Frederico Lopes detalha condições do gramado de São Januário

Frederico Lopes: – O Vasco trocou o gramado no começo do ano. Esse gramado novo, em alguns pontos, não está totalmente enraizado.

Aproveitando a discussão em torno das más condições do gramado do Engenhão, o que resultou no veto da CBF à utilização do estádio no Brasileirão até terça-feira, o LANCENET! preparou uma radiografia dos outros 16 palcos utilizados na elite do futebol nacional. Se alguns despertam preocupação semelhante a do estádio carioca, outros são exemplo de manutenção.

Em uma visão geral, o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio, entende que a questão deveria ser uma das prioridades na gestão do futebol.

– A gestão dos gramados é uma matéria importante e nós, estou me incluindo nisto, historicamente, não somos bons gestores – disse ao LNET!.

O levantamento mostra que quem se aproxima muito da situação do Engenhão é o Estádio dos Aflitos, no Recife, onde o Náutico manda seus jogos. O gramado tem sido alvo de reclamações dos visitantes, a cada vez que o Timbu manda jogos. E olha que o local não foi tão exigido assim em 2012: a bola rolou 19 vezes lá.

Vida muito mais intensa tem o Pacaembu. Com o Corinthians como principal usuário, o palco já foi usado 49 vezes neste ano, com direito a Copa São Paulo e futebol feminino. O gramado está suportando, mas a administração considera um número alto de exigência para apenas oito meses e por isso a manutenção tem sido tarefa árdua.

Só para se ter uma noção da pressão sobre o gramado do Pacaembu, 50 partidas é o limite considerado ideal pela administração do Pituaçu, em Salvador.

– É complicado manter um gramado que recebe mais de 50 jogos por ano. Infelizmente vamos passar disso, mas o trabalho tem sido redobrado – afirmou Hélio Ferraro, administrador do estádio, completando que jogos beneficentes e preliminares entram na conta.

Se o Botafogo argumenta que o gramado do Engenhão não aguenta a pressão porque Flamengo e Fluminense também usam o estádio, o estado do gramado do Serra Dourada, em Goiânia, mostra que é possível resolver a situação. Recebendo jogos de Atlético-GO, Goiás e Vila Nova – cada um em uma Série diferente –, é difícil ouvir reclamações sobre o estádio, que em 2011 também recebeu o amistoso da Seleção contra a Holanda.

Outro ponto que gera discussão é a utilização dos estádios para shows. Morumbi e Beira-Rio, assim como o Engenhão, receberam o cantor Roger Waters, em março. Mas o resultado da equação foi diferente. No Rio, gramado queimado por placas de aço. Em São Paulo e Porto Alegre, jogos sem reclamação.

– Uma equipe trabalha o dia todo no gramado. Isso faz com que o Morumbi tenha show e quatro dias depois esteja disponível. O cuidado é grande. Não que não haja em outros, como o Engenhão. Mas vários fatores nos favorecem – contou Roberto Natel, administrador do estádio.

ALÍVIO FUTURO NA COLINA

Solução imediata diante do veto ao Engenhão, São Januário não está com o gramado 100%. No entanto, a diretoria do Vasco já planejou medidas para a recuperação do estádio. A principal é fazer a maioria dos treinos no CFZ.

– O Vasco trocou o gramado no começo do ano. Esse gramado novo, em alguns pontos, não está totalmente enraizado. Queremos três dias de treino fora de São Januário – explicou Frederico Lopes, vice de patrimônio.

Apesar de o projeto estar na reta final, ele só se tornaria realidade no início de setembro.

Um dos afetados pela inutilização do Engenhão, o Fluminense está satisfeito com o “abrigo” encontrado no território rival.

– Com um pouco de conversa conseguimos nos resolver com o Vasco. Jogar lá vai ser bom. É um campo largo, grande. Estamos satisfeitos – disse o presidente Peter Siemsen, ressaltando que o clube já pensava em dar um alívio ao Engenhão, mandando jogos em Volta Redonda.

Bate-Bola
Virgílio Elísio – Diretor de Competições da CBF

Tem algum estádio que está perto da situação do Engenhão?
– Não vejo nenhum em particular da Série A para ser apontado com um caso crítico. Mas temos que melhorar nesse aspecto. Os jogadores deveriam exigir mais, para que haja um maior investimento no assunto.

Nem o estádio dos Aflitos?
– Não posso afirmar. Teria que estar lá. É claro que tenho relatos dos problemas, mas não ao ponto de suspender jogos.

Ficou assustado com o que viu no Engenhão?
– O problema lá é no projeto. O lado oeste não pega sol e a grama não cresce, apesar de não haver diferença no uso dos lados do campo. Mas o Botafogo fez um investimento alto para resolver.

Adiar jogos foi inevitável?
– Meu desejo à distância era manter os jogos e só depois interditar. Mas não fiz isso porque não tem outro estádio. Segunda-feira daremos solução para os jogos.

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