Entrevista coletiva de Diogo Siston após o jogo contra a Portuguesa-RJ

O técnico Diogo Siston analisou a atuação do Vasco da Gama na derrota contra a Portuguesa-RJ e cobra reação do time.

Diogo Siston durante entrevista após Vasco 0 x 1 Portuguesa
Diogo Siston durante entrevista após Vasco 0 x 1 Portuguesa (Foto: Reprodução/Vasco TV)

A estreia com derrota no Campeonato Carioca não estava nos planos de Diogo Siston. Técnico com títulos no sub-20 na temporada de 2020, o ex-jogador do Vasco comandou o time recheado de garotos contra a Portuguesa – gol de Dilsinho, no primeiro tempo, na partida válida pela primeira rodada em São Januário. No sábado, o time enfrenta o Volta Redonda, às 21h05, no estádio Raulino de Oliveira.

Para Siston, a inexperiência da equipe pesou. O treinador lembrou que a Portuguesa tem série de jogadores mais velhos. Mas não tirou a responsabilidade da sua equipe, que deve ter formação bem parecida para a segunda partida.

– Esses jogadores da Portuguesa, muitos deles, têm anos e anos de Carioca no profissional. Lógico que isso faz diferença. Eles fizeram o gol e souberam aproveitar. O gol saiu de uma bola parada que bate no Juninho e entra. A partir daí começaram um jogo reativo, tiveram algumas chances que criaram com transição e souberam dar uma amornada no jogo com uma queda ou outra. Isso faz parte da maturidade. É um jogo de jogadores profissionais. Mas quando estamos no Vasco sabe-se que tem jogar para ganhar. Tem que jogar para vencer com 10 ou 30 anos. Independentemente da equipe que entra – disse o treinador do Vasco.

O novo técnico, Marcelo Cabo, assistiu a partida na tribuna do estádio. Antes da partida, ele passou no hotel e conversou com Siston e com os jogadores.

– Ele passou algumas coisas já. Vai ser legal trabalhar com ele, vai olhar para a base, vai ter maior interação entre profissional e base. A gente tem boa expectativa para o futuro – comentou Siston.

Com discurso firme, o jovem treinador do sub-20, que pertenceu à geração vitoriosa vascaína no fim dos anos 1990, lembrou que a cobrança vai ser natural no Vasco. Mas que a resposta tem que vir dentro de campo. Dele e dos jogadores formados no clube, que têm identificação com o Vasco.

– A gente tem que suportar essas cobranças, estamos num clube gigante que tem passado por sufoco nos últimos anos. O torcedor tem toda a razão de chiar. Ele que faz o clube ser grande ou não. A gente tem que saber lidar com a pressão. Quando você entra no Vasco, tem que buscar as vitórias. Clube grande se faz assim, quando não consegue a vitória vai para casa e fica chateado. Essa identificação que eu e jogadores temos não é forçada. Tentamos fazer o melhor sempre para colocar o Vasco no lugar que ele merece – disse o jovem treinador.

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Mudanças no segundo tempo e início com Vinícius, Tiago Reis e Lucas Santos

– Primeiro a gente pegou mais ou menos quatro ou cinco dias de um trabalho efetivo. Cheguei com alguns jogadores que já estavam no profissional. Demos a oportunidade para eles, e Lucas, Tiago e Vinícius, que foram substituídos no intervalo, tiveram bom rendimento no treinamento. Então me deu confiança para iniciar daquela forma, mas vendo que nós tivemos bastante erros técnicos e que a gente precisa fazer alguma coisa de diferente, resolvi fazer essas três substituições.

– E principalmente o que fizemos ofensiva foi ter uma alternância de referências. Tínhamos um nove-nove como referência, e adiantei um pouco o Juninho. Aí ficaram Juninho e o Laranjeira, que sabe fazer muito bem essa função. Ele vinha fazendo isso no sub-20, saindo da profundidade para receber entre as linhas. Acho que isso causou um pouco de dúvida na defesa adversária, e o time começou a crescer.

– Na verdade, tivemos algumas chances no início dessa segunda parte e não soubemos concluir, mas foi uma resposta positiva no segundo tempo e quase conseguimos concluir em gol para tentar a reversão do placar, o que acho que, pelo segundo tempo, seria mais merecido.

Conversa com Marcelo Cabo

– Hoje foi o primeiro contato pessoal no Vasco, já o conhecia. Ele tem esse perfil de trabalhar com a base, a primeira conversa foi muito proveitosa. Ele está olhando sim, nos deu apoio para fazer com que a transição da base para o profissional seja a melhor possível. E que esses jogadores que venham a subir possam dar o retorno técnico que o clube precisa.

Falta de entrosamento?

– O entrosamento com a equipe treinando diariamente é maior, mas temos um modelo na base que é respeitado em todas as categorias, e isso facilita na transição. Tivemos nove a 10 jogadores que já estavam no profissional, mas alguns deles, como Caio, Vinícius, Pec, Miranda, desceram recentemente para alguns jogos. O que a gente tentou implementar hoje foi o modelo da base porque eles estavam acostumados.

– Lógico que essa perda de contato por algum tempo pode sim causar um certo desentrosamento, mas temos algumas gerações que vêm jogando dessa forma desde 2018. Dificulta um pouco o período longe, mas nada que fosse fundamental para o resultado da partida.

