Empurrado pela torcida, Vasco esbarra em limites e evidencia reconstrução

Vasco da Gama conseguiu chegar a final da Copa do Brasil, voltando a frequentar uma final nacional após 14 anos. 

Torcida do Vasco em jogo contra o Fluminense no Maracanã
Torcida do Vasco em jogo contra o Fluminense no Maracanã (Foto: André Durão)

Ocasiões como a que viveu o Vasco neste domingo, no Maracanã, não são eventos inesperados para clubes que vivem trajetórias recentes tão sofridas, marcados por resultados que os distanciam de sua história, do peso de sua camisa, da expectativa que despertam. De repente, quando se apresenta a oportunidade de oferecer o reencontro a seu torcedor, capaz de tomar o estádio e lembrar a todos o tamanho deste clube, é como se os 14 anos sem um título além dos limites cariocas moldassem todo o ambiente.

Não é dizer que o Vasco perdeu por ter sentido a pressão: em campo estavam dois times iguais e a verdade é que, após 180 minutos mal jogados, a taça poderia pender para qualquer dos lados.

Mas o Maracanã do último domingo era um estádio tomado não só de gente, mas de ansiedade pela jornada mais significativa do Vasco nos últimos anos. E o campo, onde pisaram dois times que jamais foram sólidos, confiáveis neste 2025, acabou lembrando que o Vasco tem um caminho a percorrer para que ocasiões como aquela se tornem mais frequentes. Se conseguir se equilibrar economicamente, ampliar a competitividade, a presença em finais será mais recorrente. E, em algum momento, a sorte irá sorrir.

Havia talentos no campo do Maracanã, mas também times com imensos problemas — o Corinthians foi o 13º e o Vasco, o 14º no Brasileirão, com a terceira pior defesa. O jogo foi mais brigado do que jogado, com raras chances trabalhadas. E o antijogo foi farto. Como foi o Corinthians quem esteve em vantagem na maior parte do tempo, foi quem tentou impedir que houvesse muito futebol. O jogo durou 101 minutos, mas a bola só rolou por 51. Um fracasso do futebol.

Ao Vasco, faltaram argumentos que fossem além da força de Andrés Gómez, Rayan e Paulo Henrique em arrancadas. Fernando Diniz, que melhorou o time em seus sete meses de trabalho, ainda não construiu algo tão envolvente com bola como em outros trabalhos. E, sem ela, o cruz-maltino tem imensos problemas para defender os passes em profundidade.

De novo, apostou em Nuno e Coutinho muito perto da saída de bola, mas isso não gerava vantagem para os homens de frente arrancarem. A formação corintiana com três volantes, mais o ótimo Breno Bidon, tapava os espaços.

Já o Corinthians, com Raniele na saída de bola, atraía a marcação de Nuno e gerava dificuldades para o meio-campo do Vasco encaixar a pressão. Este desequilíbrio deu espaço a Matheuzinho, autor do passe para o gol de Yuri Alberto: falhou Cuesta e ficou indeciso Léo Jardim. Num lance similar, Yuri quase fez outro.

O Vasco até teve mais volume após o gol, mas foi uma bola recuperada que permitiu a Coutinho interferir no jogo mais perto da área rival: ele acionou Andrés Gomez, que deu ótimo cruzamento para o gol de Nuno. O Maracanã viveu uma catarse, como se a virada fosse questão de tempo.

Veio a segunda etapa e é curioso como o Corinthians chegou ao gol da vitória sem produzir praticamente nada além deste lance. O talento de Breno Bidon, com um drible desconcertante em Barros, clareou a jogada do gol de Memphis. O Vasco era o time mais corajoso, disposto a atacar, mas muito dependente de acionar Andrés e Paulo Henrique pelos lados. O time não criou situações para Rayan desequilibrar.

Diniz foi acrescentando atacantes e, num jogo entre dois times imperfeitos, o volume quase bastou para o empate. No fim, um Maracanã abarrotado de gente e tristeza aplaudiu os jogadores, em mais um bonito gesto do torcedor, o que de melhor o Vasco tem tido nos últimos anos. Se o clube de fato avançar numa real reconstrução, jornadas como a de domingo vão se repetir. Em algum momento, o final será feliz. No Maracanã lotado, o Vasco viu sua gente fazer um espetáculo do seu real tamanho. Mas o campo mostrou que, para reencontrar as grandes conquistas, ainda há um caminho a trilhar.

Fonte: O Globo

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