Entenda os detalhes que cercam a possível venda de Marrony ao Atlético-MG

Entenda os fatores que cercam o interesse do Atlético-MG e a possibilidade de venda de Marrony pelo Vasco da Gama.

O desejo antigo do técnico Jorge Sampaolli foi oficializado nesta quinta-feira (04). A pedido do argentino, o Atlético-MG fez uma proposta ao Vasco para ter o atacante Marrony, como informou o Globoesporte.com e a notícia foi confirmada por mim. Segundo o repórter Cláudio Rezende, da rádio mineira Itatiaia, Alexandre Mattos formalizou uma proposta de 3 milhões de euros (R$ 17,4 milhões na cotação de hoje) pelos 70% dos direitos econômicos do ponta.

Em outros tempos seria impensável o Gigante da Colina vender um atleta formado na base do clube para um rival brasileiro. Marrony tem 21 anos e é sondado por clubes da Europa desde que subiu para os profissionais. Recebeu até ofertas de Palmeiras e Athletico-PR no começo de 2020 – ambas negadas. Então o que mudou de lá para cá, tanto para o atacante quanto para o Gigante da Colina, para que a investida do Atlético-MG tenha chegado com tanta força? A coluna conversou com pessoas ligadas à negociação e elenca os motivos.

SALÁRIOS, EVOLUÇÃO COMO ATLETA E PLANO DE CARREIRA

Muita coisa pesa. A começar pelo atleta. Grato ao Vasco por ter se formado não só jogador, mas cidadão, Marrony se tornou um jogador importante para todos os técnicos que treinaram o time desde que ele ingressou na equipe principal. O contrato renovado ainda no começo de 2019, quando estava em plena ascensão, vai até o final de 2023 e tem uma multa de 35 milhões de euros. Mostra o quanto as duas partes estavam felizes e ainhadas. Não é mais assim.

Afinal, Marrony não recebeu nenhum salário em 2020. São cinco meses. Para piorar, a outra parte que completa os valores devidos ao atleta são os direitos de imagem, que chegam a gritantes nove meses de atraso. Qual jogador, ainda mais com o potencial do garoto, estaria feliz numa situação como essa?

No começo de 2020, quando recebeu as propostas de Palmeiras e Athletico-PR, manteve sua fidelidade ao Vasco e segue com o mesmo pensamento hoje: só sai se a proposta for boa para os dois lados e jamais pensou em colocar o clube na Justiça, mesmo já estando respaldado por lei. Porém é inegável que jogar por equipes que disputam títulos, pagam em dia e têm condições melhores para a carreira do atleta são fatos muito atraentes.

Não é diferente com o Atlético-MG, que não vive grande fase, mas agora tem um trunfo que mexe com Marrony: Jorge Sampaoli. A possibilidade de ser treinado pelo argentino vencedor, com experiência e prestígio internacional, além de vasto conhecimento tático, enche os olhos do garoto de 21 anos e também de seus representantes no que diz respeito ao futuro do atacante.

E A BALANÇA DO VASCO?

A crise financeira, que vem muito antes da pandemia e foi piorada pela COVID-19, faz o Vasco olhar a proposta com carinho e atenção. Sem vendas de atletas em 2019, o clube prioriza uma negociação em dinheiro para, é claro, conseguir sanar as dívidas milionárias com seus jogadores e funcionários. Só a folha salarial gira em torno de R$ 4 milhões e, como dito, a maioria dos atletas (exceto os que ganham até R$ 50 mil, que receberam o mês de janeiro) não ganharam nada em 2020. Assim como Marrony, outros cinco atletas não são pagos referente aos direitos de imagem desde agosto.

No começo do ano, a proposta do Palmeiras envolvia troca de jogadores ou empréstimos com os salários pagos pelo time paulista para que Marrony fosse a São Paulo. Negada. Depois o Athletico-PR ofereceu algo em torno de R$ 12 milhões para ter 50% dos direitos econômicos do atacante. Nada feito. Mas o momento era totalmente outro. Não existia pandemia e o Cruz-Maltino ainda contava com premiações das Copas do Brasil e Sul-Americana, renda de jogos, cotas de TV do Estadual e do Brasileiro. Receitas que, hoje, não têm previsão.

As únicas receitas que o clube deve receber em um futuro próximo vai ser uma parte da cota de TV do Estadual, o que é pouco diante das dívidas atuais, e a das renovações do programa de sócios-torcedores. Enquanto isso o tempo vai passando e as dívidas aumentando.

O fato é que tanto para Marrony quanto para o Vasco, a proposta é atraente, principalmente pelo cenário atual e pelos fatores que pesam demais na tomada de decisão. Sem poder de barganha, caso a proposta seja aceita, é extremamente diífcil imaginar que o Gigante da Colina consiga vender o atacante por mais de R$ 25 milhões. Não se espantem. Essa é a realidade.

Bolavip

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