Goleiro Tiago pensa em ser técnico

Ele se tornou uma espécie de auxiliar do técnico Paulo César Gusmão.


tiago no banco de reservas do vasco

Se o goleiro Fernando Prass, que atuou em todos os 34 jogos do Vasco neste Campeonato Brasileiro, não dá brecha, o reserva Tiago arrumou uma forma de dar sua contribuição. Muito respeitado e sempre elogiado dentro do grupo por causa de sua postura profissional, ele se tornou uma espécie de auxiliar do técnico Paulo César Gusmão. O jogador é quem fica com o rádio e faz a ponte de comunicação entre PC e o auxiliar oficial, Acácio.

Contra o Atlético-PR, o treinador estava suspens, e Tiago, desta vez, foi o encarregado de ficar em contato direto com PC. O mesmo pode acontecer novamente, já que o treinador ainda será julgado por causa da expulsão contra o Flamengo. Ele já havia sido punido com dois jogos, mas o departamento jurídico do clube conseguiu um efeito suspensivo. A nova audiência ainda não foi marcada.

– Já que eu não posso entrar em campo jogando, tento ajudar de alguma maneira meus companheiros. Independentemente do treinador, isto já vem de mim de passar alguma coisa que eu veja e ache que seja útil. Desde que o PC chegou, ele sempre deixa o celular comigo. O Acácio passa para mim e eu passo para ele, porque às vezes tem muito barulho e tensão. PC também discute algumas situações e eu procuro ajudar – disse o goleiro.

O “estágio” já fez Tiago, de 27 anos, pensar em se tornar treinador o dia que se aposentar. Mas isto ainda vai demorar, já que ele pretende ser goleiro por muitos anos ainda. Ele só não sabe se será na Colina, já que seu contrato acaba no fim desta temporada e, apesar do interesse dos dirigentes, sua permanência não é simples. Perto de tirar seu passaporte comunitário, a Europa pode ser um destino para o atleta.

Confira a entrevista completa com Tiago:

GLOBOESPORTE.COM: No campo, PC é conhecido pelo jeito enérgico como ele é pelo telefone durante o jogo?

Goleiro Tiago após treino em São Januário
(Foto: Fred Huber / Globoesporte.com)

TIAGO: Ele é um cara bem agitado. Contra o Atlético-PR, quando ele estava fora, eu fiquei com o rádio falando com ele e passando para o Acácio. Caramba, fiquei mais conversando do que assistindo ao jogo. Pedia para eu falar com o Acácio, depois direto com os jogadores. É bacana porque tenho bastante receptividade dos meus companheiros. Tenho liberdade com todos, todo mundo me respeita. Não adiantaria nada eu querer ajudar e criar algum problema, alguma intriga.

No clássico com o Flamengo, você chegou a deixar o banco algumas vezes para falar com PC perto da linha lateral do campo…

Lembro que o jogo estava ficando perigoso para nós depois que levamos o gol. Aí você vê alguma coisa que pode ajudar e tenta passar. Tendo esta liberdade que eu tenho com o PC, não vejo problema algum. Naquele jogo, o Felipe e o Zé Roberto já tinham saído e eles mesmo falavam algumas coisas para eu passar. Sabem que eu sou assim.

O PC já disse que aprendeu muito quando era reserva do Acácio e observava mais os jogos do banco do que dentro do campo. Você também pensa em ser técnico quando pendurar as luvas?

Não quero ficar muito tempo no banco (risos). Acho que nunca fiquei tanto tempo quanto estou agora no Vasco. Infelizmente são coisas que aconteceram, faz parte. Trabalhei com treinadores de ponta. Fiz minha base toda no Corinthians, onde fiquei até os 21. Depois, fui para a Portuguesa e posteriormente para o Vasco. Sei que dá para aproveitar um pouco de cada um. Fico vendo o jeito do Tite trabalhar, o Oswaldo de Oliveira é muito inteligente… Penso sim em ser treinador. Aprendi muito de parte tática com o Vagner Mancini. É um cara fantástico, muito inteligente, mas infelizmente não deu certo aqui no clube.

Então ser treinador seria um caminho natural para você…

Tiago (de azul) no banco ao lado de Nilson,
Jefferson Silva e Allan (Foto: Flickr do Vasco)

Acho que sim, mas já conversei com a minha esposa uma vez sobre isso e ela não gostou muito não (risos). Meu agente também fala que eu tenho que ir trabalhar com ele, que tenho o perfil para ser empresário. Mas não sei. Se for agente, vou ficar um pouco fora do dia a dia do futebol, mas vou ter mais vida. Essa é a diferença, tem a possibilidade de viajar no fim de semana, por exemplo. Vamos ver, tem muito tempo ainda. Estou com 27, tenho pelo mais 12 anos no gol ainda.

Seu contrato com o Vasco termina no fim desta temporada. Qual é o seu desejo? Renovar apesar da condição de reserva?

Meu empresário é quem fica à frente de todas as negociações e fico esperando ele resolver. Já tiveram duas reuniões. Conversamos logo na metade do ano com o Rodrigo Caetano e depois conversamos em setembro. Vamos ver, não sei o que vai acontecer. Falta um mês para o fim do campeonato.

Tem o sonho de atuar fora do país?

Meu passaporte italiano já está quase pronto, e isto ajuda muito. Vamos ver o que vai acontecer. Este último mês será decisivo.

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