, uma transição defensiva melhor. Uma questão também é a confiança, isso é fundamental, nos jogos fora principalmente, você não pode oscilar.

– Vamos pegar um Grêmio, que tem um potencial enorme, jogadores de muita qualidade, jogadores de lado, que eu conheço muito bem, não deve entrar de imediato, mas o Janderson, o Biel, jogadores de muita velocidade, muita capacidade. O Diego Souza faz um pivô muito bem feito, seja na casquinha ou na proteção, então a gente tem que saber exatamente que é uma equipe com muito potencial, do G-4 e grande candidato a subir, assim como a gente. Então é preciso estar muito organizado, muito atento em todos os momentos. E uma coisa que detectamos é que a gente pisa pouco na área, muitas vezes tem apenas um jogador, então é quase impossível você conseguir furar o bloqueio do adversário se você não coloca quatro ou cinco jogadores na última linha de marcação deles.

– Então, é algo que a gente precisa trabalhar, precisa fazer com que a equipe possa ter mais capacidade e opções de infiltrações no campo, trabalhando muito nisso. Hoje estou mais preocupado com a parte defensiva, treinaremos isso a partir de amanhã já, a parte o ofensiva também é algo que a gente precisa melhorar. E no todo, acho que a gente precisa ter o equilíbrio. A equipe não pode ser, como acontece, dentro de São Januário é uma, fora é outra, então precisa ter equilíbrio.

Movimentação

– O Alex, para mim, é ponta. Hoje, um atleta precisa de versatilidade, se movimentar. Se ele está como ponta, se tenho Edimar fazendo uma ultrapassagem, em algum momento ele tem que voltar, tem que cobrir o Edimar. Claro que normalmente vai ser o volante do lado. É importante que a gente entenda que o Alex é um ponta, não é um centroavante. Ele jogar por dentro em muitos momentos, que o Nenê também gosta de jogar pelo lado em muitos momentos também, ele gosta de fazer dobradinha com o lateral, é inevitável que aconteça. Essa movimentação tática é ocupação de espaço, é justamente o jogo de posição que precisa acontecer na equipe. Se está ali o lateral, o ponta e o volante do lado, que eles possam fazer essa troca do lado, ou o meia, dependendo do caso, de como você joga. Que haja uma troca de posições, e que ele se sinta confortável. Alex é extremamente inteligente, jogador que finaliza muito bem, então ele ficar longe do gol… Ele por ser com a perna predominante direita, cortando para dentro e finalizando é muito bom. E ele tem velocidade, não é velocista de 50 metros, mas de 20 a 30 metros, ele é muito forte. Ele precisa realmente estar mais próximo ali. Em muitos momentos ele vai pisar na linha por conta da forma como a gente joga.

Jogo com o Grêmio

– Naturalmente são duas equipes que jamais deveriam estar onde estão, que querem voltar à elite do futebol brasileiro. É um grande jogo, trabalhar com os jogadores de que é o jogo de Primeira Divisão, de equipes que já ganharam Libertadores, o Grêmio é campeão mundial, um dia o Vasco vai chegar a essa situação, espero que seja no outro ano, então com certeza é um grande jogo. O mais gosto disso tudo é o que vai envolver esse jogo.

Confira a entrevista Coletiva

Fonte: Globo Esporte e Vasco TV

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2 comentários
  • Responder

    O Jorginho demonstra , nesta entrevista, grande conhecimento de futebol! Fiquei muito satisfeito com sua entrevista, pois demonstrou conhecimentos técnicos, físicos, de comportamento. No meu entender o Vasco contratou um verdadeiro técnico de futebol! Que seja feliz e nos faça felizes!

  • Responder

    Tamanho não ganha jogo, o que ganha é bom futebol.
    Isso tem faltado.

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