Especialistas defendem mudança de horário em Flamengo x Vasco

Clássico dos Milhões entre Flamengo e Vasco da Gama, pelo Campeonato Carioca, teve o horário alterado de 16h30 para 17h30.

Payet em jogo contra o Flamengo no Maracanã
Payet em jogo contra o Flamengo no Maracanã (Foto: André Durão)

O Flamengo solicitou mudança do horário do clássico com o Vasco no próximo sábado (15) por conta do forte calor que atinge o Rio de Janeiro neste início do ano. Com a mudança de 16h30 para 21h45 confirmada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), abriu-se um debate: o quanto a temperatura influencia no desempenho dos atletas?

O Lance! procurou especialistas para tratar do assunto. A Dra. Flávia Magalhães, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, com passagens por Seleção Brasileira e clubes como Atlético e América, e Priscila Menon, especialista em fisioterapia esportiva, tiraram dúvidas acerta da temática.

O quanto o forte calor e o sol podem influenciar no desempenho dos atletas?
Segundo Flávia Magalhães, o aumento da temperatura influencia diretamente no desempenho dos jogadores. A doutora explica que o organismo utiliza de mecanismos fisiológicos para se manter saudável, o que pode gerar desde perda de fluidos até confusão mental, além de interferir nos movimentos técnicos e na força do atleta.

– Nós temos vários mecanismos fisiológicos para ajudar o corpo a manter a temperatura de forma saudável, a não ultrapassar os 35 °C, 36 °C e controlar o organismo. Para isso, passamos pelo suor e, altas temperaturas, ocorre uma maior transpiração. Se a umidade estiver alta, fica mais difícil eliminar o calor através do suor. E aí ocorre a perda de íons, sódio, potássio, e o organismo começa a apresentar alterações que demandam mais energia, ou seja, chega-se à exaustão mais rapidamente, porque o corpo tem que perder fluidos para resfriar a temperatura interna. Isso ocorre para não ter danos cardiológicos, musculares — comenta a médica, que seguiu:

– Além disso, a exposição excessiva ao sol altera a parte cognitiva do atleta. Ele vai ter confusões na atenção, na concentração, na capacidade de tomada de decisões. Além dos músculos, que estão em maior risco, porque o organismo prioriza outras áreas do corpo, como diminuir a circulação interna nos órgãos, o que acarreta desidratação. Ocorre também uma redução na capacidade do corpo em manter a força e a flexibilidade. Então tudo vai interferir no desempenho do atleta.

– Interfere no movimento técnico, na performance (velocidade, força), gera fadiga precoce, cãibras, mal-estar. E, caso chegue a uma temperatura extrema (39°/40°), existe a confusão mental, algo que pode ser percebido também em maratonas, por exemplo, e acontece também no futebol. Por isso, é fundamental resfriar o corpo do atleta rapidamente, para não chegar ao ponto crítico, que pode acarretar também em danos neurológicos — completa Flávia Magalhães.

Por sua vez, Priscila Menon diz que as condições demandam adaptação. A especialista da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (Sonafe) compara o forte calor do Rio de Janeiro – esperado para a tarde de sábado (15), dia do clássico entre Flamengo e Vasco – com as grandes altitudes.

– Sabe-se que quanto maior a temperatura do ambiente, maior a desidratação do corpo, portanto, maior é o desgaste físico. Além disso, o corpo é adaptável a quaisquer condições, desde que treinado para isso. Se esse contexto de temperatura e emissão solar não é o habitual, ou seja, não são condições em que os jogadores estão adaptados a treinar e jogar, de fato promoverá um desgaste muito maior influenciando diretamente na performance — inicia Priscila.

– Quando existe uma previsão disso se tornar o habitual, é necessário promover um período de adaptação, para que os jogadores sejam expostos gradualmente a essa nova condição, para que o condicionamento seja trabalhado de forma que a performance se mantenha em alto nível. É o que acontece, por exemplo, em casos de jogos em grandes altitudes. É preciso um período de exposição antes dos jogos, para que o corpo dos atletas se adapte e consiga performar. Além do preparo físico para isso, é imprescindível alinhamento em relação à alimentação, suplementação, hidratação e reposição de eletrólitos antes, durante e depois das partidas — conclui a especialista.

O que muda de uma partida à tarde para a noite?

A mudança de horário do clássico entre Flamengo e Vasco – das 16h30 para as 21h45 – gerou debate na última semana. Contudo, a Dra. Flávia Magalhães defende o pedido do Rubro-Negro e apoia a decisão da Ferj de realizar o jogo à noite, explicando ainda que as organizações têm de assumir responsabilidade pelas condições das partidas.

– Janeiro é um mês de muita umidade e calor intenso, a escolha por certos horários gera riscos para os atletas e uma sobrecarga. Então, a CBF, por exemplo, utiliza um aparelho para medir temperatura, umidade, radiação, e existe um critério onde 28 °C é o limite que exige uma parada de reidratação para tentar minimizar os efeitos. E, ao chegar em 30 °C, o jogo deve ser parado. Lembrando que esse aparelho é mais completo e a temperatura que ele apresenta é diferente da que vemos em termômetros normais, porque ele leva em conta outras variáveis.

– Atletas que atuam nessas condições, de alto calor, têm um tempo de recuperação maior, ficam mais fadigados, têm desgaste maior. Por isso, é recomendado a mudança de horário, porque é benéfica para todos, tanto para os espectadores quanto para os atletas, que trazem a performance para as partidas. É importante realizar esses ajustes para evitar grandes riscos, especialmente nesse período do ano.

– As organizações têm controle do calendário, é importante que se consiga administrar isso junto aos meios de mídia para que seja tudo preservado. É mais importante fazer um espetáculo com mais segurança e em horário mais compatível nesse período do ano. É legítima essa preocupação e esse pedido do Flamengo. Vamos privilegiar sempre o jogo e cuidar dos atletas, que são o patrimônio — explica a médica ex-Seleção Brasileira.

Há diferença significativa no gramado durante à tarde para a noite?

Além da preservação dos atletas, um dos argumentos – e reclamações – do Flamengo foi o gramado “duro” do Maracanã. No último sábado (8), o estado do campo foi criticado por ambas equipes após o Fla-Flu, realizado às 16h30. Sobre possível melhora nas condições da grama à noite, a Dra. Flávia Magalhães concorda que o novo horário evita o “estresse térmico”.

– Como há alterações fisiológicas durante o dia e noite para o corpo, também teremos alterações no gramado. A redução da temperatura à noite pode deixar o gramado mais macio e menos sujeito ao estresse térmico, proporcionando uma superfície mais confortável para os jogadores e melhor controle da bola. Já o orvalho e a umidade podem tornar o campo mais escorregadio. Embora os estádios modernos tenham excelente iluminação, a visibilidade à noite não é a mesma do dia, o que pode afetar a percepção de distância e o tempo de reação dos jogadores — diz Flávia Magalhães.

Nesta quinta-feira (13), será realizada reunião na Ferj para discutir as condições e propor melhorias aos gramados do Campeonato Carioca. Além disso, a bola utilizada na competição, também alvo de críticas, será tema do encontro na federação. Flamengo e Vasco se enfrentam em novo horário, às 21h45 do próximo sábado (15), pela 10ª rodada do estadual.

Fonte: Lance!

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1 comentário
  • Responder

    Quanto papo furado, porquê não tem uma pesquisa sobre os torcedores voltando pra casa a meia noite até às duas horas da madrugada, colocando suas vidas em risco. Mudança de horário pro flamengo descansar mais um pouco antes de enfrentar o Vasco.

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