Estreias

Matías, Arthur, João Pedro, Laranjeira… Todos jogadores que estrearam sem exceção tiveram uma boa estreia se você analisar individualmente. Quando se estreia pelo Vasco, você sempre espera vitória. Não conquistamos isso, mas individualmente se você analisar tudo aquilo que envolve a estreia no profissional…

Na minha estreia, foi num Rio-São Paulo, num Vasco e Corinthians. Tinha Jorginho, Romário… Enfim, jogadores desse porte e que davam, sim, uma sustentação maior.

Talvez essa imaturidade interfira nas jogadas, no entendimento de jogo. O jogo no profissional é mais puxado, mas individualmente a estreia deles foi positiva.

Tiago Reis, Lucas Santos e Vinícius

Os três iniciaram o jogo porque tiveram bom rendimento nos treinamentos. Cheguei e olhei no primeiro dia os jogadores muito machucados pela falta de confiança e pela situação do rebaixamento. Mas eles evoluíram durante esses dias de treinamentos. Acho que foi mais a situação de dar oportunidade.

Vinícius, por exemplo, desceu, jogou a final da Supercopa sub-20, fez um bonito gol dando caneta, bem na característica dele, mas hoje tecnicamente não esteve bem. Mas a gente não pode marcar um X e dizer que ele não presta, que não é um bom jogador.

A gente precisa ter calma e paciência. Lógico que alguns jogadores que receberam mais oportunidades já vão criando certa impaciência por parte principalmente externa, mas aquilo que eles renderam no treinamento é evolução.

Falei antes do jogo que o Lucas Santos foi destaque no treino da antevéspera, e isso me deu confiança para colocá-lo. Agora no próximo jogo vamos ter que analisar.

Qual a importância da base nesse momento?

– A base é, como o nome diz, é a base. A base da pirâmide. Esses jogadores são muito identificados com o Vasco, entendem a grandeza do clube. A geração que jogou hoje vem desde 2018 chegando na maioria dos campeonatos. Quando não bateu final, foi semifinal. Eu sinto, por exemplo, algumas respostas individuais foram positivas. No segundo tempo, o time merecia o resultado melhor. Mas não é suficiente. Porque o Vasco é sinônimo de vitória. O Vasco não à toa começa com v de vitória. Eu fui criado aqui. Mas são jogadores jovens e estão em transição. Vivemos isso para que essa ida ao profissional seja mais suave e que eles possam ajudar. Temos de formar jogadores, mas formar jogadores vitoriosos.

O que tira de positivo?

– A gente tem duas situações: ficar lamentando a derrota, que a gente tem que ficar lamentando sim porque somos Vasco. Temos que viver esse luto de derrota, sou competidor desde os 8 anos de idade e não gosto. Mas a volta por cima tem começar a ser dada no treino de amanhã com o jogo contra o Volta Redonda.

Assim como o treino de véspera me deu respostas para escalar o time, o jogo de hoje também me deu respostas.

Lado psicológico da garotada com o rebaixamento

– A gente como Vasco vem vivendo anos que eu não passei. Vivi um Vasco vitorioso e que chegava em todas as competições como favorito. E essas situações recentes que aconteceram recentemente no profissional realmente traz uma carga para a base, mas nós procuramos blindá-los.

Posso falar com conhecimento de causa sobre o nosso setor de psicologia, que funciona muito no Vasco. Perdi meu pai aos 12 anos. Naquele tempo já existia o setor de psicologia, que me deu muito apoio. Eu senti muito, era muito agarrado ao meu pai. Esses jogadores são, sim, assistidos em todos os departamentos: imprensa, fisiologia… Em todos, vou acabar sendo injusto.

Sou formado em educação física e estudamos um pouco também de psicologia. É preciso ter cuidado quando um jogador não for bem e não marcar um X para não dizer que o jogador não presta. Nosso trabalho é botar na cabeça desses jogadores que nós trabalhamos, e eles jogam num clube vencedor.

Mais sobre Lucas Santos

– Desde que ele subiu para o profissional, eu não trabalho com ele. Vi um jogador com qualidade técnica, que bate bem na bola… Que aí eu chego agora e vejo um jogador um pouco sem confiança. Foi evoluindo, evoluindo até a antevéspera do jogo. A torcida é o termômetro do clube, é ela que faz o clube ser gigante.

Sofrimento como torcedor do Vasco que Siston é

– A gente não pode achar que a opinião da torcida não vale. A torcida está machucada, assim como os profissionais que vivem no Vasco ficam machucados. Fomos campeões da Supercopa do Brasil Sub-20, houve um momento de euforia, a gente sabe o quanto é difícil ser campeão, mas logo depois me caiu a ficha porque também senti o que aconteceu com o clube no domingo (rebaixamento).

Vim para o Vasco com 9 anos para o futsal e eu tinha outras opções de clubes. Vim para o Vasco por escolha, por ser Vasco. Entendo o lado da torcida. A torcida acaba sendo impaciente porque ela quer voltar a ver o verdadeiro do Vasco.

E eu tenho certeza que essa diretoria vai fazer um resgate com o apoio da torcida. Eu encaro a crítica da torcida como algo para melhorar o meu trabalho. Vivi isso como jogador, eu era uma esperança, e a torcida esperava mais de mim. Então entendo isso perfeitamente, é algo que vem para somar ao meu trabalho.

MT na lateral esquerda

MT em 2019 jogou de lateral-esquerdo com o Marcos Valadares, eu era auxiliar dele. E eu vi o MT jogar como lateral quando o sub-20 perdeu Alexandre Melo e o Coutinho, que eram os jogadores da posição.

Fonte: Globo Esporte

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