Felipe oscila, mas quase decide em oportunidade como maestro do Vasco
Felipe ostentou a braçadeira de capitão no Beira-Rio e finalmente atuou na sua posição preferida: a de maestro. Em boa parte do confronto, esteve discreto.
Camisa 6 da Colina, marca indelével na história do Vasco, Felipe não esconde a insatisfação com sua atual condição no clube. Desde o início do Campeonato Brasileiro, vinha sendo escalado na lateral esquerda, posição na qual conseguiu seu prestígio no futebol, mas que exige um fôlego já distante do que apresenta atualmente. No setor de criação, teve a sua segunda chance diante do Internacional, no sábado. Na primeira, contra o Atlético-GO, em São Januário, atuou ao lado de Juninho Pernambucano e Diego Souza. Não foi bem, como toda a equipe, o que ele mesmo reconheceu depois da partida.
Em função da suspensão de Juninho, Felipe ostentou a braçadeira de capitão no Beira-Rio e finalmente atuou na sua posição preferida: a de maestro. Em boa parte do confronto, esteve discreto. Por vezes recuou demais para buscar jogo e ajudar com a saída de bola. Apareceu, no entanto, em dois lances que poderiam ter sido capitais. A tabelinha com Carlos Alberto, que jogou a melhor chance do time por cima do travessão, e a cobrança de falta do bico da área que só não encobriu Muriel por um toque salvador com a ponta dos dedos.
A idade não inibe a qualidade. Sem o fôlego de outrora, Felipe mantém o alto índice de acerto nos passes: foram 38 certos em 42 tentativas. Na marcação, nunca se mostrou muito efetivo. A vocação sempre foi ofensiva. Contra o Internacional, foram três roubadas de bola. Parece pouco, mas o “rival” Juninho, volante de origem, na vitória sobre o Botafogo, na última quarta-feira, roubou apenas uma bola e efetuou um desarme. O quesito, portanto, não serviria a princípio para justificar a preferência de Cristóvão Borges pelo camisa 8 no setor de criação.
Seguindo com a comparação das atuações, ambos finalizaram uma vez nos respectivos duelos. O “Reizinho” se deu melhor com a assistência decisiva para o placar de 1 a 0 contra os alvinegros, mas Felipe poderia ter feito o mesmo, não fosse a conclusão sem direção de Carlos Alberto. A numeralha futebolística aponta para uma decisão por motivos técnicos do treinador cruz-maltino. Mas não somente isso. Vale lembrar que, ao contrário de Felipe, Juninho tem feito gols decisivos pelo Vasco, indo além das assistências. Outro dado é importante. Na única derrota do Vasco até o momento neste Brasileiro, para o Cruzeiro, Juninho não estava em campo.
Felipe quase decisivo no Beira Rio
A atuação de Felipe no primeiro tempo contra o Internacional deixou a desejar. Não só a dele, a do Vasco. Escalado na criação, viu seu time se retrair e passou a voltar ao campo de defesa para buscar jogo, já que a bola não chegava na frente. Nos primeiros 20 minutos, caiu bastante pelo lado esquerdo, embolando com Carlos Alberto que, embora mais centralizado, também fazia incursões naquele setor. Procurou ajudar na marcação, mais cercando do que mordendo, e tomou a iniciativa de capitão ao procurar, ainda que discretamente, orientar os companheiros e, nem tão discretamente assim, assumir a função de reclamar com o árbitro.
Na etapa final, tudo melhorou. Felipe passou a atuar mais centralizado, com Carlos Alberto e Éder Luís abertos nos flancos e Alecsandro na área. Aos 14 minutos, por pouco o camisa 6 não decidiu a partida, em bela cobrança de falta – também especialidade de Juninho. Procurou armar jogadas, mas a forte marcação do Inter impediu a maestria, a não ser em lances pontuais. No geral, foram muitos toques curtos e poucas tentativas de lançamentos ou passes mais incisivos. O grande lance ocorreu aos 38 minutos, quando o Vasco já jogava retraído esperando uma oportunidade de contra-ataque. Quando esta apareceu, uma bela tabela entre Felipe e Carlos Alberto acabou em frustração. De Felipe, de Carlos Alberto, de Cristóvão Borges.
– Foi a grande oportunidade. Em um jogo muito equilibrado, muito difícil, quando você tem a chance, tem de aproveitar. Aquele foi um bom momento no qual a gente poderia ter decidido. Uma pena não ter saído o gol.
Ao ser questionado especificamente sobre a atuação de Felipe, que ficou os 90 minutos em campo apesar de não ter atuado nos dois últimos jogos, o treinador procurou valorizar o jogador, talvez também preocupado em amenizar a insatisfação que Felipe não tem feito questão de esconder.
– Ele jogou o que a gente espera dele. O jogo exigiu bastante, ele sentiu dificuldade no final, pois estava há algum tempo sem jogar. Sentiu um pouco, a dinâmica foi muito forte, mas fez o que a gente esperava, organizou bem o jogo, fez uma grande partida.
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