Há 25 anos Vasco dava chocolate e aplicava derrota histórica no Flamengo
Pedrinho, Romário e Eurico Miranda foram personagens marcantes daquele jogo onde o Vasco da Gama venceu o rival por 5x1.

“Eu dei os ovos de Páscoa para a torcida, e chocolate para eles”. Há 25 anos, uma frase de Eurico Miranda marcaria toda uma geração de vascaínos. Vasco e Flamengo se enfrentam neste sábado, às 18h30, no Maracanã, pela 5ª rodada do Brasileirão, em mais uma Semana Santa – esta é a décima vez que os clubes se encontram no feriado. O do ano 2000 ficou marcado.
O ano era 2000, e em um domingo de Páscoa, no dia 23 de abril, o Vasco encarava o Flamengo na disputa pela Taça Guanabara, no Maracanã. Sob o comando do técnico Abel Braga e com um elenco recheado de craques como Romário e Pedrinho, o time de São Januário goleou o rival por 5 a 1 e transformou aquele Clássico dos Milhões no clássico do “chocolate”.
O Rubro-Negro começou melhor. Com apenas seis minutos, Petkovic cruzou na área para Leandro Machado abrir o placar de cabeça. Mas parou por aí. Aos 14 minutos, Felipe aproveitou um rebote de chute de Viola para empatar a partida. A virada do Vasco veio com Romário, que fez valer a “lei do ex” ao reencontrar o antigo time pela primeira vez após quase 12 anos. No segundo tempo, o Baixinho ainda marcou mais dois e orquestrou a goleada. Pedrinho fez o último do jogo.
Amaral quase marcou o sexto. Ele arrancou sozinho e chutou por cobertura da meia-lua, mas a bola estourou no travessão. Com o resultado, o Vasco foi campeão invicto da Taça Guanabara com dez vitórias e um empate.
Embaixador do Chocolate
Camisa 10 do clássico, além de marcar o quinto gol do Vasco, Pedrinho também foi “garçom” do terceiro de Romário. Mais tarde, o ex-jogador classificou a partida como uma das melhores que fez em toda a sua carreira.
Mas o desempenho do meia não foi a única coisa que chamou atenção naquele jogo. Depois do gol, ele comemorou com o gesto de silêncio para a torcida rubro-negra. E, um minuto e meio depois, provocou o adversário ao fazer embaixadinhas próximo à risca do meio-campo. O gesto levou os vascaínos à loucura, mas gerou muita confusão.
Juan tentou um carrinho no meia do Vasco e levou um cartão amarelo. Fábio Baiano foi para cima de Pedrinho e foi expulso. Alex Oliveira, que entrou na briga para defender o camisa 10, também levou cartão vermelho direto. E até Abel Braga interveio para dar uma bronca nos jogadores.
Desde o primeiro tempo, a partida era marcada por faltas. Ao todo, o árbitro Ubiraci Damásio expulsou seis jogadores, três do Vasco (Viola aos 30′ do 1º, Odvan aos 26′ do 2º e Alex Oliveira aos 39′ do 2º) e três do Flamengo (Luiz Alberto aos 30′ do 1º, Beto aos 26′ do 2º e Fábio Baiano aos 39′ do 2º).
– Cada jogador que o Ubiraci expulsava, era menos um gol que o Vasco deixava de fazer. Se não era para terminar uns oito esse jogo – disse Eurico Miranda, na ocasião.
“Eu, eu, eu, o Eurico prometeu!”
O roteiro do clássico já parecia estar “escrito nas estrelas”. Antes da partida, Eurico Miranda, então vice-presidente do Vasco, distribuiu pequenos ovos de Páscoa para a torcida vascaína. Ao todo, foram 40 mil chocolates distribuídos. E não foi só isso. Em uma entrevista após o jogo, Eurico afirmou que já havia prometido o resultado também:
– Eu não esperava, eu prometi. Você não viu a arquibancada toda dizer que o Eurico prometeu? Eu prometi. Eu prometi dar ovos de Páscoa à torcida e chocolate ao Flamengo.
O amplo placar e os ovos de Páscoa distribuídos por Eurico fizeram com que aquele jogo ficasse conhecido, até os dias de hoje, como o “Clássico do Chocolate”. Com mais de 53 mil pessoas no Maracanã, e mesmo com o mando de campo do Flamengo, só se ouvia a torcida do Vasco no estádio. Além do grito do “eu, eu, eu, o Eurico prometeu”, um outro cântico dos vascaínos ficou marcado naquela Páscoa:
– Uh! É chocolate!
Você sabia?
O uso do termo “chocolate” no futebol surgiu justamente em uma partida do Vasco. Durante a goleada por 4 a 0 do clube de São Januário sobre o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro de 1981, o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, foi o primeiro a fazer uso da expressão.
Fã da música “El Bodeguero”, de King Cole, durante a transmissão da partida Apolinho começou a cantar o trecho que dizia “toma chocolate, paga lo que debes” (toma chocolate, paga o que deves). Logo, a expressão se popularizou no meio do futebol.
Fonte: Globo Esporte