Jogador do CSA ganha camisa de Couitnho e se impressiona com meia do Vasco
Brayann, o CSA, revelou detalhes da conversa que teve com Coutinho e diz que quadro com a camisa que ganhou do meia.

Após o Vasco decretar a vitória por 3 a 1 sobre o CSA, em São Januário, e garantir uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil, uma cena chamou atenção: a troca de camisa entre Philippe Coutinho e Brayann, camisa 10 do clube alagoano.
E o gesto representou muito para o autor do “gol de honra” do Azulão na Colina. No início da carreira, o atleta, hoje com 27 anos, acompanhou de perto Coutinho com a camisa do Bayern de Munique – e em plena Allianz Arena.
A trajetória de Brayann no futebol também é de chamar atenção. Depois de tentar a vida como jogador, mas sem sucesso em um primeiro momento, se dedicou aos estudos e teve até a sua própria ótica, em Sobral, no Ceará, cidade aonde nasceu, como contou em entrevista à ESPN.
“Eu meio que já tinha desistido (do futebol). Nunca tive muitas oportunidades, onde eu moro é bastante difícil, muitos garotos de qualidade, mas muito difícil, não tem muitas oportunidades. Minha família sempre foi muito para o estudo, acabei me formando em administração, eu tinha uma ótica. E aquilo não estava me fazendo tão feliz, estava bastante corrido, eu passava o dia na loja, à noite faculdade, chegava (em casa) e tinha que fazer TCC.
E foi depois de enfrentar as dificuldades da “vida comum” que o meia viu as coisas começarem a dar certo no futebol – e mesmo iniciando a carreira depois dos 20 anos. E tudo começou com a oportunidade de passar cinco meses no Darmstadt, clube que disputava a segunda divisão da Bundesliga.
“O meu primo trabalhava com intercâmbio, conversamos um pouco, me perguntou se ainda tinha essa vontade (de jogar futebol). Pelo momento que eu estava ali, tentei algo que eu gostava de fazer, que realmente me deixava feliz. Apareceu essa oportunidade de ir para o Darmstadt, eu fui”, lembrou.
“Para mim foi muito bom, sempre fui um cara que correu muito atrás do que eu quero. Fiz muitas coisas, foi uma experiência incrível, me ajudou muito no inglês. Eu não falava alemão, mas sempre tive muita vontade de aprender inglês, pratiquei bastante, me ajudou muito. Em relação ao futebol, me ajudou principalmente na obediência tática, a inteligência dos alemães, você acaba aprendendo muito. Aquilo ali era o que eu queria para a minha vida, uma qualidade de vida.”
Foi durante uma folga que Brayann ganhou ingressos para assistir Bayern de Munique e Mainz, na casa do time bávaro, em jogo que terminou em vitória de goleada – e virada – por 6 a 1 do time de Coutinho, que estava em campo.
“Foi uma folga, conseguiram ingressos, perguntaram quem queria ir. Acabei tendo essa felicidade de assistir o Coutinho, que é uma das nossas maiores referências no futebol.”
A passagem pela Alemanha acabou interrompida pela pandemia de COVID-19, que se alastrou primeiro na Europa. Brayann tinha planos de continuar por lá, mas não conseguiu retornar ao país. Ainda assim, foi nessa época que, através de um amigo, ganhou a oportunidade de se profissionalizar no Guarany de Sobral.
“Não dei continuidade (no Darmstadt) por conta da pandemia mesmo, acabei voltando de férias, estava tudo programado para voltar, tinha decidido que era o que eu queria, tinha parado a faculdade, deixado a minha loja. A pandemia parou um sonho, mas ao mesmo tempo voltou outro, que foi onde consegui me profissionalizar de verdade no Guarany de Sobral”
“Um amigo assumiu o Guarany de Sobral, e ele me perguntou se eu não queria. Eu falei ‘vou voltar, vou tentar’. Fiz uns testes, ele falou que eu iria ficar, foi ali onde tudo começou”, lembrou.
