Entenda a mudança que Barbieri fez no meio-campo do Vasco contra o Flamengo

Maurício Barbieri escalou perfeitamente o meio-campo do Vasco e conseguiu trava o Flamengo no clássico deste domingo.

Andrey Santos em jogo contra o Flamengo
Andrey Santos em jogo contra o Flamengo (Foto: Daniel Ramalho/Vasco)

Quem nunca ouviu que “clássico não se joga, se ganha”? O Vasco fez valer essa máxima e venceu o Flamengo, por 1 a 0, num jogo em que competiu, lutou e mostrou postura que anima para a o resto da temporada.

Do ponto de vista do desempenho, nenhuma das equipes fez um jogo perfeito ou ruim.

O Rubro-Negro finalizou 28 vezes ao gol e conseguiu uma bola na trave. Faltou qualidade nas finalizações (foram muitas fora da área, sem mira) e mais criatividade com a bola. Já o Vasco se viu sem o controle da partida nos minutos iniciais, mas se e equilibrou o jogo no segundo tempo, quando teve até pênalti perdido.

O que ficou do clássico foi a consistência do Vasco, especialmente no meio de campo. O treinador Maurício Barbieri mudou o time e lançou Andrey Santos ao lado de Rodrigo e Jair. Num primeiro olhar, pode parecer uma estratégia defensiva, com três volantes.

Mas o que o Vasco queria era tirar o que o rival tem de melhor: o jogo pelo meio, passando pelos meio-campistas criativos como Éverton, e explorar o principal ponto negativo do trabalho de Vítor Pereira: o momento em que o Fla precisa se defender. Deu certo: com 36% de posse, o Vasco igualou o jogo em chances e fez o Flamengo chutar mal ao gol.

“Começamos com um adversário que jogou a gente para trás, tivemos dificuldade na marcação. Demoramos para entender um pouco o jogo, mas tem a ver com isso. Nunca jogamos sozinhos, sempre tem as dinâmicas do jogo, o que o adversário faz. Aos poucos fomos encontrando maneiras para sair, primeiro em transições e depois trabalhando a bola. Não rivalizamos em posse e sim em oportunidades”, — Mauricio Barbieri explicou a atuação do Vasco.

Em números, o Vasco jogou num 4-3-3: Andrey Santos entrou ao lado de Rodrigo e Jair. Rodrigo foi o primeiro volante, com Andrey no lado esquerdo e Jair pela direita. Alex Teixeira e Pec ficaram mais à frente, junto a Pedro Raul.

Mas nos movimentos em campo, alguns detalhes se sobressaíram:

Os papéis de Lucas Piton e Pec para anular os lados do Flamengo

Lucas Piton teve um papel fundamental na esquerda: marcava Varela, lateral-direito do Flamengo. Ele fazia o movimento de “saltar” da linha defensiva para ir até o meio e cercar o lateral. Esse comportamento tinha o objetivo de deixar Andrey Santos, destaque do clássico, mais centralizado para anular Éverton Ribeiro.

Piton marcando Varela no clássico (Foto: Reprodução)

O Flamengo de Vítor Pereira joga com os laterais extremamente avançados e Arrascaeta mais próximo do ataque. Com a entrada de Gérson, o meio ficou mais fortalecido, e a dobradinha entre Andrey e Piton foi importante para anular as entradas do Flamengo no ataque pela direita: foi o setor mais procurado no primeiro tempo, sem efetividade.

Apesar de jogarem na mesma faixa de campo, Alex e Pec tiveram papéis diferentes. O primeiro ficava mais próximo de Pedro Raul. Já Pec retornava pelo lado direito para proteger Puma Rodriguez. Isso porque o lado esquerdo do Flamengo tinha Thiago Maia começando as jogadas como zagueiro, o que empurrava Ayrton Lucas para perto da linha de fundo.

Gabriel Pec protegendo Puma contra o Flamengo (Foto: Reprodução)

Mobilidade no meio-campo vascaíno

Com Gérson, Arrascaeta, Vidal e Éverton Ribeiro se movimentando livres no meio, a trinca de volantes do Vasco teve que se adaptar. Ao invés de se manter num trio, os três volantes invertiam seus posicionamentos toda hora e buscavam anular o homem com a bola e as opções de passe do Flamengo. Uma estratégia de encaixes no setor da bola.

Um exemplo está na imagem abaixo: Rodrigo, o primeiro volante, faz o movimento de saltar para marcar o adversário com a bola, que é Éverton Ribeiro.

Os companheiros se dividem e correm para anular quem se apresenta como opção de passe: Andrey fica com Arrascaeta, Pec com Ayrton e Jair com Thiago Maia. Vidal passa nas costas de Pedro Raul, e na sequência do lance, Alex Teixeira corre para anular ele.

Com o passe marcado, o Flamengo teve muito a bola (64% de posse no jogo), mas entrou pouco no ataque. Foi aquela posse sem sentido, “em U”, de um lado para o outro. A mobilidade do meio do Vasco foi rápida e inteligente para marcar também a entrada de Éverton Cebolinha, com Nenê e Marlon fazendo os mesmos papéis de Alex e Rodrigo.

Não foi um jogo perfeito de nenhum dos lados. Foi um clássico, pegado, com poucas oportunidades.

Melhor para o Vasco, que teve um trabalho sólido no meio, aproveitou melhor as chances e mostrou que o trabalho de reconstrução conduzido por Abel Braga como diretor e Maurício Barbieri como treinador pode dar frutos melhores do que o clube viveu nos últimos anos.

Fonte: Globo Esporte

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