‘Se eu tivesse 10% daquela chapada…’
Depois do Guarany, o meia ainda passou por outras equipes, incluindo Maracanã-CE, Afogados, Caucaia e Altos, transitando entre as Série C e D do futebol brasileiro. Até que, em 2024, foi contratado pelo CSA, onde teve a chance de conhecer, agora realmente de perto, Coutinho.
Brayann contou como foi a “resenha” com o meia do Cruz-maltino e que contou a sua história ao craque, que se impressionou com o que escutou.
“Eu tive que perturbar um pouquinho (risos). Eu tinha pedido (a camisa) no primeiro jogo (das oitavas), ele já tinha trocado, ontem eu fui perturbar mais um pouquinho. Eles (Vasco) venceram, fizeram uma grande partida, fui conversar com ele, contei rápido que em 2019 estava assistindo ele, e ele perguntou ‘sério?’. Você começar tarde no futebol surpreende a qualquer um, comentei com ele. Ele me tratou super bem, até agradeço a ele pela forma que me tratou”, disse.
“Sempre estudo o Coutinho e outros da posição, e poder vê-lo de perto, você aprende mais. Você vê a agilidade no raciocínio, a inteligência, como ele se porta em campo, como se posiciona, foi um momento realmente ímpar na minha carreira, acompanhar, literalmente, de perto e aprender mais ainda com esse craque, camisa 10 nato. Felicidade da torcida do Vasco ter esse cara como camisa 10”, prosseguiu.
“Ele o Neymar são grandes referências para a juventude de hoje. São dois caras ídolos da nossa nação, é sempre bom estar acompanhando. Eu queria ter só 10% daquela chapada (risos)”, brincou, revelando qual será o destino da camisa de Coutinho.
“Vai para um quadro, não tem como. Vou eternizar na minha casa.”
Além da camisa do camisa 10 do Vasco, Brayann ainda ganhou a 3 de Tchê Tchê, que também deixou a sua marca no duelo vencido por 3 a 1.
“(Também) peguei (a camisa do Tchê Tchê), a família é vascaína, grande, muitos tios e primos. Ainda estou atrás de mais algumas para fazer a felicidade de todo mundo (risos). Meus tios estão me ligando demais, todos felizes, meus primos também. Estava todo mundo acompanhando, queria que estivessem acompanhando, mas infelizmente não conseguiram. Foi uma noite muito especial para mim e para toda a família.”
Por último, o meia ainda se declarou ao CSA e falou sobre a meta de conseguir o acesso à Série B com o clube de Maceió. Sobre o futuro, revelou que sonha em poder um dia jogar uma Série A.
“Hoje, o futebol é imenso, existem várias camadas, não é só Série A, as pessoas acabam não percebendo e entendendo, a dificuldade que é jogar uma Série D ou apenas um Estadual, que era a realidade que eu vinha vivendo. Fiz uma boa temporada no ano passado, apareceram algumas oportunidades e escolhi o CSA, que é uma camisa muito grande, muito pesada. Dei um salto na minha carreira, foi um clube que me identifiquei muito, estou aqui há pouco mais de um ano, a gente vem fazendo um bom ano”, disse.
“Eu sonho ainda mais, mas de momento é subir com o CSA, um clube que me recebeu muito bem, me abriu as portas. Eu tinha parado de sonhar e ver as coisas acontecendo, você volta a sonhar. Em uma noite como a de ontem, você vê que é possível, acaba acreditando. Agora o meu sonho é dar sequência ao trabalho, conseguir esse acesso, mas, quem sabe, logo, logo, jogar uma Série A”, finalizou.
Em 2025, Brayann entrou em campo 30 vezes pelo CSA e registrou seis gols e ainda nove assistências. Na Copa do Brasil, o meia balançou as redes em três oportunidades antes da queda nas oitavas para o Vasco.
Fone: ESPN